Mercado edtech vive momento de aceleração

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Entenda como está o segmento edtech, um dos mais em alta e cheio de oportunidades quando o assunto são startups.

Em 2020, existiam no Brasil 566 edtechs, analisadas na terceira edição do Mapeamento Edtech 2020 da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Desde então, outras startups foram criadas e chamam a atenção de investidores.  

Já percebeu que o setor está em alta, não é? Pensando nisso, para falar sobre tendências nesta área conversamos com Milena Oliveira, partner e co-founder da Volpe Capital, gestora de venture capital que também está de olho nas edtechs. A expansão é tão grande que oportunidades não param de pipocar pelo Brasil. A gente te conta mais sobre isso aqui.

A educação remota decolou 

Com a pandemia, grande parte das pessoas precisou migrar o que fazia para o digital. Por um lado, isso foi bom porque, no caso do setor de educação, algumas barreiras foram quebradas, como a geográfica. Mais do que nunca, qualquer pessoa pode estudar de qualquer lugar, desde que tenha um computador, smartphone e, o principal, acesso à internet. 

A Volpe Capital, por exemplo, investiu na UOL Edtech, subsidiária do Grupo UOL que digitaliza cursos de faculdades renomadas, permitindo uma experiencia remota e assíncrona aos seus alunos. “A solução digital que a UOL Edtech oferece é única. É impressionante o spread geográfico que as faculdades tiveram depois que passaram a adotar a solução.”, comenda Milena. Com uma maior democratização do ensino a distância, as instituições de ensino superior conseguem ter um alcance geográfico maior, impactando pessoas que antes provavelmente não estudariam nelas, principalmente pela distância.

Mas a democratização completa da educação remota ainda esbarra em alguns problemas, como a infraestrutura e a metodologia de ensino. Um investimento melhor nas redes de conexão permitirá que o acesso ao ensino online seja realidade em todo o País. “Para ter um EaD que funcione é necessária uma capacidade instalada, tanto no mobile quanto no desktop, e uma adaptação à metodologia de ensino. São necessárias ferramentas e métodos diferentes para ensinar um aluno à distância”, de acordo com Milena. 

Outro grande impulsionador do setor é a educação assíncrona. O nome parece estranho, mas você deve ter uma ideia do que se trata: é quando estudar é possível em qualquer tempo, diferente do que era feito no ensino presencial. Essa realidade, aliás, também é mais inclusiva. 

Mulher sentada na frente do computador em reunião
A pandemia oportunizou a aceleração da digitalização do ensino em instituições de ensino tradicionais. (Fonte: DCStudio/Freepik/Reprodução)

EdTech Brasil: quais os principais desafios

Como falamos, os principais gaps a serem resolvidos são o investimento em infraestrutura e a adaptação da metodologia de ensino. Parece que estamos “batendo na mesma tecla”, mas os especialistas dizem que, sem resolver isso antes, nenhuma edtech terá sucesso em suas entregas. 

“Não é possível falar em expansão do EaD sem investir em uma boa internet, especialmente para os níveis de educação básica. Estudos recentes mostram que 3 a cada 5 crianças perderam o ano letivo em razão da pandemia, e a falta de infraestrutura certamente foi um dos principais fatores.”, é o que disse Oliveira. Inclusive, a expansão do EaD está a todo vapor, dá uma olhadinha aqui.

O desenvolvimento de uma nova metodologia, aliada à experiência do usuário, também são desafios enfrentados pelas instituições de ensino que tentam implementar com sucesso o EaD. “A mudança do físico para o EaD gera a necessidade de atualização de metodologia e treinamento dos professores. Não é uma tarefa simples. Se não é fácil manter a atenção dos alunos com o contato visual na aula presencial, imagina em uma sala virtual em que boa parte das câmeras ficam desligadas e você compete com diversas distrações, desde o cachorro até aquele capítulo da série que você está louco para ver.”, complementa Milena. 

Apesar dos pesares, a digitalização da educação já vem acontecendo. A iniciativa do UOL Edtech é um exemplo e mostra que o investimento realizado pelas faculdades já é um grande passo para o Brasil bater de frente com outros países.

E tem mais exemplos de edtech que fazem bonito. É o caso da Education Journey. O que ela tem de especial? Podemos dizer que se trata de uma verdadeira Netflix da educação. A Edtech faz uma curadoria educacional para os seus clientes (empresas que buscam oferecer o benefício de educação para seus colaboradores), facilitando a escolha de cursos por parte de quem usa seus serviços. 

A Quero Educação também conduz algo semelhante. Em sua plataforma, o usuário aplica filtros para escolher cursos de diferentes faculdades e escolas, acessando na hora que quiser por smartphone, computador etc.

“O papel dessas edtechs, de separar o joio do trigo sobre o reconhecimento do EaD, é uma função sensível no momento. Isso porque quando o usuário tem uma experiência ruim com EaD, propaga-se a ideia de que a modalidade não funciona. Essas empresas ajudam o usuário a interagir com o ambiente, facilitando a interface e sendo um bom propagador do EaD no mercado”, explicou a investidora.

Homem gesticulando na frente do notebook, de fone de ouvido e caneta na mãoA transformação digital feita pelas edtechs ajuda estudantes e professores. Tanto que também atrai a atenção de investidores. (Fonte: prostooleh/Freepik/Reprodução)

Edtechs atraem rodadas de investimento via venture capital

Oportunidade é o que não falta no mercado edtech. E não é à toa que uma série de investidores está de olho no setor. A aquisição da Passei Direto pela UOL Edtech é um dos exemplos. A Passei Direto criou uma plataforma para ajudar e melhorar a experiência do estudo tanto para estudantes quanto para professores do Ensino Fundamental até a pós-graduação.

Outros movimentos que também chamaram a atenção foram a compra das edtechs Eduqo e Me Salva pela Arco Educação. A Eduqo é basicamente um ambiente digital de aprendizagem que usa inteligência de dados para personalizar os cursos da sua base. Assim, o usuário consegue adequar o que quer ao que existe na tecnologia. Já a Me Salva é uma plataforma com diversos simulados e conteúdos sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), além de reforço universitário. Ambas as aquisições marcam o interesse do grupo Arco pelo mercado B2C.

Além delas, a Ânima Educação, uma das maiores organizações educacionais privadas do Brasil, comprou mais de 55% da Gama Academy por R$ 33,8 milhões. A Gama é focada em cursos profissionalizantes, usando metodologias de ensino inovadoras. 

Esses movimentos confirmam que é possível empreender no segmento edtech. Além disso, uma nova safra de investidores interessada na educação está tornando o Brasil um competidor à altura em relação a outros players internacionais.

Milena afirma que empresas com métricas saudáveis em relação ao engajamento, quantidade de alunos e que criam tecnologia para análise de dados são as mais desejadas pelos investidores.

“Educação sem missão é difícil de ser feita. Empreendedores que têm identificação pessoal com educação e que desejam democratizar o ensino são os que dão certo no mercado”, finalizou Oliveira.

Aproveite e conheça as Edtechs do Cubo!

O que achou do texto? A gente sabe que o assunto é interessante, por isso vamos trazer entrevistas com especialistas que fazem parte do ecossistema do Cubo em nosso blog. Não quer perder nenhum deles? É só acompanhar nossas publicações para ficar por dentro das novidades!

Fonte: Abstartups, Volpe Capital, UOL Edtech, Education Journey, Quero Educação, Brazil Journal, Exame, Arco Educação, Me Salva, Valor Econômico.

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