As startups especializadas em criar soluções para mulheres, conhecidas como femtechs, estão ganhando o mercado. Por muito tempo, pesquisas e novidades tecnológicas não faziam distinção de gênero, mas isso tem mudado. Ao longo do tempo, percebeu-se que mulheres têm necessidades específicas e que era preciso inovar criando serviços e produtos especificamente para elas.
As femtechs estão crescendo em vários setores. O principal deles é a Saúde, mas também existem soluções com foco em bem-estar, e-commerce e maternidade. Há muitas possibilidades a serem exploradas nesse mercado, além de muitos desafios. Siga a leitura e conheça as oportunidades das femtechs com o Cubo!
O termo “femtech”, utilizado para designar soluções inovadoras com base tecnológica com ênfase em questões do universo feminino, surgiu em 2016, criado pela empreendedora dinamarquesa Ida Tin, que é cofundadora, diretora-executiva (CEO) e conselheira da startup que desenvolveu o aplicativo de monitoramento de menstruação para mulheres Clue.
Ida conta que criou a empresa após perceber que não existiam sistemas para planejamento familiar disponíveis no mercado. Pelo Clue, as mulheres acompanham o ciclo menstrual e têm mais controle da saúde reprodutiva.
No Brasil, as empresas voltadas a mulheres ainda estão começando a ganhar tração, mas há muito potencial. Segundo o movimento Femtechs Brasil, apenas 4,7% das startups são fundadas exclusivamente por mulheres. Esse número pode ser explicado pelo o gap histórico que acarreta a falta de incentivo ao empreendedorismo feminino e de estímulo à presença de mulheres na tecnologia. Atualmente, ainda conforme a iniciativa, apenas 3% dos investimentos no Brasil em digital health ajudam a fomentar startups fundadas por mulheres.
Por pensarem em soluções para dores das mulheres, é relevante que as femtechs sejam fundadas pelo mesmo público. Além disso, a população de pessoas nascidas no gênero representa 50% do total no mundo. De acordo com o Femtechs Brasil, elas são responsáveis por 90% das decisões sobre cuidados na saúde. Esses fatores refletem a importância de mais startups fundadas por e para mulheres.
O setor da Saúde é onde há mais startups que desenvolvem soluções para mulheres. Um levantamento divulgado pela McKinsey, que analisou 763 femtechs especializadas em healthcare, mostrou o desenvolvimento do setor. A maioria das startups apostou em desenvolver soluções centralizadas em consumidoras.
Hoje, o mercado tem soluções que dão suporte a mães, plataformas de indicações de profissionais de Saúde, de auxílio diagnóstico, e-commerce de produtos (como coletores menstruais e calcinhas absorventes), além de dispositivos ginecológicos e de fertilidade. Além dessas, o setor tem incluído soluções de acompanhamento médico e outras voltadas à longevidade da mulher.
Um dos benefícios extras das femtechs é que elas geram dados a respeito da saúde feminina. Se forem bem analisadas, essas informações podem gerar insumos para melhorias na saúde pública, evitar casos de violência obstetrícia e identificar mudanças de comportamento.
As femtechs também já conseguem cobrir lacunas ainda não consideradas pela indústria farmacêutica, segundo a McKinsey. A maioria das soluções ainda é centralizada em pessoas com útero, mas há exceções que incluem ou têm foco em mulheres trans, por exemplo.
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Acompanhamento de mães e filhos é um dos focos de algumas femtechs. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
As femtechs vão provocar muitas mudanças nos próximos anos. Além de criar novos produtos e serviços, as startups fomentam o empoderamento feminino, com coletivos e movimentos voltados ao incentivo da tecnologia desenvolvida por mulheres. Esse movimento já tem chamado a atenção de investidores de diferentes setores e contribui para a criação de novas lideranças femininas, além de dar espaço para que novas soluções sejam idealizadas para elas.
Além do empreendedorismo, a tecnologia também é importante para dar melhores condições de vida para mulheres, cujas questões de saúde ainda precisam ser mais estudadas — o que pode ser beneficiado pela coleta e análise de dados das femtechs.
Outras condições que acometem mulheres, como osteoporose e doenças cardiovasculares, podem ser prevenidas e acompanhadas pelas startups, gerando melhor qualidade de vida às pacientes.
Confira algumas das frentes de atuação para as quais as femtechs têm desenvolvido soluções:
Apesar de a saúde ainda estar no principal foco das femtechs, é possível que, ao longo do tempo, surjam novas soluções que atendam a mulheres diferentes. Fintechs e insurtechs, por exemplo, podem fornecer produtos e serviços que façam sentido às necessidades das mulheres. Ferramentas de gestão de carreira e edtechs também têm oportunidades nesse mercado, principalmente voltadas a minorias e mães.
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Fonte: Tech Day, Forbes, Startup Sesame, Startupi