Como será o futuro em diferentes setores da indústria?

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Tentar prever o futuro dos negócios não é uma tarefa fácil. Existe um grande número de incertezas que rondam diversos setores da indústria, e fica cada vez mais difícil entender quais serão as tendências. Porém, com base no que estamos vivendo atualmente, é possível criar algumas previsões que podem se concretizar nos próximos anos.

Essa é a opinião de Daniel Speicys, gerente-geral da Loja da Lata, unidade de negócios digitais da Brasilata. De acordo com o especialista em varejo, existe uma demanda reprimida muito forte que vai acabar “surfando” uma onda excelente, tão logo a pandemia comece a demonstrar sinais de que está recuando – e isso já está acontecendo.

Speicys falou, ainda, sobre outras tendências importantes para diversos setores e como eles podem se reinventar com a retomada da economia. A oferta de produtos que contemplem todos os níveis socioeconômicos (com alguns truques para isso) e a personalização de sua oferta são duas estratégias que o executivo acredita que darão certo em um futuro não tão distante.

Os setores mais prejudicados na pandemia


Os segmentos que dependiam da presença física dos clientes foram os mais afetados. (Fonte: Shutterstock)

De uma forma ou de outra, praticamente todos os setores da indústria foram impactados por conta da pandemia. Speicys relembra a quantidade de empresas que precisaram encerrar as suas operações e empreendedores que abandonaram seus negócios por conta das restrições sanitárias que foram impostas.

De fato, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 700 mil empresas fecharam suas portas no ano de 2020, sendo que quase todas eram de pequeno porte. Speicys observa que os setores mais impactados foram os de comércio e serviços, que também são aqueles que mais dispensaram colaboradores durante a pandemia.

O setor de eventos, por exemplo, precisou parar completamente suas atividades. Festas, casamentos, reuniões de negócios e até mesmo encontros informais tiveram que ser cancelados e, no início, não havia previsão de retorno. O cenário cruel fez que muitas organizações tivessem que enfrentar a dura realidade de encerrar os seus negócios, problema que ainda perdura para muitas empresas.

O cenário de startups não ficou incólume. A necessidade de reduzir os custos também impactou as empresas de inovação, que geralmente já contam com times enxutos. De acordo com uma pesquisa conduzida pelo jornal americano The New York Times, mais de 50 startups cortaram ou deram férias coletivas a aproximadamente 6 mil funcionários.

O que fazer para crescer nesse novo cenário


A personalização do produto ou serviço é uma das estratégias que pode dar certo. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Para as empresas que conseguiram sobreviver, o desafio agora é crescer nesse novo cenário. Speicys menciona a oportunidade que a Loja da Lata soube aproveitar durante esse período que pedia inovação nos negócios. Ao perceber que a personalização de produtos específicos era uma demanda não atendida do setor, a empresa apostou nessa abordagem em 2020 e tem colhido bons frutos desde então.

Essa é, inclusive, uma estratégia que o executivo considera ser uma boa ideia para o novo cenário pós-pandêmico. A personalização de produtos ou serviços já chegou em diversos segmentos, mas ainda há muito espaço a ser explorado em setores que ainda não perceberam que podem oferecer algo único para seus clientes e se diferenciar dos competidores.

Há diversas startups que já aproveitam essa ideia. A Sanar, plataforma de educação online para médicos, e a Saúde Digital, um hub de conteúdo educacional sobre medicina do futuro, são bons exemplos de produtos personalizados para um público específico. 

É claro que, para colocar essa ideia em prática, é preciso levar em conta todos os aspectos do setor e da própria empresa. Speicys comenta que uma organização pode apostar em uma solução nesse sentido e, se não tomar cuidado, pode acabar com todas as chances de sobrevivência do negócio. Portanto, cautela em pivotar a operação é essencial, sendo que há alternativas para que uma “morte prematura” não seja o destino da companhia.

Setor de inovação nas empresas


Apesar das resistências, um setor de inovação pode revolucionar a forma como a empresa atua. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A solução para que isso não aconteça, de acordo com Speicys, é a implementação de um setor de inovação dentro das organizações. Foi dessa forma que a ideia de personalização de produtos surgiu dentro da Loja da Lata. O especialista em varejo acredita que esse tipo de iniciativa é uma “arma” contra as incertezas do futuro, permitindo que a empresa se prepare para as mudanças que virão.

Esse é, inclusive, o que está presente no DNA de boa parte das startups. As empresas de inovação, na verdade, já nascem a partir de uma ideia disruptiva, algo que ainda não estava previsto ou priorizado pelo mercado e usando formas diferentes para resolver os mesmos problemas que a sociedade vem enfrentando há anos.

Apesar disso, Speicys admite que implementar essa ideia em uma companhia tradicional pode ser desafiador. A empresa talvez demonstre muita resistência em investir recursos para gerar ideias que nem sempre parecem tão boas. Algumas das iniciativas tem o potencial de até mesmo prejudicar – em um primeiro momento – a própria organização, mas isso somente se a própria empresa não estiver atenta às tendências que estão chegando.

Vale a pena lembrar do caso da Blockbuster, que perdeu a oportunidade de comprar a Netflix e faliu ao não prever o crescimento do mercado de streaming. Se houvesse um setor de inovação, a empresa talvez tivesse a capacidade de liderar esse nicho – hoje gigantesco – de vídeos sob demanda.

As startups, em certo sentido, estão “livres” desse perigo, mas jamais podem pendurar a chuteira da inovação. Em um mercado cada vez mais competitivo, com novas empresas surgindo a todo o momento com ideias cada vez melhores, é um perigo para qualquer organização não apostar nas novidades e tendências que pavimentarão as mudanças que vamos testemunhar daqui para frente.

Varejo e eventos devem crescer


Os dois setores são os que têm a maior demanda reprimida do mercado. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Em resposta ao questionamento principal deste artigo, Speicys acredita que os setores que têm uma demanda reprimida são aqueles que mais crescerão nos próximos anos. O varejo já tem experimentado esse fenômeno com o retorno das atividades comerciais e a possibilidade de receber novamente os clientes de forma presencial. Alguns segmentos, como comércio e serviços, estão batendo recordes de faturamento, mostrando que a análise do executivo está correta.

Outros setores com potencial elevado no pós-pandemia são os de moda, alimentos, eletrônicos e produtos para pets. As startups que souberem aproveitar esses nichos e trouxerem ideias inovadoras para estes mercados podem se dar bem em um futuro próximo. Também há um alerta de diminuição de relevância para os players menores ou que não estejam profissionalizados.

Daniel também observa que um dos nichos mais afetados pela pandemia será o que mais vai expandir. O setor de eventos é o que tem a maior demanda reprimida e, embora os webnários e lives tenham tentado substituir os encontros presenciais, Speicys aponta que eles não conseguiram contemplar todos os benefícios de programações com a presença física dos participantes.

Por fim, o executivo também destaca a importância de as empresas tentarem alcançar as duas “pontas” de seus mercados. A ideia de oferecer um produto premium (com escassez) e um custo-benefício (com abundância) não é nova, mas a experiência de Speicys mostra que ela tem dado certo para diversos segmentos do varejo.

Mas certamente a sua maior contribuição para o segmento de startups é o reforço que traz para o aspecto da inovação. Evocando aquilo que deveria estar no código genético de qualquer startup, o especialista em varejo é a prova viva de que criar algo novo que foge dos padrões estabelecidos é o caminho e uma solução que pode salvar uma empresa.

Fonte: Loja da Lata.

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