O que é DeFi e qual é o seu impacto?

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Você já deve ter ouvido por aí que um dos pilares do futuro é a descentralização. Tecnologias como o blockchain têm começado a mudar a forma como realizamos transações e rastreamos ativos, por exemplo, e parecem ter vindo para ficar. 

Uma sigla que surge nesse contexto é o DeFi, que significa Decentralized Finance, e tem como objetivo descentralizar também as finanças.  duas pessoas em ambiente empresarial apertando as mãos, denotando fechamento de negócios.  

As DeFis foram criadas para facilitar os processos financeiros entre pessoas, de forma independente. (Fonte: Getty Images/Reprodução) 

As corretoras e demais prestadoras de serviços financeiros que operam no modelo DeFi costumam ser criadas em código aberto. São defendidas por desenvolvedores e outras pessoas que acreditam em um universo financeiro descentralizado, mas ainda demandam regulação em muitos países.

A ideia é que as negociações possam ser realizadas de forma independente de intermediários, entre os próprios usuários. A popularização das criptomoedas é um exemplo de aplicação prática desse conceito.  

Para te ajudar a se aprofundar nesse assunto, preparamos este artigo. Nele, você vai conferir os seguintes tópicos:

  • O que é DeFi? 
  • Tipos de operações DeFi 
  • Riscos envolvendo DeFi 
  • Quais são os impactos da DeFi no futuro das fintechs? 

Leia a seguir!

O que é DeFi?

Basicamente, a sigla pode ser definida como Decentralized Finance ou, em tradução livre, finanças descentralizadas. De modo geral, as DeFis visam facilitar trâmites financeiros solicitados por um usuário para outro usuário. É o caso das criptomoedas em geral e dos empréstimos usando esse tipo de dinheiro eletrônico.

Tomando exatamente esse mesmo exemplo, por meio da DeFi é possível pedir um empréstimo sem um intermediário para isso. Basta que a própria pessoa o requisite à outra usando criptoativos.

Para panto, em ambientes DeFi são empregados recursos como blockchain. Essa tecnologia consiste em um mecanismo para transação de dados criptografados que funciona como um “livro de registros” no qual ficam “anotadas” informações importantes.

Tal tecnologia opera, principalmente, para evitar que ocorram fraudes, uma vez que é possível rastrear os trâmites realizados.

Adicionalmente, são desenvolvidos contratos inteligentes, os “smart contracts”, que podem ser acessados pelos usuários a partir da internet. São protocolos digitais autoexecutáveis bastante utilizados por quem opera criptomoedas. Duas moedas com o símbolo bitcoin

Existem vários tipos de criptomoedas, como o bitcoin, e plataformas pautadas na tecnologia DeFi em operação no mundo. (Fonte: Getty Images/Reprodução) 

Tipos de operações via DeFi

E quais são os serviços financeiros que podem ser feitos usando esse tipo de tecnologia? Entre as operações possíveis pelos protocolos DeFi, estão:

  • serviços financeiros usando carteiras de criptomoedas; 
  • transferência de valores; 
  • criação de campanhas de crowdfunding; 
  • acesso a moedas estáveis e voláteis; 
  • pagamentos de fluxo contínuo; 
  • gestão de empréstimos; 
  • compra de seguros.  

E a tendência é que esse tipo de recurso seja ainda mais popularizado, com o desenvolvimento frequente e o uso de Aplicativos Descentralizados (dApps). Eles operam por meio de uma rede peer-to-peer, feita entre os servidores dos usuários.

Atribui-se a criação do primeiro dApps ao bitcoin, em 2008. Outras fontes relacionam sua criação à plataforma Ethereum, em 2013. Esse tipo de aplicação está pautada em código aberto, cujo funcionamento é feito por meio de tokens, como as próprias plataformas nas quais as criptomoedas são vendidas, compradas ou emprestadas. 

Riscos envolvendo DeFi

A principal desvantagem, no entanto,está na falta de regulação em várias partes do mundo. Sem um órgão para fiscalizar tais operações, há, portanto, um risco que deve ser considerado entre os usuários que realizam qualquer tipo de serviço financeiro usando essa via.

Além disso, há outros possíveis riscos envolvidos para quem deseja se aventurar em uma transação DeFi:

  • ataques cibernéticos para invadir aplicações por falhas ou bugs em códigos; 
  • golpes, uma vez que os contratos inteligentes podem se tornar vulneráveis, sendo importante contratar uma empresa de auditoria de códigos para garantir a segurança deles; 
  • investimentos voláteis que podem sofrer altas ou quedas bruscas, o que configura um investimento de alto risco; 
  • nível de complexidade do sistema para usuários não familiarizados com temáticas como DeFi e criptomoedas, os quais podem investir em locais errados por não saberem como agir dentro dessa lógica.

Um caso a citar de ataque cibernético sofrido por uma das organizações DeFi que atua prestando serviços dessa natureza aconteceu com a Curve Finance em julho de 2023. Na ocasião, a empresa foi alvo de um ataque que resultou na perda de cerca de 40 milhões de dólares. O problema aconteceu a partir da atualização de uma das linguagens de programação usadas no desenvolvimento da plataforma. 

 Rapaz com um smartphone na mão olhando um gráfico e mais a frente tem um notebook. 

Os ataques cibernéticos são um dos riscos envolvendo as finanças decentralizadas. (Fonte: Getty Images/Reprodução) 

Quais são os impactos da DeFi no futuro das fintechs?

Obviamente que tais inovações passam a impactar o futuro das finanças e influenciar a forma como o mercado financeiro se comporta. 

Para as fintechs, essa ideia pode não ser completamente desconhecida. Especialmente aquelas que desde o final da segunda década dos anos 2000 vinham operando no modelo de Open Banking ou Open Finance.

De qualquer forma, movimentos como o DeFi mostram que os usuários, cada vez mais, estão dispostos a entender as dinâmicas financeiras e fazerem, eles próprios, seus meios para realizar suas transações. O foco está, portanto, na autonomia e, ao que tudo indica, não se trata de um movimento passageiro.

Tomando como ponto de partida da discussão a criação do bitcoin em 2008, nota-se, assim, que a ideia de realizar as finanças de forma descentralizada já está em voga em ao menos duas décadas. E, desde então, outros tokens, como criptomoedas e as plataformas de negociação, vêm sendo criadas. 

Regulação de transações de criptoativos no Brasil já está em vigor

Uma das questões que, diante da necessidade criada e do uso frequente dos usuários, pode vir a existir em algum momento é a regulação e, consequentemente, fiscalização. 

Ainda que pese sobre o conceito de DeFi a ideia em torno do código aberto, da autonomia e da independência, em alguma instância e em razão dos riscos existentes o debate regulatório pesará.

E, no que diz respeito ao Brasil, uma lei já foi sancionada: a n. 14.478, de 21 de dezembro de 2022. A referida legislação “dispõe sobre diretrizes a serem observadas na prestação de serviços de ativos virtuais e na regulamentação das prestadoras de serviços de ativos virtuais.” 

Dessa forma, no Brasil, qualquer tipo de organização que atue como prestadora de serviços virtuais para realizar transações de criptoativos precisará se adequar aos termos da lei, em vigor desde o início do segundo semestre de 2023.

A mesma lei cita em seu artigo terceiro a definição para ativos virtuais: “a representação digital de valor que pode ser negociada ou transferida por meios eletrônicos e utilizada para realização de pagamentos ou com propósito de investimento, não incluídos”, como é o caso das moedas eletrônicas.

Uma das questões apontadas pela lei e que passa a vigorar é a de estelionato, o que atualiza oCódigo Penal, com reclusão que pode variar de quatro a oito anos para quem obter qualquer tipo de vantagem ilícita sobre transações que envolvam ativos virtuais. 

A imagem mostra um malhete, o martelo utilizado pelos juízes em tribunais. 

No Brasil já existe uma lei para regular as organizações que atuam como prestadoras de serviços para quem realiza algum tipo de transação envolvendo criptoativos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Educação financeira

Outro mercado que começa a despontar em DeFi é o de educação financeira para lidar com criptoativos. 

A Receita Federal do Brasil divulgou em setembro de 2023 um dado que chama a atenção: o número de investidores brasileiros que realizaram algum tipo de transação com criptomoedas no ano cresceu em 200%, o que representou um salto de 794.755 para 1.336.715 usuários.

Ou seja, percebe-se um avanço crescente de pessoas interessadas em realizar transações financeiras descentralizadas, o que pode vir a aumentar ainda mais.

E se o tema do que está por vir para as fintechs lhe interessa, convidamos você para conferir outro artigo publicado no blog do Cubo: Futuro das fintechs: previsões para os próximos anos. Nele, você vai descobrir mais sobre as tendências para esse mercado.

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Fonte: Exame, Planalto

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