Agtech: fonte de inovações do agronegócio brasileiro
A tecnologia para o agronegócio feita por startups agtechs está no seu melhor momento, tanto que, pelo quarto trimestre consecutivo, o setor cresce globalmente, de acordo com levantamento Agtech in numbers 2021, conduzido pela consultoria CB Insights.
Setor de agtechs vive sua melhor fase de acordo com estudo conduzido pelo CBInsights. (Agtech in numbers 2021/CB Insights/Reprodução).
A alta de investimentos, negócios e fusões e aquisições no mercado de agricultura tecnológica ocorre, segundo a pesquisa, pela demanda por práticas agrícolas inovadoras e sustentáveis que aumentam a produtividade, reduzem o desperdício, as ameaças de pragas e doenças e fornecer uma cadeia de abastecimento alimentar mais confiável mundo afora.
Só em 2020 foram levantados US $6,2 bilhões em rodadas de investimento, 77% e 107% a mais que em 2019 e 2018, respectivamente. Já se compararmos os primeiros trimestres dos últimos quatro anos, 2021 superou, com folga, todos os anteriores, com US $2 bilhões em investimentos. Afinal, esse valor isolado representa 38% a mais que o conquistado no mesmo período de 2020, é 365% superior se comparado aos três primeiros meses de 2019 e 126% além do apresentado no trio de 2018.
Interessante observar que em 2020 o dinheiro foi destinado a 460 negócios em todo o mundo, especialmente para melhorar a gestão agrícola, de acordo com a mesma pesquisa.
Quando se pensa em agronegócio, o Brasil é um dos países que estão no topo nas listas de grandes produtores globais — e nem é por conta do comercial que diz que o Agro é pop. O País ocupa o primeiro lugar do ranking global na produção e exportação de soja, açúcar e café verde. E não para por aí: também seguimos no topo quando o assunto é carne de frango e carne bovina in natura.
Se você tem uma startup agro - agtech - que também quer colher frutos nesse mercado, confira a seguir algumas análises feitas por Guilherme Bellotti, do Itaú BBA. Ele deu pistas sobre o futuro do agronegócio.
Tecnologia para eficiência operacional: "a menina dos olhos" do segmento agtech
Uma colheita após a outra, o produtor rural enfrenta uma série de desafios que podem ser reduzidos com o uso de tecnologia. Porém, principalmente, aquela que tem menos custo e que agrega mais valor.
Para isso, as agtechs têm um papel importante ao criar soluções que geram um impacto disruptivo e que transformam o ambiente. Especialmente quando conseguem combinar eficiência operacional à redução de riscos no agronegócio. Na visão do especialista, essa pode ser considerada a "menina dos olhos" da agricultura digital.
Para ter sucesso em seus negócios, os produtores rurais precisam de tecnologia para gerar maiores ganhos operacionais, melhorias de controle, aumento de captação e organização dos dados.
Hoje já existem máquinas agrícolas com sensores que, ao serem combinadas com tecnologias de telemetria, fornecem dados sobre a fazenda. É inovação atrás de inovação: quando organizadas, essas bases de dados podem ser analisadas, e a informação que resultar disso pode ajudar o agricultor a fazer um melhor controle e mensuração e auxiliar na tomada de decisão. No fim, o que se tem é uma vantagem bastante relevante. O que falta, porém, é justamente integrar todos esses sistemas, podendo ser feito por uma agtech que dê uma luz para resolver o problema.
Máquinas agrícolas têm sensores para coletar dados que, mais tarde, podem ser transformados em informações para ajudar na tomada de decisão. (Thomas B./Pixabay/Reprodução).
Evolução da agricultura de precisão
Apesar de os produtores rurais ainda não fazerem um uso completo de tecnologia ao seu favor, muitos avanços já ocorrem desde os anos 2000, quando o conceito de agricultura de precisão, por exemplo, ganhou mais força - e quando ainda usávamos computadores com monitor tubo. Desde então, o uso eficiente de adubação e de defensivos em quantidade variável tem ajudado quem vive no e do campo.
Com o avanço do digital ao longo dos anos, tem sido observado um esforço para avançar em direção à individualização do manejo de plantas. Bellotti acredita que o investimento nisso dará maior ganho de eficiência para melhorar as dosagens de aplicações de defensivos agrícolas e fertilizantes, com uso racional desses insumos, ampliando a produtividade e, consequentemente, a rentabilidade da operação.
Além disso, esse tipo de agricultura, auxiliada pela tecnologia, também apresenta benefícios para o lado ambiental muito ancorada no uso mais eficiente e racional dos insumos atrelado ao aumento da produtividade.
Agtech e farm management: uma dupla de sucesso
Se tem uma área que as agtechs podem faturar alto é criando soluções para farm management ou simplesmente gestão da fazenda. Entre os players que já estão dando o que falar, está a São Martinho, que também faz parte do Cubo Agro, ambiente de inovação que conecta agtechs para melhorar o agronegócio brasileiro.
A São Martinho é uma das maiores organizações produtoras de açúcar e etanol do Brasil. Para facilitar o controle de suas operações desde a definição do mix produção até o escoamento e entrega de todos os seus produtos, a empresa criou uma plataforma que melhora a gestão logística e de seus estoques de ponta a ponta na cadeia logística. Assim, são avançados a níveis de controles e sistemas, conseguindo realizar a gestão de suas operações a partir de qualquer lugar, por exemplo. Era facilidade que você queria, @?
Apesar das inovações, o especialista,olhando a realidade do produtor rural, diz que ainda há espaço para a tecnologia ajudar a melhorar o controle de informações e, consequentemente, a gestão do negócio ter sucesso. Além disso, outras soluções podem ser feitas para atacar os principais riscos presentes no agro.
Parte dos produtores rurais já usa o smartphone para vender pela internet. (Fonte: proostoleh/Freepik/Reprodução)
Principais riscos do setor agro, uma indústria a céu aberto
Do ponto de vista da propriedade, o primeiro grande risco do agronegócio é o climático, porque é difícil de ser resolvido (a menos que você tenha sucesso na dança da chuva). Há fenômenos climáticos, como as secas, que podem impactar a atividade.
Contudo, Bellotti alerta que o uso de tecnologia pode reduzir o problema na medida em que os dados podem ser transformados em informações que vão auxiliar na tomada de decisão (data de plantio, variedades de sementes) de modo a minimizar os impactos de tais fenômenos, como irrigação de precisão, que com base em sensores podem acionar o momento certo e a dose certa, racionado o uso da água na lavoura.
E não para por aí: há outros riscos no setor, tais como:
- precificação de produtos finais e insumos;
- ambiental e sanitário;
- Cibernético, etc
Isso significa que toda tecnologia que for criada pensando em resolver essas questões vão ser de grande utilidade para os produtores rurais.
Agtech: chave para auxiliar o futuro do agronegócio
Vamos ao que interessa: o que esperar do futuro do agronegócio? A primeira tendência é a evolução da eficiência operacional. O especialista dá a dica que ainda existe bastante área para agtech criar tecnologias que aumentem a eficiência agrícola, otimizem o uso de insumos e aumentem os níveis de produtividade no campo. Além, é claro, de avanço na integração dos sistemas.
Uma das grandes preocupações é que já existem soluções individualizadas, ou seja, há muitos dados separados e sem integração; não é possível transformá-los em informações para auxiliar na tomada de decisão. Ele acredita que a criação de um “sistema de sistemas” vai fazer com que tudo seja ligado, sem intervenção humana (o mais puro suco da automação!).
Outro campo a ser explorado é a da rastreabilidade do processo, usando recursos inovadores como o blockchain. Apesar de já existirem startups que fazem isso, é algo que já está avançando em mercados mais desenvolvidos. Como os consumidores estão cada vez mais exigentes, a ação de rastrear alimentos estará presente na agricultura do futuro de um modo em geral, sendo uma condição de acesso a mercados.
Além dessas tendências, existem outras para você ficar de olho. Olha só:
- ampliação dos modelos de negócio com foco em saúde humana e sustentabilidade do meio ambiente;
- desenvolvimento de soluções que impulsionam ainda mais o e-commerce de alimentos, auxiliado pela popularização dos serviços de delivery;
- criação de proteína vegetal e expansão da alimentação vegana;
- uso de automação e robótica controlados via 5G, para facilitar o processo de higienização dos alimentos;
- produção de sementes mais resistentes para diminuir o uso de insumos considerados agressivos;
- adoção do sequestro de carbono, ou seja, na retirada de gás carbônico da atmosfera para transformar em oxigênio, prática feita naturalmente no solo que auxilia na manutenção de uma agricultura mais sustentável.
Com tantas tendências e oportunidades de mercado, investir em uma agtech parece ser uma receita de sucesso. E você? Já atua na área ou quer apostar nela nas startup agro? Fique de olho em nossas publicações, pois o assunto vai aparecer mais vezes por aqui.
Ah é, você também pode clicar aqui e conferir essa playlist imperdível para maratonar no YouTube: #CubroAgro.
Fonte: Agtech in numbers 2021 | CB Insights, USDA, O agro no Brasil e no mundo | Embrapa, São Martinho, Summit Agro | Estadão, Cubo Agro.