Cultura organizacional forte impulsionou sucesso da Salesforce
Quando alguém inicia um negócio, é bem provável que busque em algum momento por fórmulas que vão contribuir com o sucesso da empresa. E nada melhor do que entender como grandes players do mercado atuam para surfar na mesma onda.
Mas há um fator nisso tudo que geralmente é deixado de lado: a cultura organizacional. Ela é muito importante para manter o time alinhado com as expectativas da empresa, contribuindo com seu crescimento.
Pensando nisso, veja um case que mostra como uma cultura corporativa fortalecida pode fazer o negócio evoluir globalmente, além de se tornar um exemplo para outras startups. É o caso da Salesforce, empresa líder em Customer Relationship Management (CRM) no mundo.
Para falar sobre o assunto, conversamos com Daniel Hoe, head de marketing Latin America da Salesforce. Ele soltou a voz sobre como a organização se tornou referência quando o assunto é cultura.
O que é Cultura Organizacional?
Cultura organizacional diz respeito a missão, visão e valores compartilhados dentro de um negócio. Essas três palavras parecem banais, mas, quando vividas dia após dia, trazem um efeito positivo.
Quando todos pensam e agem alinhados de acordo com um objetivo em comum, há mais chances de fazer a empresa chegar longe.
Desvendando os 4 tipos de cultura organizacional
Esse tipo de cultura pode ser orientada de quatro formas:
- por pessoas: quando os colaboradores são colocados em primeiro lugar e suas ideias são valorizadas pelo negócio;
- por hierarquia: nesse caso, os líderes e gestores são os tomadores de decisão. E, portanto, os demais devem estar alinhados a eles, centralizando as informações;
- por tarefas: quando são formados grupos dentro de um negócio para resolver questões que vão aparecendo com o tempo, de forma flexível;
- por adaptação: como o próprio nome diz, a cultura vai se adaptar. Então, qualquer um que faça parte dela tem autonomia para tomar decisões; a gestão tem seu papel descentralizado.
Deu para perceber que a cultura é o elemento mais importante de uma empresa. É o que a difere das outras e que também ajuda a reter talentos, fomentar a inovação e, claro, fazer o negócio ter sucesso. Mas vejamos isso na prática, com o exemplo da Salesforce.
Cultura corporativa deve dialogar com a cultura de vendas
As startups têm claro que a cultura corporativa é fundamental. Sem cultura forte, não há estratégia de negócio que resista.
Mas Hoe acredita que, quando o assunto é vendas, é comum esquecer isso. “Não adianta ter cultura corporativa que diz que preza pelo bem-estar do funcionário e sucesso do cliente, se a cultura de vendas só está preocupada com fechamento de número, esquecendo dos problemas de atendimento. Isso acontece bastante”, avalia.
Quando uma empresa coloca em prática seus valores, o time percebe e trabalha melhor. (Fonte: yanalya/Freepik/Reprodução)
E como solucionar isso? No caso da Salesforce, Daniel diz que as culturas são integradas. Quando um vendedor não performa bem, não é mandado embora, como é comum acontecer em outros lugares.
Eles criaram um modelo de input-output, em que o output é a saída, o quanto foi vendido. E o input é como os clientes são tratados, se o vendedor está se capacitando, entre outros fatores. Assim, percebem que as vendas evoluem positivamente e os colaboradores se mantêm engajados.
Papel da tecnologia na construção da cultura empresarial
Com faturamento de US$ 21,25 bilhões em plena pandemia, a Salesforce é referência quando o assunto é CRM para pequenas, médias e grandes empresas. Hoe diz que isso é fruto de uma cultura forte que incentiva inovação, bem-estar, igualdade e sucesso do cliente.
A tecnologia é um componente essencial para isso acontecer. É ela que mantém o time engajado e conectado, especialmente na pandemia da covid-19, momento que mudou a forma como todos trabalhavam.
Agora, as pessoas querem evoluir para um modelo de trabalho flexível e que ocorra de qualquer lugar. E sem digitalização do relacionamento é impossível fazer isso.
Metodologias da Salesforce para fortalecer a cultura organizacional
Durante o período, uma de suas metodologias foi crucial para manter tudo alinhado, mesmo à distância. Chamada de V2MOM, sigla para Vision, Values, Methods, Obstacles & Measures — Visão, Valores, Métodos, Obstáculos e Medidas — a iniciativa consiste em um framework em que os colaboradores colocam suas visões, onde querem chegar, seus valores, as estratégias que vão usar, os obstáculos do caminho a serem superados e como vão mensurar tudo isso.
Atualmente, a Salesforce tem uma média de 50 mil funcionários e todos fazem o V2MOM, atualizando todo trimestre. Para Hoe, é isso que mantém a empresa avançando em todas as frentes.
Mas essa cultura não é de agora. Daniel conta que a empresa já era orientada a valores quando isso não era moda. Por volta de 1998, um ano antes da criação da Salesforce, o fundador Marc Benioff estava fazendo um ano sabático no Oriente, para fazer um retiro de meditação. Conversando com um guru, ele mencionou que amava tecnologia, mas sentia um chamado para filantropia. E o guru o questionou que ambas as coisas não são contraditórias, mas complementares.
Foi quando Marc teve a ideia de fazer uma plataforma digital e contribuir para a comunidade. Após a fundação da empresa, foi criado o modelo 1/1/1, hoje aderido por várias startups. Funciona assim:
- A empresa doa seus produtos para Organizações Não Governamentais (ONGs), que podem usar a Salesforce gratuitamente, como são os casos da Fundação Lemann, para fins educacionais, e da Gerando Falcões, que auxilia pessoas a saírem da pobreza.
- Todo funcionário pode fazer, dentro do seu expediente, até 60 horas por ano de trabalho voluntário. Cada funcionário escolhe a sua causa.
- Realização de doações financeiras para causas alinhadas à cultura da empresa.
O apoio a causas com trabalho voluntário pode ser abraçado tanto pela empresa quanto por seus colaboradores, fazendo parte da cultura do negócio. (Fonte: Freepik/Reprodução)
Várias empresas do Vale do Silício começaram a adotar o 1/1/1: Google, Dropbox, DocuSign, entre outras. O modelo virou um movimento e a Salesforce transformou isso em uma ONG, a Pledge 1%. No site há templates para implementar o modelo nos negócios. Esses métodos formam colaboradores engajados, que se realizam de forma plena.
Daniel acredita que o papel das empresas é botar a mão na massa. “Nossa sociedade precisa disso. Cada vez menos a resposta está no governo para resolver coisas. As empresas têm que preencher lacunas na sociedade e nós, cidadãos, também”, afirma o líder.
Cultura forte é a que orienta as decisões do negócio e forma marcas corajosas
É fácil manter uma cultura forte quando um negócio tem poucas pessoas, porque há maior entrosamento. Mas quando a empresa começa a crescer, com milhares de funcionários, isso muda. Dessa forma, viver a cultura e valores diariamente é crucial, guiando as tomadas de decisões futuras.
Hoe acredita que, quando vivida na prática, a cultura organizacional ajuda a frear ambições e torna possível tomar decisões melhores e mais alinhadas. No dia a dia, isso entra no DNA dos colaboradores e garante o crescimento do negócio.
Porém, nesta jornada nem tudo será fácil. No meio do caminho, haverá clientes que não se sentirão alinhados com a cultura do negócio. Nesse caso, Hoe enfatiza que é preciso ser transparente e ter coragem para seguir conforme a cultura implementada.
Viu só como a cultura organizacional é um fator importante para o sucesso dos negócios? Gostou do tema? Para continuar conferindo outras tendências e entrevistas com especialistas do Cubo, acompanhe as publicações do nosso blog.
Fonte: Salesforce, Daniel Hoe | LinkedIn, Cultura organizacional | Peepi,
Digitalização na pandemia: o que deve mostrar o balanço da Salesforce | Exame, Create Strategic Company Alignment With a V2MOM | Salesforce, Fundação Lemann, Gerando Falcões, Pledge 1%.