Cultura de inovação: conceito, benefícios e como torná-la realidade

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Muito além de incluir espaços de descompressão nos escritórios, implementar uma cultura de inovação nas corporações é uma tarefa que demanda estratégia e construção de um ambiente com viés colaborativo, que incentiva a criatividade e o desenvolvimento de projetos.

A cultura inovadora é responsável pelo foco contínuo no aprimoramento dos produtos e serviços pelos colaboradores e demais parceiros. 

Por isso, preparamos este artigo para auxiliar você a entender o conceito de cultura de inovação, seus pilares, boas práticas e como aplicá-la no dia a dia. 

Você saberá mais de cada um dos pontos a seguir nas próximas linhas: 

  • O que é cultura de inovação? 
  • Benefícios da cultura de inovação 
  • 4 passos para implementar uma cultura de inovação 
  • Boas práticas para a cultura de inovação

Siga com a gente e boa leitura! 

O que é cultura de inovação?

A cultura de inovação pode ser definida como a disseminação entre as mais variadas áreas de uma corporação do olhar voltado à melhoria de práticas, produtos e serviços 

A ideia é incentivar e engajar os colaboradores em iniciativas voltadas à criatividade para gerar novas oportunidades para o negócio e, consequentemente, bons resultados. Entre os benefícios promovidos estão a diminuição de custos e o ganho em competitividade. 

A inovação é fundamental para a resiliência dos negócios. O grande desafio, no entanto, é implementá-la de forma prática, estratégica e alinhada aos objetivos macro e de longo prazo da companhia, além de estimulá-la de forma constante no dia a dia.  

duas mulheres estão sentadas em dois sofás diferentes, uma ao lado da outra. Uma delas, no canto direito da imagem, está segurando um notebook.

A cultura de inovação nasce a partir da consolidação de um ambiente aberto a ideias. Em contrapartida, a colaboração se torna uma realidade. (Fonte: Getty Images/Reprodução) 

Benefícios da cultura de inovação

Ao implementar uma cultura de inovação em seu negócio, podem ser obtidas as seguintes vantagens que beneficiarão não só a organização, mas todos que dela fazem parte, direta ou indiretamente. São eles: 

Atração e retenção de talentos

Uma organização preocupada em buscar as melhores mentes e mantê-las satisfeitas tende a ter uma cultura de inovação mais fortalecida.  

Porém, para tanto, é preciso dar em contrapartida um ambiente de segurança para acolher pensamentos diversos, e recompensas pelos esforços feitos. 

Adoção de recursos e eficiência em seu uso

Ao mesmo tempo, pessoas precisam de apoio ferramental para executar suas ideias. E quando isso é pensado coletivamente, atendendo às necessidades de todos, otimiza-se e se reduz custos com recursos que não estavam sendo usados de forma apropriada ou que não deram resultado. 

Fomento à criatividade e à proatividade 

Quando os colaboradores perceberem, a partir de ações por parte de seus gestores, que há uma cultura de inovação que possibilita a diversidade de ideias e acolhe as falhas, a criatividade e a proatividade passam a andar de mãos dadas. 

Desse modo, a corporação tende a ganhar em termos de eficiência e agilidade para atingir suas metas. 

Aumento de clientes

Ao aprimorar seus produtos ou mesmo lançar novos serviços, a corporação também passa a alcançar novos mercados. Assim, é possível conquistar novos clientes, gerando novas fontes de receita.

pessoas estão dentro de uma sala de reunião. A imagem sugere que eles estão trocando ideias no ambiente de trabalho.

Otimizar a contratação de talentos, a adoção de ferramentas e o estímulo à criatividade auxiliará na implementação de uma cultura de inovação. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

4 passos para implementar uma cultura de inovação

quatro pilares importantes para que uma cultura de inovação seja de fato executada em uma corporação, conforme estudo realizado pelo Google. São eles:

1. Intenção

Para que a inovação esteja presente na cultura organizacional, o desejo por torná-la realidade deve partir da própria liderança. E isso somente será possível por meio da comunicação, informando aos colaboradores sobre as transformações em curso no negócio.

O estudo identificou que apenas 41% dos entrevistados acreditam que seus liderados têm conhecimento para executar ações em prol da inovação. E apenas 17% deles tinham confiança de que a estratégia de inovação, quando existente, era clara e comunicada entre os pares.

Assim, para abraçar as oportunidades de novas ideias e colocar a “mão na massa” para que sejam de fato concretizadas, o fracasso também deve fazer parte do processo. Diferentemente do que se possa imaginar, inovar não tem relação apenas com dar totalmente certo. 

Quando as falhas ocorrem, em vez de simplesmente criticar, é necessário entender o contexto e ajustar a rota. Dessa forma, as pessoas se sentirão seguras em continuar pensando e agindo para além da receita de sucesso praticada no passado.

Na Alphabet, holding detentora da marca Google, as ideias consideradas “fracassadas” não são, de um todo, descartadas. Uma delas é citada na pesquisa: o composto lunar, que consiste em um feixe de laser usado no Rio Congo para conectar moradores da região à internet de alta velocidade. O projeto, antes arquivado, foi executado pela X, uma das empresas do grupo e que hoje é uma realidade.

Outra necessidade do pilar de intenção é apoiar as ideias diversas. E isso deve ser garantido e posto em prática das posições mais altas até os liderados que estão na base. Apenas 16% dos entrevistados na pesquisa da Google consideravam seu C-level como alguém com pensamento diverso ou que o incentivava na companhia.

Na Google, por exemplo, os funcionários são encorajados a terem e desenvolverem ideias consideradas não convencionais, desde que tenham um potencial de mudança até dez vezes maior que o então praticado. Quando dá certo, são recompensados por seus esforços. 

cinco pessoas em torno de uma mesa de trabalho. A imagem sugere que eles estão em uma reunião descontraída de trabalho. 

Para pensar “fora da caixa”, são necessárias mentes trabalhando em conjunto. E quanto mais, melhor. Inclusive, soluções mais inclusivas partem de um time diverso. (Fonte: Getty Images/Reprodução) 

2. Infraestrutura

A cultura de inovação pode ser algo viável desde que haja uma infraestrutura que permita isso. E ela pode ser garantida por meio do estímulo à qualificação a partir da formação, educação, contratação e retenção de talentos. 

A base começa a ser construída quando a corporação gera um sentimento de segurança no que diz respeito a pensar em ideias diferentes. Dessa forma, os colaboradores precisam se sentir engajados a terem as próprias ideias e soluções aos problemas que aparecem em seu cotidiano e do time.  

Isso inclui oportunizar a eles formas de exercitarem a própria criatividade, praticando, por exemplo, atividades físicas ou realizando seu trabalho de forma híbrida. 

Isso significa dizer também que, diferentemente do que é feito em muitas companhias, a ideia aqui não é estimular a competitividade entre os colaboradores, mas sim a colaboração. 

Na Google, líderes estimulam os liderados a terem a liberdade para perguntar abertamente sobre qualquer coisa, facilitando a transparência e reduzindo o que eles chamam de pensamento territorial. Este último ocorre quando há retenção e controle de informações, geralmente por parte do alto escalão do negócio. 

Além disso, na mesma companhia é aplicada a chamada “regra dos 20%” que consiste no seguinte: os funcionários podem dedicar parte do tempo, ou terem uma licença para tanto, para trabalhar em outros projetos, para além de suas funções. Desde que essas iniciativas sejam convertidas em benefícios para a corporação a longo prazo. Foi assim, cita o estudo, que nasceram iniciativas hoje consolidadas, como o Google Adsense e o Gmail.

Adicionalmente, um fator que impacta a estrutura do negócio e, consequentemente, a implementação de uma cultura de inovação é a contratação de talentos. Mas não qualquer um, a ideia é buscar a excelência. 

3. Influência

Outro ponto que fundamenta e consolida a cultura de inovação é a influência que os seus clientes têm no negócio. O “foco no usuário” precisa, inclusive, ouvi-lo para aprimorar o que lhe é oferecido em termos de produto e de serviço. 

Não significa, porém, que o cliente terá razão. Pelo contrário, ao entender suas dores, ficará mais fácil pensar nas possíveis inovações a serem desenvolvidas. Isso compreende, inclusive, a adoção de uma política empresarial para capacitar funcionários a resolver os problemas trazidos pelos consumidores.

E, nesse contexto, também vale a máxima de se espelhar no que o outro está fazendo. No caso, em outras corporações, adotando as boas práticas por elas empregadas. Considerando o mesmo estudo da Google, 54% das organizações dedicam certo tempo para entender o ambiente competitivo em que estão para antecipar as mudanças da indústria que fazem parte. Isso é uma prática própria da cultura de inovação. 

quatro pessoas estão em pé, em frente a um painel com post-its. A imagem sugere que eles estão em uma reunião de brainstorming.

A adoção de métodos como os OKRs e design thinking auxiliam na implementação da cultura de inovação. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

4. Implementação

O processo de implementação de uma cultura de inovação precisa compreender, ainda, um mantra: o de ter velocidade para fazer, errar e ajustar rapidamente a rota, até encontrar a resposta ideal.

Métodos como o design thinking podem ser bastante úteis nesse cenário, para promover o compartilhamento e colaboração de ideias, e fazer a organização colocar em prática a inovação.

Contudo, não basta apenas ir trocando ideias e fazendo. É preciso avaliar e medir o que está sendo feito para não ser repetido no futuro e, com isso, otimizar a gestão de tempo. Uma ferramenta elementar nesse sentido são os OKRs, Objectives and Key Results, ou basicamente Objetivos e Resultados-Chave.

Ao orientar as ações do negócio, definindo metas e observando o que dá ou não certo por meio dos OKRs, a inovação terá um ambiente propício de desenvolvimento.

A grande questão é que, especialmente entre as pequenas empresas, essa prática não é uma realidade. Cerca de 40% dos líderes entrevistados na pesquisa conduzida pelo Google informaram ter dificuldade para medir o impacto da inovação nos lucros. É aí que metodologias como a dos OKRs podem ser uma boa opção para mensurar os resultados obtidos.

O uso da tecnologia igualmente é um fator que pode auxiliar as organizações a desenvolverem uma cultura de inovação em seus ambientes. Ferramentas de colaboração, como é o caso do G-Suite e de outras em que várias pessoas possam trabalhar em tempo real, ajudam a todos a tornar o processo criativo colaborativo. 

Ainda segundo informações do mesmo levantamento, entre as ações a serem tomadas pelos gestores das corporações para impulsionar a inovação em seus negócios nos próximos cinco anos, estão: 

  • Investir em novas plataformas tecnológicas para facilitar o intercâmbio de ideias inovadoras (75%). 
  • Investir em programas de treinamento adicionais para estimular a inovação (64%). 
  • Evoluir políticas de contratação para capturar mais diversidade de abordagens e ideias (53%). 
  • Trabalhar no fortalecimento do processo de reunir dados para servir como suporte na tomada de decisão (42%). 

Leia também: 

Boas práticas para a cultura de inovação

Para fazer que seus colaboradores se sintam engajados a participarem de um processo de implementação da cultura de inovação em seu negócio, vale se atentar para algumas boas práticas. Confira as dicas elencadas em artigo da Harvard Business Review:

1. Delegue desafios

Cada colaborador tem habilidades específicas para desempenhar suas funções junto à corporação. Adicionalmente, como forma de estimular a criatividade e exercer a proatividade neles, bem como o sentimento de pertencimento, um caminho é pensar em projetos que dialoguem com sua realidade dentro do negócio.

Desse modo, não se cria apenas equipes focadas em inovação, mas se estimula coletivamente na organização o fomento à inovação. 

post its em mural com termos em inglês que remetem à cultura de inovação

Contar com "embaixadores" da inovação em diferentes áreas da companhia é fundamental para consolidar a cultura inovadora. (Fonte: Pexels/Reprodução)

2. Avalie o contexto

Antes de distribuir os projetos, como sugerido no tópico anterior, um passo importante é entender quem entre os colaboradores realmente se engajará e fará a diferença. 

A questão aqui não é fornecer desafios a quem “está à toa”, com tempo livre, e sim àqueles que se sentirão desafiados e estimulados a embarcar na missão dada. 

3. Seja flexível

A inovação não nasce a partir da perfeição, assim como não será desenvolvida se todos os esforços precisarem resultar em 100% de assertividade. Assim, mais vale obter um percentual mais próximo disso em termos de eficiência — e conseguir mensurá-lo —, em vez de sua totalidade. 

Porém, é fundamental que as lideranças indiquem e informem aos liderados que está tudo bem não chegar ao sucesso sem errar. O ambiente de segurança do qual a inovação precisa requer espaço para falhas e aprendizado mútuo.

Tal premissa inclui, ainda, a flexibilidade em termos de hierarquia. Quando um líder permite que um liderado possa praticar a autoliderança em suas ações, ideias inovadoras podem surgir e sair do papel. 

Retomando um ponto já dito: para que tudo isso de fato ocorra, as pessoas precisam estar seguras de que ações como essa são possíveis. Portanto, a liderança necessita tornar esse processo claro, comunicando a viabilidade e a diversidade de pensamento e iniciativas.

4. Impulsione o pensamento “fora da caixa”

A cultura de inovação pode fluir em sua essência quando os colaboradores entendem que qualquer tipo de ideia, inclusive as consideradas "improváveis", podem ser cogitadas. 

Nesse contexto, podem surgir insights como a descoberta de potenciais ameaças competitivas, praticadas tanto por outras corporações quanto em cenários de adversidades econômicas, por exemplo.  

Em artigo publicado pela McKinsey & Company, o vice-presidente de divisão e tecnólogo-chefe da Corning Research & Development Corporation, Dr. Waguih Ishak, exemplificou: um cientista da corporação teria desafiado os demais a imaginar se um concorrente criasse “uma forma de depositar películas magnéticas em vidro sem altas temperaturas, desafiando uma das capacidades da indústria da Corning: criar vidro que resiste a altas temperaturas para usos industriais, como tecnologia da informação para data centers”.

Os demais cientistas riram da provocação, como se fosse algo irracional demais. No entanto, o que parecia impossível desencadeou outra troca válida de ideias inovadoras: caso surja uma variação de temperatura desse tipo, o que poderia ser feito para inovar a solução já existente? Ou seja, ainda que o pensamento em si fosse absurdo, a partir dele foi possível pensar em cenários futuros e viáveis, em maior ou menor escala. 

Em resumo, a cultura de inovação somente será implementada com sucesso em uma corporação quando as pessoas se sentirem seguras para expor suas opiniões e forem incentivadas de maneira organizada para isso. Assim, promove-se a diversidade de pensamento e, em consequência, é possível colocar em prática o idealizado, tornando o ambiente corporativo um espaço de livre circulação de ideias inovadoras. 

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Fonte: Google, X Company, McKinsey, Microsoft, Harvard Business Review. 

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