Inovação aberta: o que é, benefícios e dicas para implementar
Quando falamos sobre inovação, muitas vezes imaginamos grandes empresas desenvolvendo soluções dentro de seus próprios laboratórios. Mas o mundo de hoje, mais conectado do que nunca, exige algo diferente: a inovação aberta.
Essa metodologia consiste em ir além das fronteiras da organização e acelerar as iniciativas inovadoras por meio da parceria com agentes externos.
Confira a seguir como a inovação aberta contribui para a resolução de desafios e estratégia do negócio, quais suas vantagens e como é possível implementá-la.
- O que é inovação aberta?
- Qual a diferença entre inovação aberta e fechada?
- Qual a importância da inovação aberta?
- Quais são os benefícios da inovação aberta?
- Quais são os modelos de inovação aberta?
- Open innovation na prática: passo a passo!
- Como implementar a inovação aberta nas empresas?
- Desafios e barreiras na implementação da inovação aberta
- Qual o futuro da open innovation?

O que é inovação aberta?
Inovação aberta (ou open innovation, em inglês) é o processo de buscar, compartilhar e colaborar com ideias, conhecimentos e tecnologias de fontes externas para acelerar o desenvolvimento de produtos e soluções.
O conceito foi criado por Henry Chesbrough, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, em seu livro Open Innovation, de 2003. Ele afirmou que “em um mundo de incertezas, as empresas devem abrir seus portões e procurar inovação onde quer que ela esteja, dentro ou fora da organização”.
O autor considera que, para inovar, é preciso que o conhecimento se desloque de sua origem para onde ele é necessário:
“É comum que isso se reflita na movimentação de pessoas que detêm esse conhecimento, para que, juntas, criem algo novo. Em outras situações, pode ser preciso montar novas estruturas e fluxos de trabalho para incentivar e organizar essa migração do conhecimento.”
Qual a diferença entre inovação aberta e fechada?
Agora, talvez você esteja pensando: “Ok, mas o que exatamente diferencia a inovação aberta e a inovação fechada?”.
Inovação fechada é quando uma empresa mantém todo o processo de inovação dentro da organização, desenvolvendo novas ideias, produtos ou serviços exclusivamente com recursos internos. O foco está em proteger o conhecimento, principalmente no caso de inovação via Pesquisa & Desenvolvimento.
Já a inovação aberta é exatamente o oposto: ela convida outras empresas, startups, universidades e até mesmo indivíduos a contribuir com ideias e soluções. É um movimento colaborativo que gerar impacto e novos negócios por meio da troca de informações e recursos.
O próprio Henry Chesbrough coloca esses princípios de frente um para o outro em The Era of Open Innovation, publicado na MIT Sloan Management Review:
Princípios contrastantes da inovação fechada e aberta
Premissas da inovação fechada |
Premissas da inovação aberta |
Para lucrar com P&D, precisamos descobrir, desenvolver e lançar inovações. |
A P&D externa pode criar um valor significativo; a P&D interna é necessária para capturarmos parte desse valor. |
Se descobrirmos algo por conta própria, seremos os primeiros a levá-lo ao mercado. |
Não precisamos ser os responsáveis pela pesquisa para lucrar com ela. |
Se formos os primeiros a comercializar uma inovação, venceremos. |
Construir um modelo de negócios melhor é mais vantajoso do que simplesmente chegar primeiro ao mercado. |
Se criarmos a maior quantidade e as melhores ideias do setor, venceremos. |
Venceremos ao fazer o melhor uso das ideias internas e externas. |
Devemos proteger nossa propriedade intelectual (PI) para que nossos concorrentes não lucrem com nossas ideias. |
Também devemos lucrar com o uso da nossa PI por terceiros e adquirir a PI de outros sempre que isso fortalecer nosso modelo de negócios. |
Transição da inovação fechada para a inovação aberta
Por muito tempo, inovação era sinônimo de sigilo. Grandes empresas apostavam exclusivamente em seus próprios laboratórios para desenvolver novas soluções, acreditando que essa era a única forma de manter vantagem competitiva.
Hoje, já sabemos que esse modelo está sendo substituído por um novo paradigma, que prioriza também agilidade e a colaboração.
Empresas que antes mantinham a inovação dentro de casa agora colaboram ativamente com startups, universidades e centros de pesquisa, expandindo seu acesso a novas ideias e tecnologias.
- Leia mais: Tecnologia e inovação: exemplos e vantagens
A Procter & Gamble, por exemplo, abandonou sua abordagem tradicional e implementou o programa Connect + Develop, permitindo que mais de 50% de suas inovações viessem de fontes externas. Essa estratégia reduziu custos e acelerou o desenvolvimento de produtos.
Outro caso é o da Ford, que usa hackathons e parcerias com startups para criar soluções inovadoras para seus veículos elétricos e autônomos. A colaboração com agentes externos permitiu que a empresa desenvolvesse tecnologias disruptivas com mais rapidez e eficiência.
Isso não acontece do dia para noite, é claro, mas são exemplos que mostram que a inovação aberta é algo viável e vantajoso. O segredo está em abrir espaço para a colaboração, buscar parcerias estratégicas e adotar ferramentas que facilitem essa troca.
Para Lucas Fortunato, coordenador de inovação aberta da RD Saúde, a colaboração externa tem um impacto enorme na competitividade das empresas.
“Ao se conectar com parceiros – como startups, universidades e fornecedores – a organização amplia seu acesso a novas tecnologias, conhecimentos e diferentes perspectivas que dificilmente surgiriam apenas com recursos internos. Essa troca de experiências permite desenvolver soluções inovadoras de forma mais rápida, reduzindo riscos e otimizando custos”.
Em resumo, essa colaboração gera sinergia, estimula a experimentação e possibilita a criação de modelos de negócio disruptivos, ajudando a empresa a se adaptar mais rapidamente às constantes mudanças do mercado.
Mas como essa mudança acontece na prática?
Adaptação da cultura interna → Departamentos de P&D deixam de ser ilhas isoladas e passam a atuar de forma conectada com o ecossistema de inovação.
Novos formatos de parceria → Em vez de aquisições custosas, empresas estabelecem programas de inovação aberta para cocriação, como hackathons, incubadoras e plataformas de crowdsourcing.
Gestão da propriedade intelectual → O desafio passa a ser compartilhar sem perder competitividade, garantindo que a inovação circule sem comprometer ativos estratégicos.
Qual a importância da inovação aberta?
As empresas estão cada vez mais percebendo que, para inovar de maneira eficaz e rápida, precisam se conectar com o ecossistema como um todo.
Não precisamos ir muito longe para encontrar um exemplo, aqui no Cubo Itaú criamos oportunidades para conectar grandes organizações a startups e fomentar o empreendedorismo. O resultado? Matches entre empresas que ajudam a acelerar processos, gerar eficiência e novos negócios!
Temos ótimos exemplos para ilustrar como isso vem acontecendo nas corporações que fazem parte do Cubo Itaú:
Suzano
A Suzano, uma das maiores produtoras de papel da América Latina, não tem medo de dar um passo à frente quando o assunto é inovação.
Com iniciativas como a Suzano Ventures e o SuzanoLAB, a companhia tem se aproximado de startups, universidades e organizações para explorar soluções inovadoras e sustentáveis que atendam tanto às necessidades do mercado quanto aos desafios ambientais.
A Suzano Ventures investe em empreendedores e empreendedoras com visão de negócios e soluções deep techs aplicáveis ao setor florestal para melhorar a produtividade e sustentabilidade.
Já o Suzano LAB é um espaço de inovação onde a companhia conecta suas equipes internas com empreendedores, visando soluções disruptivas nas áreas de biotecnologia e novos produtos baseados em celulose. O impacto? Produtos e processos mais eficientes e um compromisso contínuo com a sustentabilidade.
CNH Industrial
Por três anos consecutivos, a CNH foi reconhecida como a empresa mais inovadora do setor automotivo e de veículos de grande porte do país pelo Prêmio Valor Inovação.
Gigante no segmento de equipamentos agrícolas e de construção, a empresa coloca a inovação aberta no centro das prioridades estratégicas, visando transformar a maneira como as empresas do setor se conectam com novas tecnologias.
A companhia promove parcerias com startups e organiza eventos de inovação, como hackathons, onde as soluções criadas em tempo recorde podem ser aplicadas em seus produtos e serviços.
Com uma história de quase dois séculos, a CNH Industrial mostra que responde rapidamente às mudanças do mercado e às necessidades de seus clientes, oferecendo uma aplicação real e efetiva da agricultura de precisão e conectividade no campo.
RD Saúde
A RD Saúde também tem apostado na inovação aberta para impulsionar sua estratégia e o crescimento no negócio. Um dos M&A’s que a companhia já realizou, por exemplo, foi na Cuco Health, startup que fez parte da comunidade Cubo.
Por meio da RD Saúde Ventures, a empresa ainda se conecta com startups e empreendedores para solução de desafios e geração de novos negócios por meio de POCs.
Lucas Fortunato, coordenador de inovação aberta do grupo, reforça que essa abordagem permite a realização de testes rápidos e de baixo custo, validando se as soluções identificadas no mercado se alinham à realidade e às necessidades da empresa.
“A inovação é indispensável para corporações de todos os portes, pois proporciona acesso ágil a novas tecnologias, otimização de processos, redução de custos e riscos, além de fomentar a colaboração com parceiros externos”, destaca.
Assim, a empresa busca gerar novas soluções para otimizar o atendimento ao cliente, melhorar a experiência do paciente e explorar novas tecnologias no setor farmacêutico. Com o apoio de ferramentas de inovação aberta, a companhia tem acelerado sua transformação digital e mantido sua posição de liderança no mercado.
Quais são os benefícios da inovação aberta?
Ao adotar a inovação aberta, as empresas não só têm a chance de criar produtos e serviços inovadores, mas também de otimizar recursos e aprimorar sua entrega de valor. Vamos explorar esses benefícios a seguir:
1. Aceleração do desenvolvimento de novos produtos e serviços
Uma empresa que integra ideias externas ao seu processo criativo pode acelerar o tempo de lançamento de novos produtos e serviços.
A troca de experiências e insights com parceiros, startups e até mesmo clientes, cria uma fusão de ideias que gera soluções mais rápidas e mais completas. Inovar de forma colaborativa pode ser o empurrão que sua empresa precisava para lançar algo incrível em tempo recorde.
2. Redução de custos
Os custos de realizar todas as etapas de desenvolvimento da inovação dentro da própria empresa são mais altos quando comparados com a implementação de soluções de parceiros externos por meio da inovação aberta.
Ao colaborar com startups e outras organizações, é possível compartilhar os custos e, muitas vezes, aproveitar soluções já testadas e prontas para serem aplicadas, impactando também o preço final dos produtos ou serviços desenvolvidos ou otimizados.
3. Acesso a novas tecnologias e conhecimentos
Ter acesso ao conhecimento e às tecnologias desenvolvidas por players externos também é um ponto importante no que tange a inovação. Em universidades e startups, por exemplo, são uma fonte importante de soluções disruptivas.
Empresas que participam do ciclo da inovação aberta têm acesso a tecnologias de ponta, ideias inovadoras e, claro, parcerias estratégicas com quem está na vanguarda da pesquisa.
4. Melhoria da competitividade e inovação contínua
Em um mercado competitivo, estar à frente é essencial. Com a inovação aberta, sua empresa consegue não apenas implementar soluções inovadoras de maneira contínua, mas também se ajustar rapidamente às mudanças de mercado por meio de testes e parcerias.
Isso significa que, ao invés de competir isoladamente, você faz parte de um ecossistema colaborativo que promove inovação constante, permitindo que a empresa tenha maior flexibilidade para geração de eficiência e diferencial competitivo.
5. Aprimoramento da entrega de valor para os clientes
Ao abrir as portas para uma diversidade de ideias e conhecimentos, sua empresa também melhora a qualidade do que oferece.
A inovação aberta permite que você refine seus produtos e serviços com base no feedback de parceiros, especialistas e até do seu próprio público. O resultado? Soluções mais completas, ajustadas às reais necessidades do mercado e com uma qualidade superior.
No fim das contas, a inovação aberta não é só uma maneira de abrir portas, mas de criar uma rede de crescimento mútuo, onde todos podem se beneficiar. É um caminho mais ágil e, acima de tudo, colaborativo para alcançar resultados.
Quais são os modelos de inovação aberta?
A open innovation pode acontecer de diferentes formas e gerando diversos resultados. Entre os principais autores da área, aparecem com frequência três principais categorias que classificam e diferenciam os tipos de inovação aberta. Veja quais são elas:
Inovação inbound
Com origem no termo em inglês Open Innovation Inbound, esse tipo de inovação aberta é aquele em que uma solução inovadora externa é agregada por determinada empresa.
Acontece, por exemplo, quando uma companhia se apropria de uma ideia criada por uma organização ou universidade, e a desenvolve internamente a partir do seu próprio processo de criação.
Inovação outbound
Indo na direção oposta da open innovation inbound, esse tipo de inovação aberta pressupõe uma criação interna que é então utilizada por outras empresas. Exemplo disso é quando um aplicativo criado por uma startup é usada dentro de alguma organização, aderindo a algo diferente que foi idealizado e estruturado externamente.
Inovação coupled
Nesse modelo de inovação aberta, há a união entre duas diferentes soluções ou empresas, agregando o valor de ambas em um esforço conjunto e contínuo para gerar novas ideias, produtos e serviços.
Mas não para por aí a categorização dos tipos de inovação aberta. Existe um universo de possibilidades para que a open innovation aconteça, mostrando sua característica de abrir caminhos, no lugar de restringi-los. Entre os demais tipos considerados para o termo estão:
- Inovação baseada em colaboração com stakeholders
- Inovação a partir de parcerias estratégicas
- Inovação por meio de plataformas abertas
A partir de cada uma delas é possível explorar possibilidades diversas e criar soluções que possam fazer a diferença tanto para as empresas e os atores envolvidos quanto para toda a sociedade.
Open innovation na prática: passo a passo
Para implementar a inovação aberta em uma empresa ou organização, o primeiro passo é cultivar uma mentalidade de colaboração que se espalhe por todas as áreas, fomentando a cultura de inovação.
O objetivo é construir um ambiente que favoreça a geração de ideias, a participação ativa dos times nos processos de inovação e a experimentação, visando manter um olhar de melhoria contínua.
Aqui vai um passo a passo prático para transformar a open innovation em uma realidade na sua organização:
1. Crie uma cultura de inovação
Crie uma cultura em que a cooperação e participação das diversas áreas da companhia sejam protagonistas. É preciso difundir o olhar de busca por novas soluções para os desafios e que todos podem contribuir com a construção ou melhoria de processos, produtos e serviços.
2. Identifique os objetivos e desafios que serão priorizados.
A inovação não pode nem deve estar dissociada da estratégia da companhia, ela precisa ser parte dela. Estabelecer objetivos claros de qual será seu papel no curto e no longo prazo, além de identificar e priorizar os principais desafios da organização é fundamental.
3. Encontre e engaje parceiros estratégicos.
Busque empresas, startups, universidades que possam somar com a resolução de desafios e o crescimento do negócio. Sistematize o funil de inovação, de acordo com as prioridades e objetivos estabelecidos, e tenha um pipeline de projetos e testes.
4. Defina e implemente processos internos claros.
Este passo da inovação aberta é essencial para o gerenciamento de tarefas e comunicação constante e fluida entre as equipes e parceiros externos. A comunicação transparente é essencial para o sucesso dessa abordagem.
5. Monitore os resultados.
De acordo com os objetivos definidos, é preciso ter indicadores e KPIs do que se espera atingir e gerar com as iniciativas. Aqui, vale destacar que diferentes métricas podem ser acompanhadas, desde a quantidade de projetos até o tempo de Lançamento no Mercado (TTM) e o impacto no cliente por meio do CSAT.
6. Faça ajustes conforme necessário.
A partir da identificação do que não estiver performando conforme o almejado no monitoramento de resultados, adapte processos, ferramentas e objetivos. A inovação é dinâmica e trabalha com hipóteses, por isso, é importante estar pronto para alterar a rota quando surgir uma oportunidade ou necessidade.
Como implementar a inovação aberta nas empresas?
A chave para o sucesso está em criar uma abordagem estruturada, que envolva desde o diagnóstico das necessidades da empresa até a construção de uma cultura organizacional inovadora.
Pensando nas grandes empresas, o conselho de Lucas Fortunato, da RD Saúde, é justamente estruturar programas de inovação com base em dois pilares interligados: cultura e projetos.
“No pilar da cultura, é fundamental promover ações que definam o escopo da inovação e disseminem esse conhecimento internamente, incentivando a participação dos colaboradores”, o coordenador de inovação aberta explica.
Iniciativas como comunidades de inovação, programas de intraempreendedorismo e comitês com a alta direção para aprovação de projetos ajudam a estimular o questionamento do status quo e a abertura para novas ideias.
Já no pilar de projetos, é essencial identificar iniciativas estratégicas em que a inovação e a tecnologia possam gerar ganhos expressivos no curto prazo. “O sucesso desses projetos fortalece a relevância do tema, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de iniciativas de médio e longo prazo”, conclui.
Dessa forma, os pilares se complementam: projetos bem-sucedidos impulsionam a cultura de inovação, que, por sua vez, revela novas oportunidades, fortalecendo a pauta inovadora como um todo.
Vamos explorar um passo a passo detalhado para te ajudar a implementar a inovação aberta de forma eficaz na sua empresa.
1. Diagnóstico: quando e por que adotar inovação aberta?
Antes de mais nada, é essencial entender quando a inovação aberta é a melhor escolha para sua empresa. A resposta está em identificar se o modelo tradicional está atingindo seus limites. Aqui estão alguns pontos de diagnóstico:
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Necessidades do negócio
A partir da estratégia da companhia, um planejamento estratégico de inovação deve identificar as alavancas de negócio que as iniciativas podem impactar. Aqui, é importante entender que diferentes horizontes de inovação podem ser explorados simultaneamente, pensando em inovações que vão do incremental até a disrupção do negócio.
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Soluções que já estão disponíveis
Por que sua empresa desenvolveria do zero uma inovação que já está pronta no mercado? Esse deve ser um olhar prioritário também na estratégia de inovação. Entender quais são as tecnologias e otimizações que a companhia precisa implementar e já estão disponíveis é um ponto fundamental para direcionar esforços de maneira eficiente.
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Benchmarks estratégicos
Para acompanhar os movimentos do mercado, também é importante olhar como players do mesmo setor e até de outros segmentos estão trabalhando melhorias no portfólio de produtos e trabalhando com a tecnologia de forma estratégica.
A inovação aberta é indicada quando você deseja expandir seus horizontes e explorar novas perspectivas, sem depender exclusivamente das capacidades internas.
2. Estruturas e processos para facilitar a colaboração externa
Para fazer da inovação aberta uma realidade, é fundamental criar estruturas e processos que incentivem a colaboração externa. Esses mecanismos garantem que as ideias fluam entre a empresa e os parceiros externos de forma eficiente.
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Designar uma equipe interna de inovação
Formar um time específico para gerir as parcerias externas e coordenar as iniciativas de inovação aberta.
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Definir áreas de colaboração
Identificar quais departamentos ou áreas podem se beneficiar mais da colaboração externa (como P&D, marketing, e desenvolvimento de produtos).
Lucas Fortunato enfatiza que se relacionar com startups traz diversos benefícios estratégicos para as empresas. Essa conexão permite o acesso a soluções inovadoras que aceleram o desenvolvimento de novos produtos e serviços, além de estimular uma cultura interna de inovação, incentivando a experimentação e a quebra de paradigmas.
“Com startups, é possível testar ideias com investimentos menores e riscos reduzidos, tornando os processos mais ágeis e encurtando o tempo de lançamento de novas soluções”, explica o coordenador de inovação aberta.
3. Ferramentas para inovação aberta
A inovação aberta não acontece apenas com boas intenções. Ela precisa de ferramentas práticas que incentivem a colaboração e acelerem os processos de cocriação. Veja algumas delas:
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Hackathons
São eventos imersivos que permitem que equipes internas e externas se reúnam para resolver desafios específicos. Os hackathons permitem gerar ideias criativas em tempo limitado, muitas vezes gerando soluções inovadoras.
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Acesso a um portfólio de soluções potenciais
Aqui, o objetivo é conectar empresas a um ecossistema diverso de tecnologia. Hubs de inovação, como o Cubo Itaú, consultorias especializadas, incubadoras, aceleradoras e universidades são alguns dos principais caminhos para se aproximar de startups e acessar novas soluções.
4. Cultura organizacional e mindset inovador
Por fim, um dos maiores desafios da inovação aberta é desenvolver uma cultura organizacional que esteja alinhada com esse modelo. É preciso cultivar um mindset inovador em todos os níveis da organização para que a colaboração externa seja bem-sucedida.
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Estímulo à experimentação e ao risco controlado
A inovação exige um ambiente onde os erros não sejam vistos como falhas, mas como oportunidades de aprendizado. Incentivar as equipes a se arriscar e tentar novas abordagens é essencial.
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Treinamento e desenvolvimento contínuo
Outro passo fundamental é investir no desenvolvimento dos colaboradores para que eles entendam as vantagens da inovação aberta e se sintam confortáveis para colaborar com parceiros externos.
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Liderança inspiradora
A alta liderança precisa ser um exemplo de compromisso com a inovação e a colaboração. Líderes como Satya Nadella, CEO da Microsoft, demonstraram como a mudança de mentalidade pode impactar a inovação da empresa, adotando um modelo de colaboração tanto interna quanto externa.
Desafios e barreiras na implementação da inovação aberta
Embora a inovação aberta seja uma estratégia poderosa para transformar empresas, existem desafios significativos que podem dificultar sua implementação. Esses obstáculos não surgem apenas como dificuldades operacionais, mas também como dores que impactam diretamente a eficiência e o sucesso do modelo.
Vamos explorar os principais desafios da inovação e como eles podem afetar sua empresa.
Resistência cultural e falta de alinhamento interno: a dificuldade de mudar o mindset
A resistência cultural um dos principais obstáculos à implementação da inovação aberta. Isso se deve principalmente à dificuldade de mudar o mindset de equipes acostumadas com o modelo tradicional, fechado, de trabalho.
Quando se fala em inovação aberta, há uma dificuldade natural de integrar novas ideias e formas de trabalhar, principalmente em empresas mais tradicionais. Mudar a mentalidade de toda uma equipe – que está habituada a trabalhar de maneira isolada – é uma tarefa desafiadora.
Aquela famosa frase “sempre fiz assim e deu certo até agora” exemplifica bem a resistência interna, como lembra Lucas Fortunato, da RD Saúde. “Muitas pessoas apoiam projetos de inovação até que precisem mudar sua própria rotina, tornando-se barreiras para a implementação real”, explica.
Essa resistência gera atrasos nos projetos, baixa adesão às iniciativas de inovação e, em alguns casos, até o fracasso de ações que poderiam resultar em grande valor.
Gestão de propriedade intelectual
Essa é uma das principais dores quando se trata de inovação aberta. Quando empresas colaboram com startups, universidades ou outros parceiros externos, há o risco de propriedade intelectual se tornar um ponto de conflito.
Como proteger ideias inovadoras e garantir que os direitos sobre inovações sejam bem definidos? É preciso ter uma governança clara e estabelecer combinados formais com os parceiros sobre esses pontos.
Dificuldade em encontrar parceiros: a busca por alianças certas
A colaboração é essencial para o sucesso da inovação aberta, mas encontrar empresas, startups ou instituições que possam contribuir de forma assertiva com os desafios da companhia nem sempre é fácil.
Muitas vezes, as empresas não sabem onde procurar os parceiros certos ou não possuem os contatos necessários para estabelecer essas relações. Além disso, pode haver uma falha em entender quais competências externas são necessárias para acelerar os processos de inovação.
Sem os parceiros certos, a empresa pode se deparar com iniciativas fragmentadas e com baixa eficácia, ou até mesmo fracassar ao tentar encontrar soluções inovadoras. Isso pode resultar em um desperdício de tempo e recursos.
Lucas Fortunato reforça que o alinhamento de expectativas e a aversão ao erro são outros desafios enfrentados por corporações ao abrir suas fronteiras para inovação externa.
“Projetos de inovação frequentemente falham, mas essa realidade nem sempre é bem aceita pela liderança. Para que a inovação prospere, é essencial que todos os stakeholders adotem a mentalidade de errar rápido e barato”, pontua.
Qual o futuro da inovação aberta?
O que podemos esperar da inovação aberta mais de 20 anos depois do seu surgimento, em um momento que a inteligência artificial domina as conversas no mundo corporativo?
Quem responde isso é o próprio criador do termo, Henry Chesbrough. Em entrevista para Época Negócios, o autor compartilhou que:
“A inovação aberta trata de encontrar, conectar, absorver e entregar novos conhecimentos, de fora para dentro da própria organização, e igualmente de dentro da organização para o mundo exterior. A IA ajudará todos a identificar conhecimentos mais úteis, e também pode ajudar as pessoas com conhecimentos úteis a se conectar com outros que precisem desse conhecimento”.
O coordenador de inovação aberta da RD Saúde acredita que o futuro aponta para uma integração ainda mais profunda e estratégica entre grandes corporações e startups:
“Com o surgimento de novas tecnologias emergentes, o caminho mais curto para a adoção delas pelas grandes empresas será por meio das startups, seja por colaborações estruturadas ou pela aquisição via CVC. Esse cenário promete aumentar a competitividade, a escalabilidade e a velocidade dos resultados, gerando impactos positivos tanto para as empresas quanto para o mercado como um todo”, explica Lucas Fortunato.
Impacto da inovação aberta no crescimento das startups
Para as startups, a inovação aberta é uma oportunidade sem precedentes. Ao colaborar com grandes empresas e centros de pesquisa, elas podem acelerar seu crescimento e escalar suas soluções com mais eficiência.
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Acesso a clientes e estrutura
Além de gerar receita por meio da contratação, startups que participam de programas de inovação aberta podem utilizar a infraestrutura, rede de contatos e conhecimento de empresas estabelecidas.
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Validação de mercado mais rápida
Trabalhar com grandes empresas permite que startups testem seus produtos em ambientes reais, reduzindo o tempo necessário para alcançar o mercado.
Para que essa transformação aconteça de verdade, é preciso ir além da teoria: é necessário ter acesso às conexões certas, às ferramentas adequadas e a um ambiente que favoreça a colaboração.
É exatamente aí que o Cubo Itaú entra. No hub, conectamos grandes corporações a startups, promovendo encontros estratégicos, curadoria de soluções e a construção de parcerias que geram impacto real. Acreditamos que a inovação acontece quando diferentes atores do ecossistema trabalham juntos – e estamos aqui para facilitar essa jornada.
Se sua empresa busca acelerar a inovação, testar novas tecnologias e explorar oportunidades estratégicas de colaboração, o Cubo é o lugar certo para fazer isso acontecer.