Como tornar-se investidor-anjo sendo executivo ou empresário

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O termo investidor-anjo não é uma novidade para quem está inserido no universo de startups. Trata-se de um empresário ou alto executivo que ajuda a fomentar o nicho de inovação apostando em novos negócios promissores – com alto potencial de risco, mas alto potencial de ganho.

Mas qual é a motivação de um empresário em se tornar um apoiador de negócios comandados por outros empreendedores? Quais são os riscos e possibilidades de retornos para aqueles que aceitam se aventurar como um investidor-anjo no mercado?

Para responder a essas perguntas, contamos com a ajuda de Orlando Cintra, CEO e fundador da BR Angels, um grupo que reúne mais de 150 empresários que acreditam no modelo de investimento anjo. Entenda como é a jornada do empresário até o momento em que ele se torna um apoiador de outros negócios.

Por que ser um investidor-anjo?


O desejo de compartilhar conhecimento, o chamado smart money, deve ser o principal motivador do investidor. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Antes de entendermos como funciona este processo, é importante compreender o que motiva uma pessoa a se tornar um investidor-anjo. A paixão por inovação com certeza é uma característica em comum desses empresários, destaca Orlando ao tentar definir um perfil comum dessas pessoas. Além disso, a afinidade ao risco (com alto potencial de retorno) também é outro atributo importante do investidor-anjo.

Uma das principais atribuições do empresário que quer se tornar investidor-anjo é utilizar a sua experiência e conhecimento para apoiar um negócio voltado para a inovação. Diferente do que muitos imaginam, o empreendedor que recorre a esse tipo de investimento não tem como maior benefício o capital financeiro, mas sim o intelectual, chamado smart money.

Através de investimento anjo, o empresário também consegue diversificar a forma de aplicar o seu capital, além de ter a participação em negócios de alto risco, mas grande potencial de retorno. Além de participar de um ecossistema criativo e interessante, o investidor-anjo também pode alinhar o capital ao seu propósito de vida, ajudando a sociedade e o país.

Requisitos para ser um investidor-anjo


Qualquer um pode se tornar um investidor-anjo se atender aos requisitos para esse tipo de operação. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Orlando Cintra argumenta que qualquer pessoa pode se tornar um investidor-anjo. Não existe um conjunto exclusivo de características que impeçam alguém de atuar nesse ramo. Entretanto, é importante que o candidato a essa posição atenda pelo menos os três requisitos a seguir:

  • experiência no segmento;
  • disponibilidade financeira;
  • vontade, tempo e disposição para ajudar.

Sem essas características, o empresário pode ter dificuldade em ajudar as empresas em sua fase inicial — oferecendo especialmente o smart money —, o principal propósito desse tipo de investimento. Portanto, além do profundo interesse em inovação e empreendedorismo, o investidor-anjo também precisa ter os atributos acima.

Com relação à experiência no segmento, Cintra defende que na BR Angels isso pode ser contornado graças ao grupo de investidores-anjos que se completam. Assim, mesmo que uma pessoa não domine todos os aspectos de uma determinada área, seu colega tem esse conhecimento e ambos podem atuar juntos como investidores de uma determinada startup.

Portanto, a jornada de um empresário, ou de um alto executivo, que quer se tornar um investidor-anjo contempla a necessidade de buscar negócios de inovação que precisam de investimento (financeiro e intelectual) e fazer esse aporte acontecer. Nada muito complexo de se entender, mas difícil de se colocar em prática quando se quer atuar sozinho e sem a ajuda de um “grupo especializado de anjos”.

Nesse processo, o profissional também tem muito a aprender, especialmente no que diz respeito a quais empreendimentos escolher. Certamente poderá haver “erros de cálculo” nessa jornada, mas é preciso lembrar que estamos falando de um mercado de altíssimo risco – mesmo que o potencial de retorno também seja elevado.

Um dos principais desafios para o investidor-anjo, ao menos inicialmente, é compromisso de tempo necessário para ajudar os empreendedores. Como não estamos falando apenas de capital financeiro, mas sim intelectual, é preciso haver disposição por parte do empresário - ou alto executivo - para emprestar sua concorrida agenda para que o negócio em ascenção possa prosperar.

Como se tornar um investidor-anjo


A dica é encontrar um grupo sério de investidores e filiar-se a eles. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Existem algumas alternativas para os empreendedores que desejam se tornar um investidor-anjo. A rota mais simples é conhecer pessoalmente um negócio inovador e decidir ajudar através de capital financeiro e intelectual próprio. Porém, a equipe da BR Angels destaca o alto grau de risco desse tipo de investimento — elevado até mesmo para o nicho em questão.

Portanto, uma dica é encontrar um grupo sério de investidores-anjos e filiar-se a eles. Dessa forma, é possível diminuir significativamente as chances de perda, bem como aumentar a sua exposição às startups que estão precisando desse smart money que você pode oferecer.

Orlando Cintra comenta que na BR Angels são formados grupos multidisciplinares de investidores-anjos para auxiliar os empreendedores. Porém, para fazer parte do pool de empresários, é necessário ser uma pessoa humilde, disposta a aprender e a colaborar oferecendo seu conhecimento, tempo e dinheiro para outras empresas em fase inicial de operação.

Cuidados ao investir dinheiro em uma startup


Muitos indicadores devem ser analisados para investir em uma startup de inovação. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Não é nada trivial estudar uma empresa que está precisando de investimento anjo. Na verdade, por se tratar de uma operação de altíssimo risco, é preciso avaliar alguns indicadores que podem reduzir significativamente a exposição a alguns riscos inerentes às startups de inovação.

As empresas em foco geralmente precisam ser organizações operacionais ou pré-operacionais. Ter um negócio focado na economia digital também é um diferencial, especialmente se for escalável. A equipe da BR Angels também destaca a importância de a startup ter um planejamento de receita futura para pelo menos os próximos três anos, além de uma boa ideia de CAC e LVT, bem como KPIs de monitoramento da operação.

Orlando Cintra reforça que a sua empresa avalia mais de 40 indicadores durante a fase de diligência, mas sem fazer com que isso trave o processo. Porém, o executivo destaca que os aspectos mais importantes são o potencial de aplicação do smart money e o potencial empreendedor da pessoa que está à frente do negócio. 

Fonte: BR Angels.

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