Edtechs revolucionam setor educacional e crescem no Brasil

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De 2012 a 2017, o Brasil experimentou um boom de empresas especializadas em soluções inovadoras para a educação — período em que o número acumulado de edtechs, como são chamadas as startups do setor, saltou de 136 para 457 no País, segundo mapeamento do Distrito EdTech Report 2020. Desde então, a tendência de crescimento constante se mantém, e a pandemia da covid-19 demonstrou a importância dessas companhias. 

Com seus impactos econômicos e sanitários, a crise sanitária da covid-19 afetou a área educacional de maneira contundente. Instituições de ensino se depararam com a necessidade de implementação de recursos inéditos para atenderem às necessidades de seus alunos em diversos âmbitos, e, para isso, contaram com a ajuda de edtechs, que, aliás, estão bombando. Falamos mais sobre esse mercado em aceleração aqui.

Em 2020, a Abstartups mapeou 566 empresas desse tipo ativas no Brasil, cujos modelos de negócios, de acordo com a entidade, focam especialmente em SaaS (50%), seguido de venda direta (15,2%), clube de assinatura (8,1%) e marketplace (6%). A Covid-19 não foi um empecilho, já que de 208 delas:

  • 63,8% mantiveram ou aumentaram faturamento;
  • 40% realizaram contratações;
  • 88,8% mantiveram seus times e não demitiram funcionários:

Dentre as categorias nas quais edtechs apostam estão:

  • conteúdo educativo;
  • ensinos específicos;
  • ferramentas para instituições;
  • financiamento do ensino;
  • foco no estudante;
  • novas formas de ensino; e
  • plataformas para educação.

"Os dois principais subsegmentos contemplam empresas que oferecem [ferramentas para] educação superior (faculdades) e educação básica (escolas)", explica Lucca Generali Marquezini, Equity Research Analyst do Itaú BBA. Ele conta que, das oito edtechs apoiadas pelo Cubo Itaú, seis se encontram no primeiro grupo.

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Conhecer a trajetória da educação no território nacional, defende o especialista, é fundamental para entender o cenário atual.

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O Brasil experimentou um boom de edtechs, startups focadas em soluções educacionais, na última década. (Fonte: Freepik/Reprodução)

Edtechs e evolução do ensino básico e superior

Marquezini indica que o poder aquisitivo é um dos fatores determinantes para o ingresso de estudantes no ensino superior. Iniciativas públicas implementadas na década passada, complementa o especialista, visaram à ampliação de ofertas de bolsas de estudo para democratizar o acesso a faculdades particulares — e o montante de alunos que ingressaram no ensino superior por conta do impacto desses auxílios chegou a 900 mil anuais. O volume inflou a base de alunos presenciais dessas faculdades.

Entretanto, após 2016, o governo federal, por questões orçamentárias e pela crise econômica, restringiu o acesso a esses recursos, diminuindo para 100 mil o número de beneficiados com o passar dos anos. 

"Buscando mitigar um pouco esse impacto, algumas empresas tentaram criar financiamentos próprios, o que não foi sustentável. A pandemia prejudicou ainda mais o cenário, tanto pelo fechamento de estabelecimentos quanto pela queda da renda disponível para muitos", destaca Lucca.

Uma das soluções encontradas pelos players foi a expansão do Ensino a Distância (EaD), que garante mais flexibilidade e economia. Esse modelo permite adaptação à rotina do estudante e valores mais acessíveis quando comparados aos estipulados a ofertas totalmente presenciais. 

Para consolidar o modelo, as instituições de ensino contaram com soluções de edtechs — e este é apenas um exemplo de tantas novidades geradas pelas startups.

Quanto à educação básica, o analista ressalta que enfrenta menos desafios, em parte pela obrigatoriedade, que reduz, assim, a evasão de alunos. De todo modo, empresas da área podem se beneficiar de sistemas de ensino inéditos e de tecnologia para aprimorarem seus negócios. Edtechs exercem papel crucial nessa transição. As tecnologias estão com tudo, veja aqui como elas estão sendo usadas em outro setor que está nos holofotes: o de saúde.

unnamed (9)Edtechs oferecem recursos inéditos capazes de atender a diversas necessidades de estudantes e instituições. (Fonte: Freepik/Reprodução)

Oportunidade de sobra

Nos próximos anos, aponta o estudo, a era digital e a ebulição cultural gerada por novas ferramentas trarão consequências significativas para a forma como ensinamos e aprendemos. Sendo assim, as edtechs garantirão o desenvolvimento de diversos diferenciais, como:

  • a valorização de soft skills, ou de competências subjetivas e habilidades interpessoais que permitem a indivíduos colaborarem ativamente na transformação da sociedade;
  • a disseminação da cultura maker, movimento que incentiva estudantes a construírem produtos tecnológicos diversos para colocarem em prática o que aprendem, complementando os conhecimentos teóricos;
  • a implementação de blockchains educacionais, utilizadas para armazenamento, disponibilização e troca de informações, combatendo fraudes de credenciais e facilitando transações monetárias;
  • o crescimento da diversidade em instituições, graças a trocas e intercâmbios culturais facilitados pelo uso de tecnologias disruptivas.

Espaço para crescimento de edtechs há de sobra, segundo Marquezini. "Se você comparar o Brasil com outros países emergentes, [o território] tem tração de diplomas universitários muito menor. Existe uma demanda reprimida. Até 2019, só 20% do conteúdo de um curso presencial podia ser online. Hoje, o número é de 40%", exemplifica o profissional, considerando o EaD a grande solução do setor em termos de acessibilidade e de flexibilidade. "Quanto à educação básica, a penetração de sistemas de ensino até o momento é de cerca de 50%."

Por fim, falando de tecnologia, Lucca cita o potencial de lançamento de novos modelos de negócios, capazes de tornar o ensino mais atrativo e de disponibilizar serviços variados de maneira simplificada, otimizando processos internos de instituições. Personalização de currículos e outros aspectos em mercados muitas vezes fragmentados é mais um benefício.

"Não costumamos fazer paralelos internacionais em educação devido às particularidades de cada região. De todo modo, algumas plataformas lá fora oferecem soluções similares às daqui", explica o profissional — que sugere a ampla oferta de oportunidades para edtechs no País.

O que achou do texto? A gente sabe que o assunto é interessante, por isso vamos trazer entrevistas com especialistas que fazem parte do ecossistema do Cubo em nosso blog. Não quer perder nenhum deles? É só acompanhar nossas publicações para ficar por dentro das novidades!

Fonte: 

Distrito EdTech Report 2020, Abstartups.

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