Como o uso de dados de edtechs pode revolucionar a educação

Por
Tempo de Leitura: 3 minutos

A transformação digital na educação se ampliou de forma rápida em razão da pandemia de covid-19. De uma hora para outra, as edtechs sofreram um "boom" e se tornaram essenciais para garantir o ensino de milhares de alunos em todo o mundo. Após esse crescimento desenfreado, é hora de analisar como os dados gerados pelas mais de mais de 560 startups brasileiras do segmento poderiam ser úteis para melhorar o aprendizado. 

O uso de dados não é algo simples. Apesar da riqueza de informações que uma edtech pode acumular, há alguns cuidados essenciais que precisam ser tomados para assegurar a liberdade e privacidade dos alunos. No Brasil, toda e qualquer empresa que colete dados deve respeitar as diretrizes da Lei Geral de Proteção aos Dados (LGPD), inclusive as edtechs.

Em contrapartida, quando utilizadas de forma estratégica, as informações coletadas ao longo da jornada do aluno podem melhorar a experiência e a metodologia de ensino. A edtech Qstione, criada por um professor, é exemplo disso. Cansado da forma tradicional de avaliar os estudantes de Ensino Superior, o fundador, Fabrício Garcia, resolveu usar a tecnologia para criar um método que reunisse boas práticas de avaliação e ajudasse instituições de ensino. 

A partir da validação, a Qstione começou a usar as informações geradas na plataforma para fortalecer o planejamento de aulas e oferecer recursos que pudessem melhorar a compreensão do desempenho do aluno. Assim, os professores passaram a ter auxílio da edtech para elaborar planos de ensino e fazer uma melhor gestão do conhecimento. 

Mineração de dados estratégicos na educação

A mineração de dados ou data mining pode ser uma "mão na roda" para as edtechs, já que ajuda a separar dados gerais dos mais relevantes e estratégicos usando estatística clássica, inteligência artificial e machine learning. Essa organização das informações é feita por meio de um algoritmo que identifica determinados padrões e gera insights.

A aplicação legal e adequada das informações também é uma forma de ouvir o aluno, que se torna parte do processo. Afinal, com a ciência de dados, as edtechs passam a poder criar experiências personalizadas para os estudantes. 

edtechs 01

(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Experiência personalizada para os alunos

Claudio Sassaki, diretor-executivo (CEO) e cofundador da Geekie Lab, escreveu um artigo no qual afirma que a tecnologia não deve ser vista como uma "perfumaria" pelas instituições de ensino. Ele percebe que a experiência personalizada contribui para melhorar o desempenho dos alunos. 

Sassaki é ainda mais visionário, pois sugere o uso de dados como uma identificação digital dos alunos, o que os permitiria guardar a vivência escolar por toda a jornada de ensino. Assim, quando passasse de ano ou mudasse de turma, o professor teria acesso claro ao histórico de desempenho dos estudantes, o que facilitaria o aprendizado e a adaptação deles.

Leia também:

Crescimento do uso de dados em edtechs

Um levantamento do Analytics Insight mostra que o mercado de Data Science voltado a edtechs deve se expandir em todo o mundo. A publicação estima que, na Índia, o setor deve crescer de US$ 103 milhões em 2020 para US$ 626 milhões até 2025. Além disso, a expectativa é de que 11 milhões de empregos em Data Science sejam gerados até 2026. 

O uso de dados ajuda a melhorar a tomada de decisão nos negócios e gera insights para tornar as empresas e, claro, as edtechs mais competitivas. Acompanhar os temas do mercado mais buscados e coletar feedbacks dos alunos se tornarão ações cada vez mais rotineiras no setor. 

edtechs 02

(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Cuidado em como as informações são usadas

Nem só de cases positivos vivem as edtechs que usam dados. Pontos de atenção foram destacados em um artigo escrito por Dora Kaufman, professora do curso Tecnologias da Inteligência e Design Digital da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e autora dos livros A inteligência artificial irá suplantar a inteligência humana? e Desmistificando a inteligência artificial

Ela conta que a Human Rights Watch (HRW), organização não governamental (ONG) internacional focada na defesa dos direitos humanos, identificou edtechs que não respeitam a privacidade dos alunos. Segundo a HRW, entre 94 edtechs analisadas 87 cederam dados pessoais de alunos a 199 adtechs. A violação do direito à privacidade ocorreu porque nem os pais nem as crianças deram consentimento do uso das informações.

Outro alerta foi em relação ao rastreamento não autorizado dos acessos dos estudantes para que os dados fossem vendidos para anunciantes. A LGPD determina que toda coleta de dados deve ser informada ao usuário, além de explicada para qual fim será utilizada qualquer informação. 

A professora defende o debate crítico sobre o uso de dados e inteligência artificial na sala de aula para evitar danos aos estudantes. Por isso, uma recomendação importante é que toda edtech deve ter políticas de privacidade bem-definidas e o tratamento das informações seja sempre realizado em conformidade com a LGPD. 

Quer se manter atualizado sobre as discussões do universo do empreendedorismo tecnológico e da inovação? Continue acompanhando o blog do Cubo!  

Fonte: PEGN, Distrito, Nova escola, Época Negócios

Picture of Cubo

Cubo

Somos o Cubo Itaú, uma comunidade que, desde 2015, conecta as melhores soluções para construir grandes cases de inovação para o mercado. Ao lado de nossos idealizadores, Itaú Unibanco e Redpoint eventures, e de um seleto time de startups e corporates, conquistamos o selo de um dos mais relevantes hubs de fomento ao empreendedorismo tecnológico do mundo.

Autor