IPO: o que uma startup precisa saber para estrear na bolsa de valores

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O Initial Public Offering (IPO), que significa “oferta pública inicial”, é um fenômeno importante no mercado financeiro. Investidores ficam atentos a essa estreia de empresas na bolsa de valores porque é uma excelente oportunidade de aplicar dinheiro. Já os empreendedores, sabendo disso, preparam as suas organizações para abrir o capital e atrair novos sócios.

Nesse contexto, é muito importante entender quais são os requisitos para fazer um IPO e qual é o passo a passo para uma empresa estrear na bolsa de valores. Para entender esse assunto, contamos com a ajuda do Bruno Garcia, Chief Information Officer (CIO) da Truxt Investimentos — uma empresa 100% independente e com foco na gestão de ativos.

Entenda o que a sua empresa precisa fazer para abrir o capital na bolsa de valores e tire as suas principais dúvidas sobre o assunto a seguir.

Por que as empresas fazem um IPO?


A captação de recursos é um dos principais motivos. (Fonte: Shutterstock)

Antes de entender os requisitos e os passos para fazer um IPO, é importante compreender o motivo que leva as empresas a abrir o capital na bolsa de valores. Afinal, estamos falando de um processo que pode ser demorado, complexo e custoso para a organização. Então, a seguir, Garcia destaca os motivos que levam uma empresa a fazer um IPO.

Captação de recursos

De acordo com o CIO da Truxt Investimentos, os principais motivos são a captação de recursos e a expansão da operação. Ao abrir o capital, as empresas recebem-no dos investidores que compram as ações, já que a companhia está vendendo uma parcela da organização na bolsa de valores. O dinheiro captado geralmente ajuda a financiar os projetos necessários para que a empresa prospere e cresça no mercado.

Garcia também destaca que as empresas optam pelo IPO com o objetivo de levantar liquidez para os acionistas já existentes, que podem escolher vender a sua participação no negócio.

Melhora a imagem pública

O IPO é um processo que geralmente acontece em empresas mais maduras. Ao fazer uma oferta pública inicial, a organização transmite uma mensagem de credibilidade para o mercado, reforçando os aspectos positivos da governança corporativa e revelando tanto projeção quanto reconhecimento por conta da visibilidade.

Organização corporativa

Embora seja um processo complexo e às vezes demorado, ele pode ser recompensador para as empresas no longo prazo. A adequação para o próprio IPO já proporciona vantagens para as organizações, melhorando a transparência (para o público, colaboradores e sócios), organização e fazendo a companhia se atentar a aspectos jurídicos e fiscais que antes talvez estivessem sendo negligenciados.

Requisitos para fazer um IPO


O tipo de oferta vai depender da origem dos papéis e do destino dos recursos. (Fonte: Shutterstock)

De forma resumida, Garcia acredita que o principal requisito para uma empresa fazer uma oferta pública inicial é ter demanda para a compra de suas ações, ou seja, a organização precisa ser “desejada” pelo mercado e despertar o interesse dos investidores que querem ganhar dinheiro com esse aporte financeiro.

Do ponto de vista técnico, existem alguns requisitos legais e regulatórios que as empresas precisam atender para fazer um IPO. Um deles, talvez o mais básico de todos, é estar juridicamente constituída como uma sociedade anônima (ou S/A). Nessa composição societária, a organização tem o seu capital dividido em ações, e não em cotas — como acontece no caso das companhias limitadas.

Também é importante destacar a necessidade de a empresa atender a uma série de exigências relacionadas a aspectos fiscais e regulatórios. A organização também deve apresentar relatórios auditados sobre governança corporativa, controles internos, compliance (ou conformidade), recursos humanos e outros detalhes técnicos.

Passos para o IPO


Abrir o capital na bolsa de valores é um processo que pode levar de oito meses a três anos. (Fonte: Shutterstock)

A abertura de capital na bolsa de valores é um processo que pode demorar bastante dependendo do nível a partir do qual a empresa está começando. As etapas compreendem passos como planejamento, auditoria, reuniões de roadshow, registro, listagem, confecção do prospecto, período de reserva, bookbuilding e estreia propriamente dita.

Um dos fatores que acaba prolongando o IPO é a necessidade de apresentar auditoria das finanças da organização. De acordo com a legislação vigente, é preciso demonstrar pelo menos três anos de balanços que estejam auditados por uma empresa externa e independente. 

Garcia destaca que as outras partes do processo costumam ser mais rápidas, mas igualmente essenciais. A confecção do prospecto, por exemplo, é uma das etapas mais importantes, pois estamos falando do documento mais relevante para o IPO e que apresenta a proposta de valor para os investidores interessados.

Já o dia de estreia na bolsa de valores – também chamado de Dia D – é um momento muito aguardado pelos empresários e investidores. O desempenho dos papéis no IPO costuma revelar como o mercado recebeu a oferta pública inicial daquela companhia que começou a ser listada. Em boa parte das vezes, as cotações disparam — o que é um bom sinal.

Alternativas ao IPO


Os empreendedores podem escolher investidores privados para a expansão e crescimento. (Fonte: Shutterstock)

Embora Garcia identifique que qualquer segmento está apto a enfrentar um IPO se houver o desejo dos empresários, ele reconhece que esse é um processo complicado; afinal, nem todas as organizações estão dispostas a enfrentar os desafios necessários para abrir o capital na bolsa de valores. Mas como levantar capital, proporcionar liquidez para os sócios e melhorar a imagem da empresa diante do mercado?

O CIO menciona os investidores privados como uma alternativa ao IPO, o que também contribui para o crescimento da empresa graças ao aporte financeiro. Pools menores de empresários dispostos a investir na ideia representam uma chance maior para as organizações que ainda não estão preparadas para enfrentar o IPO, mas precisam captar recursos.

De qualquer forma, Bruno reforça a importância da governança corporativa para qualquer empresa que esteja precisando levantar capital, seja pela bolsa, seja por meio de investidores privados. Melhorar a governança gera confiança e transparência no mercado, o que acaba contribuindo para o bom funcionamento da própria organização.

IPO: fazer ou não fazer?

Para os empresários que estão em dúvida, Garcia lembra um caso recente de IPO que vale a pena ser mencionado: o da Locaweb. Essa empresa abriu o capital recentemente, experimentou o valor de suas ações aumentar seis vezes. Com os recursos levantados, a organização comprou outras companhias de SaaS e usa o mercado de capitais como plataforma de crescimento.

Se a sua organização está no estágio ou ciclo final de maturidade, enfrentando certa estagnação, é preciso considerar o IPO como uma alternativa. A questão não é olhar somente os benefícios da abertura de capital, mas o processo exigido que acaba ajudando a empresa a se estruturar do ponto de vista de governança e de outros aspectos.

O executivo da Truxt ressalta que as mudanças na gestão durante o processo de IPO, com a necessidade de prestar contas aos acionistas e à auditoria, são benéficas para a organização. E que, ao iniciar essas etapas do IPO, o empreendedor deve avisar potenciais investidores entre dois a três anos antes para mantê-los informados e preparados para quando a abertura de capital começar.

Fonte: B3, Investopedia, Truxt Investimentos.

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