Como tomar melhores decisões para o crescimento de uma startup
A tomada de decisões em startups nem sempre pode ter um longo tempo de maturação, seja pelos movimentos do mercado, pela necessidade de mudanças ou pelo crescimento acelerado da empresa. Founders, diretores-executivos (CEOs) e outros c-levels devem estar preparados para agir rápido, mas de forma coerente com os objetivos do negócio, seja para crescer, seja para evitar perdas.
A competitividade e o cenário econômico desafiam quem está à frente de uma startup. Uma pesquisa global da Deloitte revelou que CEOs mais preparados para tomar decisões para crescimento são aqueles que trabalham a força emocional para serem mais disruptivos e inovadores. Lideranças que sabem como lidar com o imprevisto e têm um olhar para dados fomentam a cultura da inovação.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) recomenda registrar dados e analisá-los periodicamente, pois métricas bem definidas ajudam no crescimento e evitam perdas, independentemente do estágio da startup. O primeiro passo é determinar quais serão os Indicadores-Chave de Performance ou Key Performance Indicators (KPIs).
Faturamento, investimentos, taxa de conversão, market share, churn rate, taxa de turnover, pesquisas de satisfação, dados de marketing e metas estão entre os indicadores. Esses dados estratégicos mostram qual caminho o negócio está tomando e servem de base para as próximas decisões necessárias, ajudam no crescimento da startup e identificam pontos de alerta.
Lideranças que se planejam olham para dados fomentam a cultura da inovação (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Desenhe um plano de negócio com sustentabilidade
Crescer muito rápido nem sempre é sinônimo de sucesso. Segundo a CB Insights, a principal causa de falência de startups é a falta de dinheiro ou a falha ao tentar um novo investimento. Essa é a razão de 38% das quebras, segundo a plataforma que analisa o post mortem de 111 startups desde 2018.
A história é conhecida. Muitas vezes o negócio vai bem, recebe investimento, mas entra em um mercado muito competitivo dominado por grandes empresas. Para entrar no jogo, startups precisam investir mais em pessoal e tecnologia para acompanhar o setor, porém captar investidores tem custo, e dar esse passo está saindo cada vez mais caro. Nem sempre a tomada de decisão é a mais indicada e pode acabar em perdas: o famigerado downsizing.
A falta de um plano de negócios bem estruturado com benchmarking da concorrência consolidado também afasta possíveis investidores. Analisar o mercado e acompanhar os dados gerados por clientes para encontrar um diferencial é necessário para o crescimento e a sustentabilidade da startup.
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Planeje e saiba quando (e se é necessário) pivotar
Pivotar faz parte, mas é preciso ter uma combinação certeira de timing e nova rota. Redirecionar o negócio demanda investimento em análise do mercado e dos próprios clientes. E são os já mencionados dados que devem orientar esse movimento.
Um dos conselhos básicos de mentores para startups em early stage é validar a solução antes de pivotar. Só depois de ter certeza de que a solução não é escalável e não atende a nenhuma dor do mercado suficiente para gerar lucro é que se deve pivotar. Parece uma lição para iniciante, mas 35% das startups quebram porque o mercado não vê necessidade do produto ou do serviço oferecido.
A obsessão em bater a concorrência também é motivo que pode atrapalhar os negócios. Competitividade é necessária, mas conquistar mercado sem um diferencial resulta em gasto de energia à toa e perda de dinheiro. Esse é o momento de os founders pensarem em pivotar o negócio ou uma parte dele para resolver o problema dos próprios clientes. Nem toda startup faz uma tarefa de casa extremamente importante: ouvir o cliente.
A pesquisa Panorama da Experiência do Consumidor, realizada pelo OpinionBox em 2021, afirma que 93% dos consumidores consideram a experiência um fator muito importante na decisão de compra. O levantamento abrange a experiência de compra em ambientes físicos e online. Outro dado relevante é que 55% dos entrevistados qualificam como uma boa experiência ter o problema resolvido.
Customer centric culture e customer experience são percepções essenciais na era atual. O cliente também ajuda a entender o que deve ser mantido e adaptado em um negócio, então invista tempo e dedicação para ouvi-lo de forma periódica e estrutura em toda a jornada do cliente. Isso diminui o churn rate, ou seja, a perda de receitas ou de clientes. Também ajuda na venda de novos serviços e na ampliação de contrato. Um bom relacionamento contribui diretamente na retenção.
Validar antes de pivotar é o segredo para startups em early stage. (Fonte: RF._.studio/Pexels/Reprodução)
Estruture um time de acordo com a cultura da startup
Uma das primeiras tomadas de decisão para crescer e evitar perdas em startups é construir um time formado por pessoas flexíveis e de fácil adaptação a cenários de mudança.
O estudo da CB Insights identificou que 5% dos negócios vão à falência em razão do burnout dos founders. É preciso construir um time de confiança para evitar que c-levels assumam funções além do esperado e o microgerenciamento esgota quem está no controle da startup. Sem falar que é praticamente impossível olhar para todas as necessidades da empresa de forma eficiente.
A escolha das pessoas demanda a inclusão de práticas de recursos humanos para que os processos seletivos recrutem os profissionais certos e que fazem sentido para a startup. Além disso, é preciso ter ações internas que estimulem constantemente o engajamento, o desenvolvimento e a motivação do time. São essas ações que diminuem a taxa de turnover e garantem mais estabilidade de capital humano.
Gleicon Moraes, especialista em times de engenharia e sistemas de larga escala, sugere no livro The CTO Field Guide que líderes invistam em uma gestão transparente. Ele também orienta a ouvir os colaboradores da startup para que eles participem ativamente das tomadas de decisão. Um time alinhado também assegura mais produtividade e crescimento e evita perdas. Para o especialista, bons líderes são aqueles que tomam conta do negócio e das pessoas.
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Fonte: Endeavor Brasil, Deloitte, CB Insights, OpinionBox, Sebrae