Fintechs e a oferta do crédito como serviço no agronegócio

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Quando você pensa em startups, qual é o segmento que vem a sua mente? Se é “fintech”, sim, essa é a “bola da vez”. Tanto que, em nível global, as fintechs brasileiras também estão dando o que falar.

Oito startups financeiras, entre elas o Nubank, Creditas e EBANX, estão entre as citadas no estudo “The Fintech 250”, do CBInsights, que abrange as empresas mais promissoras em esfera global. E, entre as soluções desenvolvidas pelas fintechs que são tendências, estão as de Credit as a Service (CaaS), o crédito como serviço.

Para falar sobre o assunto, conversamos com Marina Siqueira, Head of Corporate and Business da DuAgro, fintech que financia pequenos e médios produtores agrícolas por meio de uma plataforma que fornece uma nova experiência de crédito.

A especialista detalhou como a tecnologia é essencial para a expansão do crédito no agronegócio, além das vantagens do CaaS, mas antes vamos avaliar o cenário e os problemas a serem superados. 

Desafios de acesso ao crédito no agronegócio

No geral, os desafios que dificultam o acesso ao crédito no agro são:

  • necessidade de digitalização de crédito;
  • baixa agilidade de análise de crédito, feita de forma analógica;
  • checagem de dados socioambientais, de compliance e de crédito; 
  • criação de base de dados.

Porém, existem muitos dados disponíveis em bases públicas ou com custo de acesso baixo que podem ser usados para fazer análise digital de crédito para o agronegócio. A partir disso, se antes o crédito era disponibilizado em 3 meses, com o Credit as a Service é possível dar respostas ao usuário com mais agilidade.

Para ajudar a transformar o setor, criamos o #CuboAgro, nosso hub de fomento às soluções do setor ao lado de Corteva, São Martinho, Itaú BBA, CNHi e Suzano.

homem mexendo no celular com árvore ao fundo
A baixa conectividade ainda é uma das principais dificuldades para que uma fintech ofereça uma experiência melhor de crédito no agro. (Fonte: Freepik/Reprodução)

Fintechs ajudam na expansão do crédito para produtores rurais

Um fator que impulsiona o segmento fintech é o foco na jornada do cliente, e o CaaS tem essa premissa na veia. No caso da tecnologia aplicada ao agronegócio, é preciso entender as especificidades do setor para ter sucesso.

“Vimos nos últimos quatro anos um crescimento imenso de fintechs para oferta de crédito com tickets médios menores, mas o agro é outra realidade. Mesmo quando a gente fala em pequenos e médios produtores, eles giram um valor muito alto de produção, com faturamento próximo a R$ 450 mil por ano. E, nesse universo, a conectividade é menor”, explicou Siqueira.

Além disso, nesse setor, é preciso mais visibilidade sobre o estoque de dívidas. Só assim será possível separar bons e maus pagadores para proteger as startups. “A maior parte da dívida do agro é feita fora do sistema financeiro. Um tipo de instrumento que é usado se chama cédula do produto rural, que não precisa ser gerado dentro do sistema financeiro, mas por agentes da cadeia. Essas informações ficam em contratos de gaveta, mas isso está mudando pela nova MP do agro, que já começou a entrar em vigor”, ela detalhou.

Contudo, Siqueira avalia que tomar crédito digital ainda é um desafio para o mercado agro; por exigir garantias diversas, também envolve burocracia. Daí a necessidade do uso da tecnologia para integrar e digitalizar as informações, expandindo o crédito para produtores rurais.

A pandemia do novo coronavírus serviu como impulso para acelerar esse processo e uma série de agentes da cadeia se viram com um problema em comum: como oferecer crédito sem risco à saúde? A oferta digital, então, foi crucial. 

Consequentemente, empresas de crédito buscaram meios para modernizar o atendimento por meio de parcerias de negócio, como é o caso da DuAgro, em vez de se tornar uma fintech.

Terra vista do espaço e satélite
A partir dos satélites, é possível capturar imagens das propriedades e auxiliar na composição de garantias para a oferta de crédito. (Fonte: Free-Photos/Pixabay/Reprodução)

CaaS no agronegócio: conheça as vantagens

Muitos dados podem ser usados para ampliar a oferta de crédito no agro, mas, para isso, é preciso gerar informação com eles. É aí que entra a tecnologia. “Nosso objetivo, enquanto fintech, é criar uma grande base de dados para que a gente possa ter mais insights dela, usando inteligência artificial e machine learning para entender melhor os padrões de comportamento e expandir crédito”, comentou a especialista.

Um exemplo é o uso de análise via satélite que permite melhorar o cenário, capturando imagens das propriedades para registrar um histórico do cultivo da área e de como é o clima da região. Esse é um tipo de informação que também pode contribuir com um aumento da produtividade e, consequentemente, para as análises de oferta de crédito do negócio em questão.

Para resumir, entre as vantagens do Credit as a Service, estão:

  • geração de crédito massificado, com menor índice de burocracia;
  • simplificação da experiência do usuário;
  • união de forças entre quem tem os dados e as fintechs que fornecem tecnologia para uma maior agilidade e eficiência na oferta de crédito.

Com a adoção do CaaS, há uma melhor gestão de recursos, fidelização do cliente final e melhorias na experiência do usuário. Esses fatores geram mais segurança para o investidor, com diminuição de riscos. 

Em outras palavras, o Credit as a Service é um campo de oportunidades para uma fintech ter sucesso solucionando conflitos do setor de agro.

Leia também: Agtech: fonte de inovações do agronegócio brasileiro

DuAgro: conectando produtores e fornecedores de crédito 

O agronegócio é conservador e ainda prefere tomar crédito em agências bancárias. Isso pode ser explicado pela desconfiança no uso do digital. Olhando para essas questões, a DuAgro viu uma chance de negócio, mas, para "colher frutos" no setor, precisou, antes, entender a jornada do cliente rural. 

A DuAgro tem uma base grande de clientes que são intermediadores de crédito e que queriam melhorar a experiência dos produtores agrícolas. Essa foi a segunda oportunidade de atuação da fintech. Assim, a empresa criou um sistema flexível para levar soluções financeiras às indústrias, distribuidores e fornecedores rurais.

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Fonte: CBInsights, Marina Siqueira | LinkedIn, DuAgro, CNA Brasil.

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