IA e machine learning: fintechs podem fornecer capital de giro?

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O capital de giro é uma das principais ferramentas para fortalecer a saúde financeira de qualquer empresa. Em parceria com os bancos tradicionais, as fintechs estão criando novas soluções, a partir de inteligência artificial (IA) e de machine learning, para tornar as operações mais acessíveis e eficientes.

A gestão de finanças mais tradicional envolve técnicas para buscar antecipar as entradas de recursos e adiar as saídas para garantir um bom fluxo de caixa. Essa é uma tarefa que qualquer gestor humano consegue fazer com o auxílio de planilhas de Excel em pequenos negócios ou de softwares em estruturas maiores.

Em dias de "vacas gordas", as empresas tendem a não se preocupar muito com a liquidez. Nos momentos de crise, a questão ganha mais atenção devido a menor disponibilidade de recursos imediatos no mercado. Algumas vezes, é mais barato captar recursos fora do que queimar o próprio caixa.

É aí que entra um gerenciamento de capital mais moderno. Aplicações mais poderosas ampliam a compreensão das finanças, proporcionando novas ferramentas, como a redução de risco, a otimização de balanço e até o fornecimento de liquidez para toda a cadeia de suprimentos. Para que esse processo mais complexo aconteça, a automação das decisões é fundamental.

O gap da automação

 

Capital de giro 01Grandes empresas podem ter dificuldade de excluir a intervenção humana de seus processos financeiros. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Um estudo realizado pelas consultorias Capgemini e Longitude com 500 executivos seniores de finanças de empresas da América do Norte e da Europa com receita anual superior a US$ 2 bilhões demonstrou o gap da gestão das companhias frente ao potencial das ferramentas digitais.

Até 69% das funções financeiras poderiam ser automatizadas a curto prazo. Apesar disso, menos da metade dos processos financeiros é totalmente ou quase automatizada em setores diversos, como produtos de consumo, varejo, serviços financeiros, manufatura, mídia e entretenimento.

Uma pequena parcela, equivalente a um quarto das empresas, lidera a utilização de tecnologias para facilitar a gestão de finanças. Esse grupo seleto já automatizou, ainda que parcialmente, todos os processos abordados no levantamento, enquanto o restante ainda tem um caminho longo para percorrer na transformação digital.

Se as big companies dos países desenvolvidos ainda precisam avançar muito para melhorar a automação de seu gerenciamento financeiro, no caso das organizações menores em nações em desenvolvimento, como o Brasil, a situação é mais complicada.

As médias, pequenas e microempresas podem sofrer, de forma indireta, os efeitos colaterais pela ausência da digitalização de processos das instituições maiores. Por exemplo, muitas vezes, os bancos preferem se negar a realizar as operações de capital de giro, pois o volume baixo não justifica o custo de um profissional experiente avaliar o potencial de inadimplência.

Mas isso não precisa ser assim. As tecnologias tornam a avaliação do risco mais viável. A automatização permite a realização de pontuação de crédito para pequenos negócios com muito mais frequência do que os empréstimos tradicionais, dando impulso a milhares de boas ideias de negócios.

Como começar a automação da gestão financeira?

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Soluções desenvolvidas por fintechs fornecem insights preciosos que ajudam a dar maior confiança e baratear os custos financeiros. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Um gestor financeiro, ainda que tenha larga experiência e um olhar afiado, não consegue avaliar a saúde de diversos processos ou organizações ao mesmo tempo em questão de segundos. Mas uma máquina é capaz de fornecer insights sem muita dificuldade após ser alimentada com um conjunto absurdo de dados.

Essa abordagem inovadora permite identificar os problemas e testar as alternativas das operações comerciais em situações hipotéticas, antes de encarar a solução real, economizando recursos e um tempo precioso. Quando feita, a automação financeira é realizada com três objetivos principais:

  • eficiência do processo;
  • melhoria do planejamento financeiro;
  • aperfeiçoamento da conformidade.

Contudo, não basta dar um input nas informações e aguardar a mágica acontecer. Os formatos de entrada passíveis de erros devem ser eliminados, e os demais dados precisam ser padronizados para alcançar a sinergia máxima.

O uso de sistema de gestão integrado, ou Enterprise Resource Planning (ERP), deve ser otimizado para permitir que os processos sejam uniformizados. Isso permite identificar as oportunidades para implantar a Robotic Process Automation (RPA), definindo regras a serem executadas de forma repetida.

Depois dessa etapa introdutória, a solução de RPA pode ser combinada com IA para multiplicar as possibilidades de tarefas a serem realizadas sem intervenção humana. Com o aprendizado de máquina a partir das interações, os processos melhoram conforme a utilização, e a evolução praticamente não tem limites.

O papel das fintechs

De modo geral, grandes corporações demandam de cooperação para inovar. Por isso, buscam atrair startups capazes de identificar as dores antes de serem percebidas e fornecer o remédio certo para a situação.

Não à toa, essas organizações costumam incorporar as novas ideias em seus negócios. As fintechs conseguem desenvolver produtos de forma ágil, abusam das novas tecnologias e estão sempre atentas às tendências dos mercados tech e financeiro.

A prova de seu sucesso é que, no Brasil, segundo pesquisa da KPMG e da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap), quase 30% dos R$ 46,5 bilhões aportados por fundos de venture capital em startups no último ano foram para os bolsos das fintechs e insurtechs

Os investidores estão apostando alto na redução da burocracia e no aumento da inclusão bancária para alavancar os resultados. Isso porque essas soluções podem ser adaptadas e aprimoradas para atender os anseios de empresas de todos os tamanhos. É o famoso win-win!

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Fonte: Simply, FMI, HypoVereinsbank, OCDE, Abvcap.

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