Investimento em inovação faz PIB da China continuar crescendo

Por
Tempo de Leitura: 2 minutos

Sem inovação, a economia não sai de seu estado de equilíbrio. A afirmação é do economista austríaco Joseph Schumpeter, que se tornou célebre no século 19 e até hoje é uma referência teórica muito estudada.

Schumpeter formulou uma teoria que demonstra como a criação de novos processos, métodos e tecnologias são capazes de romper os momentos de crise e estagnação econômica e criar novos ciclos de crescimento.

Investimento em inovação na China

Após algumas décadas de copycat que permitiram à China reunir os recursos necessários para investir em educação e criar parques tecnológicos de classe mundial, o país colocou muitas de suas fichas em projetos de ciência e inovação.

A China resolveu investir em inovação, ao invés de, por exemplo, conformar-se em ser “fábrica do mundo”, oferecendo sua mão de obra e recursos energéticos para produzir bens criados em outros mercados.

O resultado do esforço chinês ainda está para ser medido, uma vez que as marcas e tecnologias próprias ainda vivem uma disputa com corporações internacionais, como as redes 5G da Huawei, os drones da DJI e as plantas solares da Han Energy.

No entanto, em termos de capacidade de gerar crescimento econômico, os números não deixam dúvidas sobre como foi acertada a decisão chinesa de investir em ciência e tecnologia.

No mundo “pós-Covid”, a economia global patina em meio ao baixo crescimento e inflação em muitos mercados, com notável exceção para as empresas de tecnologia. Na China, a premissa não é diferente.

xangai, na china

Xangai, na China. Fonte: Unsplash

Crescimento do PIB da China

Esta semana, o equivalente ao ministério da Economia chinês divulgou que o PIB da China cresceu 2,5% ao longo de todo o primeiro semestre. Pode parecer pouco para uma economia que já se expandiu a dois dígitos ao ano, mas não é.

Lembremos, por exemplo, que a política “covid zero” manteve alguns motores econômicos nacionais sob longo lockdown, caso de toda região metropolitana de Xangai, por exemplo.

No detalhe dos dados, vê-se que as exportações de itens de alta tecnologia foram as que mais contribuíram para as vendas chinesas no exterior.

Na mesma toada, diz o ministério da Economia chinês, os investimentos estrangeiros no país cresceram 17,3% em relação a igual período do ano passado.

Isso tudo em meio às animosidades crescentes com os Estados Unidos. Os setores de tecnologia e comunicações são os que mais atraíram capital, de acordo com o relatório oficial.

É claro que nem todo sucesso local pode ser atribuído à indústria tech. Parte importante do crescimento deve-se ao aumento do consumo das famílias (crescimento de 3,1%, acima da média do PIB da China). Esse consumo foi beneficiado por diversas políticas públicas, como o aumento na restituição de impostos para famílias trabalhadoras de baixa e média renda.

Mais uma vez, uma análise detalhada dos números do crescimento semestral na China nos mostram que foi o projeto nacional de fomentar a inovação e a criação de tecnologias próprias que permite o país seguir crescendo, apesar do Covid, da guerra na Ucrânia, das restrições americanas e demais adversidades.

Picture of Felipe Zmoginski

Felipe Zmoginski

Felipe Zmoginski é fundador da Associação Brasileira de Inteligência Artificial e foi head de marketing e comunicação de empresas de tecnologia da China, como Baidu e Alibaba. Zmoginski é fundador da Inovasia, consultoria especializada em organizar missões para a Ásia e colunista do portal UOL.

Autor