Abocanhar mais mercado faz parte dos sonhos de qualquer empresa. Nessa busca por fatias maiores, negócios precisam dedicar atenção especial a um ingrediente específico de suas receitas, à cereja do bolo. Estamos falando da área de logística!
Quando uma companhia otimiza o tempo de entrega dos produtos que oferece, garante a integridade das encomendas e amplia a escala e a eficiência de seus processos, ela se torna mais competitiva e se destaca positivamente em relação à concorrência. Mostra que o recheio de suas operações é tão interessante quanto a cobertura!
Para ajudar empresas a atenderem a essa necessidade crescente de eficiência logística — especialmente em um país com proporções continentais como o Brasil —, existem as logtechs. As logtechs têm como foco criar sistemas de ponta para fortalecer a logística e a operação das parceiras — e elas estão apenas começando a ocupar um espaço de grande consolidação, segundo Luiz Capistrano, Equity Research Analyst do Itaú BBA.
“Temos um mercado [logístico] extremamente pulverizado, no qual os maiores players têm um market share abaixo de 1%. Tanto dominantes quanto secundários podem, aos poucos, crescer não só organicamente, por conta própria, mas também inorganicamente, por meio de fusões, aquisições — comprando empresas, fechando parcerias”, afirma o profissional.
De acordo com Capistrano, a conectividade é uma das principais vantagens que as logtechs têm a oferecer. Ao investir em novas tecnologias para aprimorar a comunicação entre as diversas partes da cadeia de distribuição, as empresas solucionam a necessidade de acompanhar em tempo real a entrega dos produtos comprados – uma tendência de serviço oferecido aos consumidores.
Esse mesmo investimento traz como vantagem competitiva das logtechs o acompanhamento remoto da frota, algo que não está totalmente implementado nas empresas tradicionais do setor. Isso favorece a capacidade de telemetria das organizações, que é a “arte” de medir as coisas e pensar em formas de melhorar aquilo que ainda não está perfeito.
Essa última capacidade é outra vantagem que Capistrano observa nas logtechs, algo essencial para um ecossistema de inovação e mudanças constantes.
Os benefícios gerados pelas logtechs às empresas parceiras maximizam a percepção de valor em toda a cadeia produtiva: da relação com fornecedores à experiência do usuário final. Portanto, as “boleiras da vez” têm importância central no desenvolvimento saudável das indústrias e do varejo.
Logtechs geram valores a todos os envolvidos nas operações. (Fonte: Freepik/Reprodução)
Investimentos esperam por logtechs
Segundo o Distrito Logtech Report 2020, de 283 logtechs identificadas no país, mais da metade tem até cinco anos de vida — uma característica que revela um setor em seus estágios iniciais. Logo, é natural que muitas delas procurem meios para fazerem a "massa" crescer, como investimentos variados. De 2011 a 2020, US$ 1,3 bilhão foram investidos em logtechs no Brasil, aponta o levantamento.
Venture Capital, ou capital de risco, é uma das modalidades comuns de levantamento de recursos, por meio da qual outras empresas injetam dinheiro e/ou expertise na startup e realizam aquisição de ações ou direitos de participação. Voltado a pequenos e médios negócios, é preciso saber quando recorrer a esse tipo de "fermento".
Mesmo que todas possam ir atrás desse pote de ouro, o especialista em Equity destaca que há duas circunstâncias em que as logtechs despertam interesse especial de investidores: quando o operador logístico é dono do ativo (das frotas, por exemplo) e quando ele oferece serviços diferenciados para terceiros. Ou seja, startups que se encaixam nessas duas situações devem ficar de olho no capital de risco, pois essa modalidade ajuda as empresas a experimentarem um crescimento acelerado.
São exemplos desse perfil as logtechs com soluções que contemplam Internet das Coisas (IoT) e big data. Elas podem:
- conectar dispositivos a veículos para roteirizar trajetos de entrega, reduzindo custos e tempo de processos diversos;
- coletar e tratar informações em tempo real, dados fundamentais para tomadas de decisões;
- conceder meios de pagamento facilitado, assinatura eletrônica ou digital e simplificar processos burocráticos.
Já quem prefere não apostar em Venture Capital, ou não se enquadra nessa categoria, encontra opções como investidores-anjos. Estes, geralmente, têm participação minoritária no negócio e não apresentam posição executiva. Além disso, os empreendedores podem contar com private equity, quando empresas, instituições, fundos de investimento ou até mesmo investidores individuais apoiam as iniciativas. Se quiser conhecer mais sobre esse tal de equity, acesse essa matéria sobre equity e fique por dentro do assunto.
Como as logtechs podem se fortalecer?
As logtechs diferenciadas são aquelas que fornecem ferramentas capazes de contribuir para a evolução do setor de logística, expandindo escalas e tornando mais robustas empresas que aderem às suas soluções. Para que esse mercado nacional ganhe força, Capistrano defende a união de players grandes e pequenos. Isso, inclusive, abre as portas para desenvolvimento sustentável.
Thiago Macruz, Head of Research do Itaú BBA, exemplifica a questão: “Quando a gente fala de grandes empresas, existe esse foco cada vez maior em ter uma frota jovem, que implique em um caminhão cada vez mais leve, mais eficiente, com menos emissão de poluentes. Uma empresa menor ou um caminhoneiro independente sem acesso a crédito, eventualmente, estará exposta ou exposto a uma frota mais velha.”
“Se a gente encaixa esse movimento de consolidação mais forte no nosso país, em que transportadoras e operadores bem menores são acoplados a empresas maiores, essa nova empresa tem mais chances de revitalizar sua frota. De maneira indireta, melhora a segurança no trânsito, nas rodovias e destrava um corte na emissão de poluentes”, complementa.
Resumindo: aliadas a empresas de logística convencionais, logtechs modernizam o setor e trazem novos sabores ao mercado. Macruz destaca: “Tem muita coisa acontecendo, e isso só tende a crescer no país”. União, portanto, é palavra de ordem.
