7 motivos para estudar a transformação digital na China

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Quantas vezes você já foi aos Estados Unidos? Tirou férias na Europa? Ou leu artigos publicados em sites de negócios e inovação em inglês? Para a maior parte dos fundadores de startups e executivos de negócios, que têm o privilégio de pertencer ao menos às classes médias brasileiras, a resposta para as perguntas acima será um número (bem) acima de zero.

No entanto, o mesmo raciocínio não é válido se trocarmos os países líderes em inovação no ocidente pela China, nação que ascende para tornar-se a maior economia do mundo (em PIB nominal).

Mas, afinal, por que deveríamos observar os modelos de negócio e transformações digitais da China, um país de cultura e hábitos tão distintos de nosso mercado doméstico?

Confira sete motivos que justificam o esforço em compreender o avanço digital chinês

1. China tem a maior economia digital do mundo

Desde o longínquo 2008, a China é o país que mais tem pessoas conectadas à web. Atualmente, esse número está na casa do 1,1 bilhão de cidadãos online, dos quais 380 milhões já usam, em seu dia a dia, conexões 5G.

O aspecto mais interessante, porém, é que tais conexões são efetivas na transformação digital da economia doméstica. Tome o varejo, por exemplo, como referência: por lá, 52% das compras acontecem em canais digitais. Em países avançados, como os Estados Unidos, este índice é de 21%.

O uso de moeda virtual, como Alipay e WeChat Pay, é praticamente onipresente. Inclusive, isso se tornou um problema para estrangeiros que visitam o país e precisam comprar algo com dinheiro de papel.

Logo, a possibilidade de uma grande inovação vir deste mercado hiperconectado é bastante razoável.

2. China tem a maior produção industrial do mundo

Se seu modelo de negócios não é totalmente digital e, em algum momento, você precisará integrar alguma solução física, pesquisar um hardware específico que resolva um problema detectado por sua empresa ou mesmo fabricar, em larga escala, algum componente... seu destino fabril muito provavelmente será a China.

O país tem o maior parque industrial do mundo e os custos mais competitivos. Além disso, é difícil citar uma grande marca global (da Apple à Honda) que não terceirize parte de sua produção para parceiros chineses.

3. Classe média chinesa tem 550 milhões de pessoas

A caminhada chinesa rumo a uma sociedade de “moderada prosperidade para todos”, como prometem os planos nacionais, ainda parece um objetivo bem distante, diante da concentração de renda e desigualdade que se desenha no país.

Apesar disso, o tamanho da classe média nacional é calculado em 550 milhões de pessoas. Para efeito de comparação, a população de toda a União Europeia é de 448 milhões de habitantes.

Um mercado tão rico é uma nascente de novos modelos de negócio e soluções criativas e monetizáveis.

4. Mais de 200 unicórnios tem origem chinesa

Segundo cálculos da Investopedia, o país com mais unicórnios no mundo segue sendo os Estados Unidos, que é líder global também em volume de venture capital disponível.

Porém, a mesma fonte reconhece que mais de 200 startups chinesas se tornaram unicórnios ao longo da última década, o que faz do país um destino incontornável para quem observa modelos promissores de negócios.

5. China tem o maior volume de robôs integrados à produção

Em termos percentuais, Coreia e Japão possuem as indústrias mais automatizadas do mundo.

Em números absolutos, no entanto, é a China o mercado que mais integrou robôs para montar, soldar, cortar, transformar, enfim, construir bens de consumo e de produção. 

Este fato torna o destino um lugar único para compreender em que direção — e em qual velocidade — a indústria global está se transformando.

6. China é país com maior volume de patentes blockchain

O uso de soluções apoiadas em tecnologia blockchain está transformando negócios em múltiplas áreas no mundo todo. Comprar e registrar imóveis, transacionar dinheiro, validar contratos, realizar comércio internacional, armazenar prontuários sigilosos de saúde etc.

A razão para tal sucesso é o fato de o blockchain reduzir drasticamente a burocracia e os custos envolvidos nestes processos.

Segundo a Organização Intelectual para a Propriedade Intelectual (OIPI), o país com mais patentes e aplicações registradas de blockchain é a China.

7. China terá 80% de sua energia sem fontes fósseis em 4 décadas

É só uma promessa, mas quem visitou Beijing há dez anos e vê o céu da cidade agora nota claramente como a poluição desapareceu do céu da capital chinesa.

O país é líder mundial na adoção de carros elétricos. Metrópoles inteiras, como Shenzhen e Hangzhou, trocaram a frota de ônibus e táxis por veículos movidos a energia. 

Além disso, o avanço na adoção de plantas eólicas e solares na China é um case sem paralelo no mundo.

Leia mais textos da coluna sobre China no blog do Cubo!

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Felipe Zmoginski

Felipe Zmoginski é fundador da Associação Brasileira de Inteligência Artificial e foi head de marketing e comunicação de empresas de tecnologia da China, como Baidu e Alibaba. Zmoginski é fundador da Inovasia, consultoria especializada em organizar missões para a Ásia e colunista do portal UOL.

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