Dual track: o que é e quais são as aplicações práticas
Objetivo é agilizar o processo, gerar feedbacks constantes e criar sintonia entre os envolvidos para o melhor desempenho de projetos
Para que a concepção de um produto aconteça de maneira efetiva, gere bons resultados e entregue valor, duas fases do processo de desenvolvimento precisam acontecer de forma integrada.
Na prática, a descoberta e a entrega (discovery e delivery) devem ocorrer de forma simultânea e colaborativa. Essa é a concepção do modelo dual track, que consiste em rodar essas duas “tracks” de maneira harmoniosa e, principalmente, não isolada.
A ideia principal do modelo dual track (faixas duplas) é a de que descobrir o que construir é tão importante quanto o próprio processo de construção no planejamento de trabalho. O termo “dual track” foi idealizado pelo designer de produtos Jeff Patton e pela gerente de produto Marty Cagan.
Ambos defendem o uso de desenvolvimento inteligente com uma estrutura única e ágil na qual os dois fluxos (descoberta e entrega) funcionem simultaneamente, sustentando um ao outro em intervalos regulares. Em vez de as duas equipes esperarem finalizar um processo para começar outro e mudar de foco, elas seguem os dois processos ao mesmo tempo, de forma paralela, e em prol do sucesso do trabalho.
A partir dessa metodologia, é possível reduzir os gargalos que surgem durante o desenvolvimento de um produto, como o envolvimento tardio da equipe no processo de descoberta e problemas de comunicação entre os dois grupos.
O objetivo é agilizar o processo, gerar feedbacks constantes e criar sintonia entre os envolvidos. Nesse sentido, há a oportunidade de aproveitamento das novas hipóteses encontradas. À medida que a equipe se apropria das etapas que estão em curso, mais insumos surgem para serem validados por todos.
Benefícios da metodologia
Os benefícios do uso do dual track acontecem em três frentes, com entrega de valor, aprendizado e aprimoramento das expertises e melhorias contínuas. Na prática, para começar a implementar essa metodologia, é importante pensar em alguns passos que podem acontecer de forma simultânea.
Primeiro, a equipe de Descoberta tem uma ideia para uma provável oportunidade de produto. No ciclo de descoberta são coletados insights, ideias de funcionalidade e métricas. Esse é o processo mais simples de entrega com percepções do usuário, mais enxuto, que se concentra em validar o que foi apresentado.
Embora feedbacks valiosos sejam colhidos nesse momento, percebeu-se que muitas ideias novas nasciam e eram colocadas em prática sem estarem devidamente endereçadas pela próxima equipe. Por isso, algumas delas eram desenvolvidas e descartadas, o que prejudicava a eficiência do projeto.
Dual track defende estrutura única, colaborativa e ágil que reduz gargalos no desenvolvimento de produtos. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Na outra ponta, o time de Entrega começa a desenvolver etapas para o endereçamento de fato do produto. Todos precisam estar integrados para evitar problemas como a falta de informação do time de desenvolvedores sobre o que foi planejado para o produto, o uso de ferramentas e recursos que não correspondem às expectativas dos usuários, a troca demorada de feedbacks e o descarte de ferramentas que já estavam em desenvolvimento. Tudo isso requer a revisitação aos objetivos da empresa e uma integração constante entre os dois grupos.
Tradicional versus moderno
No processo tradicional, as desvantagens são a criação e a implementação de um ciclo de desenvolvimento muito longo em que os erros demoram muito para acontecer — e os acertos, mais tempo ainda. No caso do dual track, criam-se pequenos ciclos em que é possível errar e aprender rápido. É um formato que permite que o produto fique cada vez mais aderente ao mercado e ao que o usuário, de fato, quer naquele momento.
Quando orquestradas por todos desde o início, a integração das equipes nos processos de descoberta e a entrega mantêm o grupo motivado, geram sensação de pertencimento e criam um pleito a ser defendido. A equipe inteira se ajuda mutuamente, dentro e fora das áreas de atuação. Com a integração, o objetivo é que as pessoas possam compreender os dois processos como um todo de forma que gerem valor e tornem o produto prontamente utilizável.
No fim das contas, o objetivo é que isso gere o refinamento das ideias de forma mais estruturada, com transparência entre os envolvidos e o entendimento claro de negócio proporcionado pela prática. Como todos podem contribuir para os dois tipos de trabalho, há disposição natural para melhorar cada vez mais a entrega, identificando e descobrindo valores.
Além disso, a metodologia se baseia muito na análise de dados. Quanto mais acelerado for o processo de colocação do produto no mercado, mais métricas ficarão disponíveis e servirão para balizar a tomada de decisão das próximas ações. Daí, podem ser sugeridas e realizadas melhorias que vão permitir que o produto esteja alinhado às necessidades do usuário.
Redução de risco é fundamental no processo
Outro ganho é a redução dos riscos de seguir adiante com uma entrega que possa ser mal recebida pelo mercado. Isso acontece porque são criados protótipos para testar a aderência de certas ferramentas, colhidos feedbacks de clientes e validadas as ideias antes que elas cheguem até a equipe de Entrega.
Alinhamento de equipes é fundamental para um processo fluido capaz de validar ideias com eficiência. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Assim, o processo, realizado a quatro mãos tem o cliente no centro na tomada de decisão para que ele seja favorecido constantemente. A linha de pensamento do dual track se constrói com os esforços de todos.
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