Inovação aberta e fechada: qual a diferença entre elas?
A inovação corporativa é um componente essencial para quem quer se diferenciar no mercado. Seja na lógica incremental, com otimização de processos, até o processo de lançamento de novos produtos e spin-offs do core business, a inovação é uma parte fundamental da estratégia.
Nesse contexto, compreender a relevância e as diferenças entre inovação aberta e fechada torna-se importante. Combinar essas abordagens e perceber como a colaboração pode acelerar iniciativas contribui significativamente para a construção de uma estratégia de inovação eficiente.
Um dado importante para essa conversa vem do estudo O Futuro da Gestão da Inovação, realizado pela Inventta, com apoio do Cubo.
Ele mostra que as empresas brasileiras estão reorganizando suas estratégias: a busca por eficiência operacional se tornou prioridade, e práticas colaborativas como provas de conceito com startups, co-desenvolvimento com universidades e parcerias com institutos de pesquisa, estão em alta.
Começar a explorar os modelos de inovação passa por entender essas transformações e seus desdobramentos práticos. É isso que vamos fazer a seguir.
Resumo
Inovação aberta é quando empresas colaboram com agentes externos para cocriar soluções, compartilhar riscos e acelerar a inovação.
Inovação fechada é o modelo tradicional, em que todo o processo ocorre internamente, com foco em controle, confidencialidade e padronização.
As organizações mais maduras estão combinando os dois modelos em estratégias híbridas, adaptando a abordagem ao seu momento, setor e objetivos.
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O que é inovação aberta?
A inovação aberta propõe que organizações colaborem com agentes externos, como startups, universidades, institutos de pesquisa e clientes, para acelerar o desenvolvimento de soluções o desenvolvimento de soluções, compartilhar riscos e gerar valor conjunto.
Leia mais: Benefícios da inovação aberta: conheça as principais vantagens
O conceito foi proposto por Henry Chesbrough, em 2003, e desde então se consolidou como uma das abordagens mais eficazes para empresas que querem inovar com mais agilidade e menos desperdício de recursos. Em vez de centralizar todo o processo de inovação em estruturas internas, o modelo aberto conecta a organização ao ecossistema, e isso muda tudo.
Um modelo em expansão
Segundo o estudo realizado pela Inventta, as seguintes práticas estão entre as que mais crescem nas estratégias das grandes empresas:
- Provas de conceito com startups (PoCs)
- Codesenvolvimento com universidades
- Eventos colaborativos e desafios de inovação.
Não à toa: inovar em rede permite testar mais rápido, errar mais barato e aprender de forma contínua.
Além disso, a inovação aberta tem se mostrado um caminho eficiente para impulsionar duas agendas centrais nas lideranças corporativas: ESG e transformação digital. Ao trazer diferentes vozes para a mesa, inclusive de quem sente os problemas na ponta, a empresa aumenta as chances de criar soluções mais sustentáveis, inclusivas e escaláveis.
A lição aqui é clara: abrir as portas não enfraquece a inovação, fortalece.
Leia mais: Inovação aberta: o que é, benefícios e dicas para implementar
O que é inovação fechada?
Inovação fechada é o modelo no qual todo o processo de criação acontece dentro de casa. As ideias, os recursos, os times, tudo parte de estruturas internas da organização, como centros de P&D, laboratórios, squads dedicados ou áreas de engenharia.
Nesse formato, a empresa mantém controle total sobre as iniciativas de inovação, desde a concepção até a entrega. É um modelo que privilegia confidencialidade, proteção intelectual e padronização dos processos.
A inovação aberta tem um papel relevante, principalmente em setores altamente regulados, com foco em tecnologia proprietária ou quando há risco estratégico envolvido.
Por que empresas priorizam esse modelo?
Em muitos casos, ele ainda é o mais eficaz para garantir consistência, segurança e foco em diferenciação, principalmente quando se trata de desenvolvimento de novos materiais e produtos que demandem pesquisa.
Além disso, segundo o estudo Gestão da Inovação 2025, práticas como gestão de portfólio de inovação, melhoria contínua de processos e desenvolvimento incremental de produtos seguem sendo amplamente adotadas, especialmente por empresas com alta maturidade interna.
Onde o modelo fechado se destaca:
- Projetos com segredo industrial ou alto risco competitivo;
- Ambientes regulatórios complexos, como saúde, alimentos ou finanças;
- Produtos que exigem padronização extrema e testes longos;
- Quando há capacidade técnica interna robusta para liderar o processo.
Inovação aberta x inovação fechada: qual a diferença?
A principal diferença entre os modelos está na origem das ideias e na forma como a inovação acontece: aberta envolve colaboração externa, enquanto fechada é conduzida internamente.
Abaixo, um comparativo claro:
Critério | Inovação fechada | Inovação aberta |
Fonte de ideias | Interna (P&D, equipes próprias) | Externa (startups, universidades, fornecedores) |
Controle | Total | Compartilhado |
Velocidade de implementação | Menor | Maior |
Custo | Centralizado, geralmente mais alto | Geralmente menor |
Proteção intelectual | Alta | Requer acordos e políticas claras |
A escolha depende do contexto e da estratégia da organização.
Quando adotar inovação aberta ou fechada?
A escolha entre inovação aberta ou fechada não é fixa, ela deve acompanhar o momento do negócio, seus objetivos e o grau de maturidade em inovação.
Inovação aberta faz mais sentido quando:
- A empresa quer testar ideias com agilidade e reduzir riscos de investimento.
- Há interesse em explorar novos mercados, tecnologias ou modelos de negócio de forma rápida.
Inovação fechada é mais adequada quando:
- O projeto exige sigilo, segurança ou regulação específica.
- O negócio já tem estrutura interna robusta de P&D.
- A estratégia envolve diferenciação proprietária, com foco em patentes ou tecnologias exclusivas.
Nesse caso, grandes empresas costumam investir em centros internos de inovação para manter o controle total, mas isso não impede que adotem práticas externas quando necessário.
O modelo híbrido de inovação: o mais comum e mais estratégico
Na prática, as empresas mais maduras estão combinando os dois modelos. Por exemplo:
- Mantêm suas equipes de inovação internas trabalhando em desafios core.
- Ao mesmo tempo, se conectam com startups, universidades ou institutos de pesquisa para acelerar temas específicos.
Esse movimento mostra que inovação, mais do que um modelo, é uma escolha estratégica em constante adaptação.
Riscos e desafios da inovação fechada e aberta
Não existe inovação sem risco. Mas entender os principais desafios de cada abordagem ajuda a tomar decisões mais conscientes, e construir estruturas mais resilientes.
Inovação fechada: os desafios do controle total
- Custo elevado: manter times internos, infraestrutura e pesquisa própria exige investimentos constantes.
- Dificuldade de antecipar tendências de inovação: ciclos longos de inovação dificultam a adaptação a mudanças rápidas do mercado.
Inovação aberta: os desafios da colaboração
- Alinhamento com parceiros: diferentes culturas, ritmos e expectativas podem gerar ruídos.
- Gestão de propriedade intelectual: é preciso definir bem quem detém o quê para evitar conflitos futuros.
- Falta de governança interna: sem uma estratégia clara, iniciativas abertas viram apenas ações isoladas e pouco sustentáveis.
A conexão entre inovação aberta, ESG e transformação digital
Inovação aberta vai muito além de acelerar produtos ou testar ideias com startups. Ela tem se mostrado uma poderosa aliada na hora de tirar o ESG e a transformação digital do discurso e colocar em prática.
Aplicações corporativas: onde cada modelo de inovação se encaixa melhor?
Cada modelo de inovação tem aplicações ideais, dependendo do tipo de desafio ou oportunidade a ser enfrentado.
Inovação fechada:
- Desenvolvimento de tecnologias proprietárias
- Projetos com alto grau de confidencialidade
- Ambientes regulados ou com exigência de compliance rigoroso
Inovação aberta:
- Validação rápida de novas ideias
- Cocriação com o cliente final
- Integração de tecnologias emergentes
Modelo híbrido:
- Desenvolvimento de novas linhas de produto com parceiros estratégicos
- Open labs e venture client programs
- Programas de aceleração alinhados à estratégia interna
O importante é que a escolha esteja alinhada ao objetivo do negócio, à cultura de inovação da empresa e à sua ambição de transformação.
O que a academia diz sobre os modelos de inovação?
Se a prática mostra que os modelos se complementam, a teoria reforça essa visão. Henry Chesbrough, professor da UC Berkeley, foi o primeiro a sistematizar o conceito de Open Innovation.
Estudos posteriores confirmaram que empresas que interagem com startups, universidades e centros de pesquisa aumentam suas chances de sucesso em projetos de inovação.
Ao mesmo tempo, a literatura acadêmica reconhece o papel da inovação fechada, especialmente quando:
- Há necessidade de proteção da propriedade intelectual;
- O processo de inovação é altamente técnico e exige controle extremo;
- A empresa investe continuamente em pesquisa interna.
Hoje, o foco dos estudos mais recentes está em como integrar as abordagens, e não em colocá-las em lados opostos.
A tendência nas universidades e centros de P&D é investigar modelos híbridos, que combinem abertura estratégica com profundidade técnica, criando sistemas mais resilientes, colaborativos e adaptáveis.
Como escolher e combinar a inovação aberta e fechada
No fim das contas, não se trata de escolher entre inovação aberta ou fechada, mas de entender quando e como aplicar cada abordagem de forma inteligente.
Leia mais: Tipos de inovação: conheça quais são os principais, aplicações e impacto
Empresas que se destacam são aquelas que constroem suas próprias arquiteturas de inovação, combinando práticas internas e externas com foco no impacto real, e não apenas na aparência de modernidade.
No Cubo, a gente vê isso de perto todos os dias: grandes corporações cocriando com startups, validando soluções com agilidade e transformando desafios em oportunidades concretas de negócio.
Antes de seguir, leve esse resumo sobre inovação aberta e fechada com você:
Qual a diferença entre inovação aberta e inovação fechada?
A inovação aberta envolve a colaboração com agentes externos para desenvolver soluções em conjunto. Já a inovação fechada concentra todo o processo dentro da empresa, com recursos próprios, garantindo controle e sigilo. A principal diferença está na origem das ideias e na forma como a inovação é conduzida.
Inovação aberta é melhor que fechada?
Depende do contexto. A inovação aberta é ideal para testar ideias rapidamente, reduzir custos e acelerar a transformação digital. A fechada funciona melhor em projetos que exigem confidencialidade, regulação ou domínio total do processo. O modelo mais eficaz é aquele que se adapta ao momento e à estratégia da empresa.
Quais os riscos da inovação aberta?
Os principais riscos da inovação aberta envolvem gestão de propriedade intelectual, alinhamento com parceiros e perda de foco estratégico. Também é necessário garantir uma governança clara para evitar conflitos e proteger os ativos criados em conjunto.