ESG e Net Zero: Meetup Oil&Gas discute agenda e desafios do setor

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“Combater a crise climática e da biodiversidade sem deixar ninguém para trás é o maior desafio da humanidade no século XXI”. Essa foi a fala que abriu o painel Meetup Oil&Gas, um evento organizado pelo hub Cubo ESG para discutir os avanços e os desafios ESG e Net Zero no segmento.  

O encontro contou com a presença do mediador Wellyngton Labes, Analista Sênior de Sustentabilidade no Itaú Unibanco, Gustavo Pinheiro, do Instituto Clima e Sociedade e outros quatro participantes, especialistas de longa data da indústria de Petróleo e Gás: Ana Paula Grether, da Vibra; Isabela Salgado, da Ipiranga; Alexandre Breda, da Shell e Gregório Maciel, da Petrobras. 

A partir de algumas provocações a respeito do papel do setor de Petróleo e Gás na transição energética e na agenda de descarbonização, os painelistas discorreram sobre as principais oportunidades e desafios para cumprir a agenda ambiental, social e de governança (ESG, no inglês) e atingir o Net Zero – zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa – até 2050.

E nós separamos aqui os principais insights dos especialistas, para você ficar por dentro de tudo!

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Meetup Oil&Gas tratou das tendências e principais desafios do setor para a agenda de ESG. (Cubo / Reprodução)

Como está o cenário no Brasil e no mundo?

Se, hoje, grandes corporações estão olhando para a agenda ESG e se comprometendo a reduzir e compensar suas emissões de gases como o dióxido de carbono e o metano, muito se deve ao Acordo de Paris.

Isso porque, em 2015, durante a COP 21, a Conferência das Partes das Nações Unidas (ONU), quase 200 países, incluindo o Brasil, assumiram o compromisso de limitar a elevação da temperatura média da Terra a 2ºC em comparação aos níveis pré-industriais, com esforços para não ultrapassar 1,5ºC, o que implica em zerar as emissões líquidas de gases do efeito estufa até 2050 ou antes.

No entanto, o prazo está cada vez menor. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), a temperatura da Terra já está 1,2ºC mais quente, se comparada ao período pré-industrial, o que é especialmente preocupante se pensarmos que a meta é de que a temperatura suba apenas 1,5ºC até o final do século – e ainda estamos em 2022.

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Sobre isso, Wellyngton Labes afirma que o setor privado traz um alento. De acordo com um levantamento da Climate Action 100+, 75% das empresas entrevistadas já têm uma meta de chegar ao Net Zero até 2050. O problema, para Labes, é o planejamento: “o grande gap está no curto prazo, a gente não sabe qual é o próximo passo”, diz ele.

Para Gustavo Pinheiro, Program Officer of Low Carbon Economy Portfolio no Instituto Clima e Sociedade (iCS), o Brasil precisa dar mais atenção ao combate ao desmatamento, especialmente da floresta Amazônica, se quiser realmente diminuir em 37% a emissão de gases do efeito estufa até 2025 – meta firmada após o Acordo de Paris e que ainda não foi atingida.

Além disso, o país precisa também continuar investindo em fontes de energia renováveis e menos poluentes, como os biocombustíveis e a energia solar e eólica, o que já vem sendo feito nos últimos anos. 

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Para os especialistas, o Brasil está em uma posição competitiva no mercado de energias renováveis. (Cubo/Reprodução)

E a transição energética?

Por sua enorme extensão territorial e imensa biodiversidade, o Brasil tem grande potencial para liderar a transição energética no mundo, e está, inclusive, à frente de muitos países desenvolvidos e de outras economias emergentes.

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2020, quase metade da matriz energética brasileira (48,3%) já vinha de fontes renováveis, enquanto o índice da média global foi de apenas 14%. “A gente está bem posicionado nessa corrida tecnológica”, destaca Alexandre Breda, Gerente de Low Carbon Technologies na Shell.

De acordo com Breda, não existe melhor país ou melhor momento para discutir energias renováveis e descarbonização do que no Brasil: “é um parque de diversões. Em todas as áreas a gente tem uma baita oportunidade”, afirma.

De fato, quando se trata da diversificação das fontes de energia e combustíveis, o Brasil apresenta muitas possibilidades, mas enfrenta alguns desafios, como o alto custo da tecnologia e a falta de incentivos e de regulamentação fiscal.

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“A diversificação de soluções é um desafio que vamos precisar superar nessa jornada de descarbonização”, comenta Ana Paula Grether, Gerente Executiva de ESG na Vibra Energia.

Para Gregório Maciel, Gerente de Reflorestamento e Projetos Ambientais na Petrobras, a transição energética é necessária, mas ainda existem muitas incertezas. “Esse processo vai exigir profundas transformações em toda a cadeia de valor do tecido econômico, além de elevados investimentos e muita inovação”, diz ele.

Isabela Salgado, líder de ESG na Ipiranga, concorda. De acordo com ela, não se pode pensar em transição energética sem considerar também a logística, ou seja, toda a rede de distribuição desses combustíveis, da qual fazem parte milhares de pequenas transportadoras. “A gente não consegue fazer essa transição sem incluir os pequenos”, pontua Salgado.

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"Não temos clareza de qual é o caminho", comenta Gustavo Pinheiro. (Cubo/Reprodução)

Soluções baseadas na Natureza

Por fim, os painelistas conversaram também sobre as Soluções baseadas na Natureza (SbN), que são ações inspiradas no funcionamento natural dos ecossistemas – como a remoção de carbono por meio das florestas, por exemplo. 

Para Alexandre Breda, o desafio maior dessa tecnologia é a sua comercialização, já que o mercado de crédito de carbono ainda não é regulado. “Existem movimentos tecnológicos em várias áreas, mas como podemos ter uma informação mensurável, auditável e comercializável?”, questiona Breda.

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Segundo Gustavo Pinheiro, o Brasil está em uma posição talvez até confortável demais na agenda de descarbonização, justamente porque as opções são muitas. “Oportunidades não nos faltam, mas talvez soframos da abundância delas. A escassez faz com que se construam alternativas criativas, então a gente acaba não construindo direcionamentos muito claros e perdemos o foco”, pondera.

Se você quer saber mais sobre as tendências em ESG e do setor de Petróleo e Gás, continue acompanhando o blog do Cubo!

Fonte: Um só planeta, Exame, Veja

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