O que é startup camelo e quais suas características?
O sonho de se tornar unicórnio não é mais o único para as startups. O movimento de reajuste do mercado iniciado em 2022 fez com que essas empresas tivessem que colocar os dois pés no chão, desenvolver resiliência e buscar equilíbrio de caixa para encarar um cenário menos favorável.
Fundadores têm buscado então modelos de negócios com desenvolvimento sustentável e adaptável às transformações socioeconômicas. E é aí que surge um termo cada vez mais popular: startup camelo. Quer saber tudo sobre esse tipo de empresa? Vem com o Cubo que a gente te explica!
Um passo de cada vez e as startups camelos chegam lá
Crescer a todo e qualquer custo é o caminho? A típica metodologia do Vale do Silício (Califórnia) preocupada em conquistar o chifre em espiral dos unicórnios não é mais o único foco para as startups em um cenário de constantes mudanças.
Pelo menos é o que defende Alex Lazarow, autor do livro Out-Innovate: How Global Entrepreneurs — from Delhi to Detroit — Are Rewriting the Rules of Silicon Valley, ao introduzir o conceito das startups camelos em um artigo publicado em 2020 na Harvard Business Review.
Sobreviver a condições inesperadas é o que torna os camelos perfeitos para representar o mundo dos negócios. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Apesar do menor acesso à capital financeiro e humano, essas startups usam três estratégias principais, de acordo com Lazarow, que são:
- método de crescimento equilibrado;
- modelos de negócios diversificados;
- visão a longo prazo do negócio e do mundo.
Os camelos representam então a construção contínua e a capacidade de sobrevivência dessas empresas mesmo em contextos mais difíceis.
Chega de queimar capital para ter retorno
Ninguém cria um negócio sem vontade de vê-lo prosperar e crescer, mas a queima desenfreada de investimentos sem buscar por um desenvolvimento mais sustentável é uma dinâmica que tem afastado lideranças e investidores.
É preciso tomar cuidado para não acabar trocando os pés pelas mãos pela ânsia por resultados exponenciais. Os camelos nos ensinam justamente a dar tempo ao tempo e desenvolver estratégias para avançar. No empreendedorismo, isso significa negócios com:
- pouco acesso a subsídios;
- desenvolvimento sólido;
- gestão de custos alinhada às curvas de crescimento;
- maior controle de founders, que levantam investimentos de riscos somente dentro do necessário.
Qualquer empresa pode aprender observando e aplicando as principais táticas das camelos, mas o cenário é favorável principalmente em mercados emergentes.
Negócios "fronteiriços" chamam a atenção
Estar na fronteira é se virar com menos recursos — financeiros, humanos, culturais, etc. Logo, são empresas na fronteira que estão despertando os olhares de Lazarow e de muitos outros investidores, pois elas vêm de mercados emergentes, mais suscetíveis a mudanças imprevisíveis no cenário macroeconômico.
No Brasil, a barreira burocrática para abertura de negócios faz que empreendedores tenham maior resiliência nos negócios. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Como a inconstância e a burocracia são desafios comuns a esses mercados, a capacidade de adaptação é natural, e o foco se concentra em desenvolver um portfólio diversificado de produtos que passam a integrar um ecossistema de soluções concretas com retorno a longo prazo.
O momento pede a adaptação dos camelos
"Nascer, repensar, adaptar e prosperar", esse é o lema para se tornar uma startup camelo e conseguir integrar um ecossistema de negócios consistentes. Quem não olha para o lado nem para o futuro fica para trás.
O mercado é favorável para startups com gestão de custos e lucros mais conservadores. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
No Brasil, um exemplo é a Housi, que recentemente foi classificada como camelo após adaptar o modelo de negócios e se transformar em um sistema de gestão operacional de edifícios e locações, crescendo 350% ao ano — o que levou ao equilíbrio da empresa e à geração de resultados para acionistas.
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Fonte: Harvard Business Review, Época Negócios, Exame, Gazeta do Povo, Promoview