Smart Agriculture: o impacto da tecnologia na produção agrícola

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A Agricultura Inteligente, conhecida como Smart Agriculture, é uma forma de usar a tecnologia a favor da produtividade no campo. Com um crescimento previsto de mais de 10% até 2030, segundo dados da Straits Research, a área promete melhorar a tomada de decisão e a gestão da água, do solo, do estoque e dos cronogramas de colheita, levando mais inovação, economia e sustentabilidade para fazendas de todo o mundo.

A tendência segue os caminhos da transformação digital e dá recursos para que a agricultura use melhor as informações disponíveis, deixando os processos ainda melhores e mais rápidos, no que Gregory Riordan chama de “Smarter Agriculture”. 

Em entrevista ao Cubo, o Diretor de Tecnologias Digitais para América Latina da CNH Industrial comentou que a agricultura é inteligente por natureza, “mas que podemos sim falar em uma produção ainda mais inteligente, com tecnologias digitais que melhorem os gargalos e ofereçam mais precisão e conectividade”.

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O  mercado da agricultura inteligente deve atingir 66 bilhões de dólares até 2030, segundo a Straits Research (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Inovação e conectividade no campo

Agricultura de precisão, automação de máquinas, pilotos automáticos e eficiência em uso de fertilizantes são alguns dos exemplos citados por Gregory como resultados de uma agricultura mais inovadora. Vantagens como essas contribuem para um uso mais eficiente e consciente de insumos e, com isso, geram impactos positivos no meio ambiente.

“A Agricultura 4.0 permite que a produção e as atividades agrícolas sejam medidas a partir da tecnologia. Com sensoriamento nas máquinas que possibilita acompanhar parâmetros como consumo de combustível e produtividade, e drones que fazem o mapeamento aéreo da lavoura de forma automatizada, por exemplo, conseguimos controlar os recursos de forma inteligente e com isso aprimorar o ciclo de planejamento, execução e análise. Tudo isso leva a uma melhoria contínua em toda a cadeia”, afirma. 

Entre os desafios para que isso aconteça de forma ampla e constante está a conectividade no campo. Atualmente, apesar de, segundo o Ministério da Agricultura,  70% das propriedades rurais brasileiras ter internet na sede da fazenda, a conectividade no campo onde a produção acontece ainda está abaixo de 30%. “O Brasil tem sido protagonista na tecnologia 5G, o que é muito importante pensando nas aplicações futuras que irão utilizar uma quantidade maior de dados, e a latência e a velocidade de transmissão serão críticas. No entanto, o 4G ainda tem um papel fundamental para expandir a conectividade nas áreas agrícolas e atende a grande maioria das aplicações disponíveis, gerando resultados relevantes e mais objetivos”, comenta o Diretor de Tecnologias Digitais para América Latina da CNH Industrial.

Novas tecnologias aplicadas à agricultura

Entre as principais inovações que impactam o campo atualmente, Gregory cita a agricultura de precisão e a Internet das Coisas (IoT) como soluções com potencial de otimizar a produção: 

“Agricultura de precisão é olhar espacialmente para entender o que cada lavoura precisa, usando tecnologias de GPS para que ações específicas sejam aplicadas a cada área.” Segundo ele, essas ações estratégicas geram economia de insumos, como combustível e uso de tratores, por exemplo, além de um nível maior de detalhes que leva a mais eficiência e sustentabilidade.

Já a Internet das Coisas pode ser aplicada na capacidade de uso de máquinas, equipamentos, sensores e monitoramento em tempo real, mesmo em áreas com menos conectividade. “IoT permite ter um olhar para a fazenda inteira, que muitas vezes ocupa áreas muito grandes. Problemas que o olho humano não conseguiria identificar podem ser detectados por sensores, com ajuda de algoritmos, além de ajudar na análise de muitas das variáveis que influenciam na agricultura, como solo, clima, precipitação, temperatura, velocidade do vento.”

“A Internet das Coisas traz previsibilidade, consegue fazer um diagnóstico antecipado para enxergar a lavoura por 24 horas e em sua totalidade.” Gregory cita ainda projetos nacionais que buscam levar conectividade ao campo para que tecnologias como IoT e Agricultura de Precisão alcancem áreas remotas, como o Conectar Agro, que já ajudou a conectar mais de 7 milhões de hectares no país com tecnologia 4G e quase o dobro desta área com a tecnologia NBIOT.

Em paralelo às ferramentas para ajudar a monitorar grandes áreas, a Smart Agriculture engloba ainda os pequenos produtores rurais, que representam 90% da produção do país. Para Gregory, “é muito importante empoderar os pequenos para produzirem mais, sensibilizando, trazendo ferramentas e democratizando o uso da tecnologia, além do impacto na produção que isso pode gerar”. 

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Sustentabilidade, pesquisa e tecnologia são tendências para o campo (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Previsibilidade e redução de desperdícios

Muito além de otimizar a produção, uma agricultura mais inteligente tem o poder de reduzir o uso desnecessário de recursos e assim impactar diretamente nas práticas de sustentabilidade que tanto temos falado. A preocupação com o meio ambiente faz parte da agenda dos produtores rurais e está diretamente ligada à previsibilidade, eficiência e geração de resultados.

De acordo com Gregory, nesse sentido temos dois fatores principais que se conectam aos subsistemas, para que a produção no campo seja feita de forma mais eficiente: planejamento e logística. Veja o que o diretor comenta sobre cada um deles:

  • Planejamento: ajuda no sequenciamento lógico, em saber onde se está plantando e colhendo, com visão em tempo real de situações do clima. O planejamento permite afirmar o que precisa ser feito, prevendo o resultado e usando recursos de forma estratégica. A partir dele, é possível saber a programação das máquinas e a necessidade de insumos, permitindo o planejamento preciso  das ordens de compras para trazer o produto no tempo certo. Isso gera economia de insumos e de tempo, um melhor fluxo de caixa e mais equilíbrio no uso de recursos.
  • Logística: a operação agrícola tem atividades acontecendo em todos os cantos, entre plantio, colheita, armazenamento, transporte, centro de manutenção, etc. É fundamental controlar as etapas de produção, para evitar perdas, a partir de ações como o monitoramento de veículoss por GPS, mapeamento de áreas com drones, salas de controle com machine learning, entre outras tecnologias que contribuam para um serviço mais eficiente e mais sustentável.

Tanta inovação pode acabar gerando resistência, considerando os diferentes perfis de produção e os impactos que a tecnologia pode causar no processo produtivo tradicional. Uma das formas de amenizar esse desafio, segundo Gregory, está na conscientização. “É preciso mostrar os benefícios, tornar mais eficiente, ganhar mais resultados, e conscientizando sobre isso trazemos mais informações, o que acaba sendo um papel importante da própria indústria”, afirma.

“O mais importante é ter muita clareza de qual é o problema que se quer resolver. O grande começo está no foco no cliente, conhecer as dores e, a partir delas, pensar nas soluções. A digitalização está também em aproveitar os padrões que já existem: o cenário de agro é tão grande que não esperamos resolver o mundo para o produtor, mas queremos resolver uma parte relevante dos seus desafios, integrando a tecnologia ao que já existe. Quando mais abertos nós formos, mais bem sucedido o processo vai ser.”

Acompanhe nosso blog para ter mais informações sobre a inovação no agro e a opinião de grandes especialistas no mercado.

Fonte: Exame, The Shift, Forbes

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