Inteligência artificial na saúde: healthtechs e as soluções de IA

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O uso da tecnologia tem o potencial de revolucionar vários setores da economia e não seria diferente na saúde. Muitas ferramentas estão sendo desenvolvidas com foco em simplificar a jornada de atendimento de pacientes.

Uma delas é a inteligência artificial (IA), que permite que profissionais da área realizem diagnósticos mais precisos, tenham resultados mais completos e interajam de maneira mais eficiente. E é nesse contexto que brilham as healthtechs.  

Essas startups atuam com ofertas de processos e ferramentas que vão desde a gestão hospitalar e comercial, passando pelo cuidado com o bem-estar de pacientes e telemedicina, até a geração de novos medicamentos e tratamentos.  

Quer saber como o desenvolvimento de soluções de inteligência artificial tem transformado a saúde? Continue a leitura! 

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Inteligência artificial na saúde: 5 exemplos de aplicação 

A IA está transformando o setor da saúde com aplicações que vão desde a melhoria do diagnóstico médico até a personalização de tratamentos 

Nesse cenário, as organizações que atuam no setor oferecem soluções baseadas em IA para aperfeiçoar a eficiência, a precisão e a acessibilidade dos cuidados médicos. 

De acordo com a MarketWatch, o mercado global com foco em IA na saúde é segmentado da seguinte forma: 

  • por oferta, a partir do desenvolvimento de softwares, hardwares e serviços de instalação, integração, suporte e manutenção; 
  • por tecnologia, por intermédio do aprendizado de máquina, processamento de linguagem natural, processamento consciente do contexto e método de consulta; 
  • por aplicação, que se dá na oferta de medicamentos, no gerenciamento do fluxo de trabalho hospitalar, na coleta e gestão de dados dos pacientes e posterior análise de risco, na avaliação de imagens médicas e diagnóstico, no gerenciamento de pacientes, na oferta de medicina de precisão, entre outras aplicações; 
  • pelo usuário final, que pode ser tanto o paciente quando faz uso dos serviços em hospitais e centros de diagnóstico, ou mesmo nas empresas farmacêuticas e de biotecnologia. Ou, ainda, por parte das operadoras de saúde. 

Atualmente, as healthtechs discutem também questões ligadas à IA inclusiva. Ou seja, para que a ferramenta seja eficaz, deve-se levar em consideração nas análises de casos todas as particularidades do paciente e suas características.   

A seguir, saiba mais cinco exemplos de aplicação e o que grandes companhias e healthtechs no mundo têm empregado o recurso. 

1. Diagnóstico médico

Uma das áreas que mais tem se beneficiado com a Inteligência Artificial na saúde é a realização de diagnósticos. E entre as companhias que está se destacando oferecendo soluções para tanto é a Google DeepMind, braço de negócios voltado para melhorar o setor da gigante de buscas cuja marca pertence à holding Alphabet. 

Entre os diversos exemplos de soluções lideradas pela companhia está o algoritmo de IA desenvolvido pela DeepMind e treinado para detectar doenças oculares a partir de exames de retina. A precisão é tamanha que é comparada ao que é feito por especialistas humanos.  

Esse avanço vem de encontro a um problema que atinge milhares de pessoas ao redor do globo. É o que a própria companhia argumenta, a partir dos seguintes dados divulgados: a perda de visão, principalmente entre idosos, atinge uma em cada três pessoas dos 65 anos em diante. O problema é definido como Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) e pode resultar em cegueira, quando não tratado de forma adequada. 

Em parceria com o Moorfields Eye Hospital e o Google Health, a DeepMind conduziu um teste, cujos resultados foram divulgados na revista Nature.  

Os pesquisadores levantaram um conjunto de imagens de retinas oculares e, na sequência, treinaram um sistema com IA para analisar os dados, comparando seus resultados com o feito por médicos especialistas. A conclusão é de que o sistema conseguiu fazer um diagnóstico precoce dos casos analisados e sua progressão da DMRI em um prazo de seis meses. 

Além disso, a mesma tecnologia tem sido aplicada para prever falência renal aguda até 48 horas antes de ocorrer, permitindo intervenções mais precoces. Para tanto, foi conduzida uma outra pesquisa, na qual o modelo de IA conseguiu prever corretamente 9 em cada 10 pacientes com essa condição e que, em razão da gravidade, necessitaram realizar o processo de diálise. Somente no Reino Unido, cerca de 100 mil pessoas convivem com a Lesão Renal Aguda (LRA). 

Assim como a Google DeepMind, o IBM Watson Health igualmente tem a capacidade de, por meio da IA, analisar grandes volumes de dados médicos e fornecer recomendações de tratamento baseadas em evidências.  

Um de seus casos de uso mais conhecidos é a assistência no tratamento do câncer. Nela, a tecnologia analisa a literatura médica para sugerir terapias personalizadas. Entre os exemplos de aplicação, está um estudo exploratório para recomendar o tratamento entre pacientes chineses com câncer de pulmão 

Dos 149 casos avaliados pela tecnologia no referido estudo, 65,8% apresentavam semelhança ao feito pela equipe de médicos. Contudo, os pesquisadores ressaltam que, apesar de a IA melhorar a eficiência do trabalho clínico, não pode substituir o trabalho conduzido por oncologistas.

2. Tratamento personalizado

A Tempus é uma healthtech que usa IA para analisar dados genômicos e clínicos com o objetivo de personalizar tratamentos para pacientes com câncer. A tecnologia desenvolvida pela startup promete auxiliar oncologistas a identificar terapias direcionadas com base no perfil molecular do paciente. 

Um dos seus feitos que, inclusive, ganhou visibilidade em um estudo publicado na revista Nature, coletou amostras de 500 pacientes com diferentes tipos de tumores. A partir da tecnologia, foi possível melhorar a identificação das mutações e reduzir as taxas de falsos positivos 

Com os resultados, foi possível entender até que ponto a análise do perfil molecular combinado juntamente com dados clínicos pode ajudar na recomendação de terapias personalizadas e ensaios clínicos. 

A imagem apresenta uma médica em frente a um painél digital, avaliando gráficos e imagens digitais de um paciente. A mulher é jovem e parda, e usa jaleco branco. O tema do artigo é inteligência artificial na saúde.O uso da IA tem aumentado as chances de tornar os diagnósticos médicos mais precisos e os tratamentos personalizados. (Fonte: Getty Images/Reprodução) 

3. Assistência na tomada de decisões

A Maggu, healthtech que faz parte do Cubo Itaú, criou um copiloto com algoritmos de IA que auxilia o time de atendimento de farmácias em diferentes etapas: da busca do melhor produto até recomendações personalizadas ao cliente atendido. 

O sistema também registra um histórico com dados prévios sobre clientes. Dessa forma, é possível tornar o atendimento posterior mais personalizado e, com isso, fidelizar o consumidor. Assim, há maiores chances de que ele entenda que, naquela farmácia, consegue ter um atendimento exclusivo, atendendo suas necessidades. 

Outra empresa que atua oferecendo a mesma modalidade de serviço é a Aidoc. A startup utiliza IA para analisar imagens médicas, como tomografias e ressonâncias magnéticas, o que ajuda os radiologistas a detectarem condições críticas com agilidade, como hemorragias cerebrais e fraturas. 

4. Gestão da saúde

Outra healthtech vinculada ao Cubo Itaú, a Wellbe, desenvolveu uma plataforma que conta com modelos preditivos para estimar custos de saúde. Com ela, é possível realizar a gestão de saúde corporativa, aliando inteligência de dados e tecnologia. 

A partir da IA, a startup consegue automatizar o gerenciamento dos planos de saúde empresariais e garantir economia e redução do trabalho operacional, de acordo com informações do seu site. 

Entre os públicos atendidos, estão corretoras, empresas e operadoras de saúde. Ao todo, a healthtech atende mais de 280 corretoras parceiras e mais de 1,8 mil empresas, correspondendo a 3,5 milhões de vidas seguradas. 

Além da Wellbe, outra healthtech que faz parte do Cubo Itaú é a Agendart. A empresa desenvolveu um software com a finalidade de gerar mais inteligência e automatização aos processos de gestão da saúde 

Por meio da tecnologia, a startup promete reduzir até 70% de faltas de pacientes nas consultas. Isso é possível por meio de um mapeamento de perfil gerado a partir de IA.  

O sistema dispõe de um prontuário eletrônico com prescrição, sendo possível realizar o agendamento de consultas, criar lembretes automáticos por SMS e WhatsApp aos pacientes, realizar teleconsulta e fazer a gestão financeira.

5. Telemedicina

A Doctari, healthtech uruguaia que também integra a curadoria de startups do Cubo Itaú, desenvolveu um sistema com IA.  

Além de realizar consultas de forma remota e digital, permite aos profissionais de saúde realizarem um diagnóstico com o apoio da tecnologia. 

Usos e benefícios da Inteligência Artificial na saúde 

De forma geral, a IA pode ser implantada em três etapas na jornada de atendimento ao paciente. A primeira é no autodiagnóstico digital, que pode auxiliar pacientes, evitando idas desnecessárias ao consultório.  

Assim sendo, aplicativos servem como auxiliares virtuais de saúde que podem conversar com pacientes de maneira empática sobre suas condições. Dessa forma, eles fazem sugestões e até encaminhamentos para unidades de atendimento.  

A segunda etapa visa acelerar os processos de desenvolvimento e monitoramento de medicamentos no que diz respeito à eficácia e à segurança desses produtos. Já é possível, por exemplo, explorar o uso da tecnologia no apoio a ensaios clínicos orientados por telemedicina e dar consentimento de forma eletrônica.  

Por fim, na terceira etapa, podem ser citados o uso da IA como apoio à saúde e ao bem-estar. Desse modo, o recurso contribui para fazer um planejamento baseado em dados, permitindo, entre outras possibilidades, a realização de programas nutricionais individualizados, com planos de refeições para o metabolismo específico de determinada pessoa.  

A partir dos exemplos apresentados, é possível observar que usar a Inteligência Artificial na saúde gera os seguintes benefícios: 

Precisão no diagnóstico 

A IA pode ser um recurso tecnológico considerado inovador e bastante útil para analisar imagens médicas com alta precisão. Dessa forma, pode contribuir para diminuir o risco de diagnósticos equivocados.  

Ainda, permite avaliar condições de saúde em estágios iniciais, antecipando tratamentos e aumentando as chances de melhora ou até de cura. 

Maior agilidade 

Além disso, por processar grandes quantidades de dados com mais velocidade, os sistemas que utilizam IA aceleram o tempo de diagnóstico. 

Assim sendo, permitem que profissionais de saúde, como é o caso dos médicos, possam se concentrar no atendimento a pacientes. O que, por sua vez, amplia a oferta de mais consultas e agilidade nos processos como um todo. 

Tratamentos individualizados e personalizados 

Ao usar ferramentas com IA, profissionais de saúde podem desenvolver planos de tratamento sob medida. 

Para tanto, podem considerar os dados baseados no perfil genético e histórico médico do paciente que são registrados com o auxílio da tecnologia. Assim, aumentam a eficácia das intervenções clínicas. 

Monitoramento contínuo 

As tecnologias desenvolvidas usando algoritmos de IA podem monitorar os pacientes em tempo real. Com o auxílio digital, os profissionais de saúde ajustam os tratamentos conforme necessário, otimizando os resultados ao longo do tratamento oferecido. 

A imagem apresenta um médico, um homem jovem e afro-americano, vestindo jaleco e estetoscópio, que analisa imagens de raio X. Outras duas pessoas de costas acompanham a explicação dele. O tema do artigo é inteligência artificial na saúde.A Inteligência Artificial na saúde já provou ser capaz de diminuir a ocorrência de erros médicos, aumentando a segurança não só de quem trabalha, como dos pacientes. (Fonte: Getty Images/Reprodução) 

Redução de erros 

Com os sistemas apresentados anteriormente, foi possível perceber que, entre outras facilidades, a IA fornece aos médicos informações adicionais e análises detalhadas 

Dessa forma, profissionais de saúde podem contar com apoio da tecnologia em suas decisões clínicas.  

E, desse modo, ao fornecer uma segunda opinião baseada em dados, erros diagnósticos e terapêuticos são reduzidos. No fim das contas, há mais segurança nas análises médicas, bem como dos próprios pacientes. 

Otimização de recursos materiais e financeiros 

A IA pode, ainda, prever demandas e ajudar na alocação eficiente de recursos hospitalares, como leitos e pessoal médico. Dessa forma, ao melhorar a eficiência operacional, a tecnologia contribui para a redução de custos. 

E com a economia gerada para as organizações de saúde, é possível aumentar a capacidade de atendimento sem comprometer a qualidade dos serviços. 

Ou seja, a IA está revolucionando a saúde de diversas maneiras, proporcionando benefícios para médicos, profissionais de saúde e pacientes, tornando-se uma ferramenta indispensável no setor da saúde 

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Referências: 

MarketWatch, Google DeepMind, Nature, National Library of Medicine. 

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