Qual o papel do agro na transição para a economia de baixo carbono?

Por
Tempo de Leitura: 2 minutos

De acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a agropecuária responde por aproximadamente 25% das emissões de gases de efeito estufa, enquanto a mudança no uso da terra, que inclui o desmatamento, se refere a cerca de 45% das emissões.

É, então, um setor crucial para o atingimento das metas de descarbonização do Brasil, repleto de desafios e oportunidades de transição.

As principais fontes de emissão de gases de efeito estufa na atividade agropecuária incluem: 

  • fermentação entérica, fonte relevante de emissões de metano;
  • queima de resíduos agrícolas;
  • manejo de solo;
  • alteração do uso do solo por desmatamento

campo aberto com plantações e horizonte com céu azul

O manejo do solo é uma das fontes de emissão de GEE no agro. 

Entre os desafios do setor, o aumento da produtividade, a redução do desmatamento, a gestão de fornecedores e a mensuração das emissões de gases de efeito estufa (GEE) se destacam. Por isso, o Cubo preparou este artigo para te explicar cada um desses pontos em detalhes. Entenda a seguir!

Desafios para a descarbonização no agro

Confira alguns dos desafios e oportunidades para a alavancar a descarbonização do agro no Brasil.

1. Aumento da produtividade 

Apesar de avanços relevantes nas últimas décadas, existem oportunidades para incrementar a produtividade da pecuária no Brasil, particularmente na Amazônia.

De acordo com dados da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), uma pastagem degradada tem produtividade média anual de 2 arrobas por hectare, enquanto as pastagens em bom estado podem atingir 16 arrobas anuais por hectare

A degradação pode resultar da ausência ou do uso inadequado de corretivos e adubos, além do manejo incorreto de espécies forrageiras. 

O aumento na produtividade e a eficiência podem ter impacto sobre a área demandada para a produção de proteína animal.

Entre as oportunidades de melhoria na produtividade pode-se listar:

  • correção e adubação do solo para a produção de forragem;
  • adoção de sistemas de irrigação de pastagens;
  • manejo e rotação de bovinos nas pastagens;
  • adoção de estratégias para suplementação nutricional, a exemplo do creep feeding;
  • adoção de sistemas integrados, como a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) e os sistemas silvipastoris.

2. Desmatamento

De acordo com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), não será possível zerar as emissões de gases de efeito estufa até 2050 – em linha com o Acordo de Paris – sem interromper o desmatamento. 

O Brasil tem a meta de interromper o desmatamento ilegal até 2030. Um estudo desenvolvido pelo Instituto Clima e Sociedade demonstra que, se for mantido o ritmo atual de desmatamento da Amazônia, o Brasil excederá as emissões de GEE previstas para 2030 em até 137%.

Para o setor agro, o grande desafio reside na asseguração de operações livres de desmatamento ilegal, considerando que a origem dessas ações pode estar associada não à operação direta da companhia, mas sim à cadeia de fornecedores.

Oportunidades relevantes nesse sentido emergem da adoção de ferramentas de rastreabilidade e de gestão e monitoramento de fornecedores e do uso de ferramentas geoespaciais

descarbonizacao-agro

O combate do desmatamento ilegal compreende também a atuação de fornecedores.

3. Redução das emissões de metano

Um dos principais gases de efeito estufa gerados principalmente na pecuária é o gás metano (CH4), que, apesar de ter um ciclo de vida menor, apresenta maior potencial de aquecimento quando comparado ao dióxido de carbono (CO2).

Na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021 (COP26), em Glasgow, na Escócia, mais de 100 países se comprometeram a reduzir em 30% as emissões de metano até 2030

Nesse processo, o agro tem papel fundamental, e um dos grandes desafios está na adoção de tecnologias que permitam menor intensidade de metano na pecuária.

Algumas das soluções para a redução das emissões incluem a adoção de sistemas de ILPF, além do próprio aumento de eficiência.

4. Mensuração de emissões diretas e indiretas

Para estabelecer metas climáticas e atuar na redução de emissões, é imprescindível conhecer a linha de base, isto é, quais emissões de gases de efeito estufa atuais e processos originam a maior parte das emissões de cada companhia ou setor.

O acesso a dados primários, idôneos e comparáveis é um passo crucial na jornada até o net zero. 

O desafio é auxiliar as companhias, particularmente aquelas que estão dando os primeiros passos na jornada de governança ambiental, social e corporativa (ESG), a mensurar as próprias emissões de gases de efeito estufa e dar maior transparência a elas.

Confira mais conteúdos sobre inovação e ESG no blog do Cubo!

Picture of Cubo

Cubo

Somos o Cubo Itaú, uma comunidade que, desde 2015, conecta as melhores soluções para construir grandes cases de inovação para o mercado. Ao lado de nossos idealizadores, Itaú Unibanco e Redpoint eventures, e de um seleto time de startups e corporates, conquistamos o selo de um dos mais relevantes hubs de fomento ao empreendedorismo tecnológico do mundo.

Autor