Siderurgia e Metalurgia: como a inovação apoia a descarbonização do setor

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Qual o caminho para o avanço da descarbonização nos setores de Siderurgia e Metalurgia? Foi essa a pauta do Cubo ESG em seu último meetup de conhecimento, que discutiu as inovações em governança ambiental, social e corporativa para alcançar o NetZero nesses importantes pilares da economia. O hub busca responder aos principais desafios de descarbonização em setores prioritários e promove networking constante entre startups, empresas, aceleradoras, fundos e pessoas.

E o panorama para as startups que trabalham com questões ESG é promissor:

  • A transição energética e a busca pelo carbono zero devem gerar uma série de oportunidades de investimento para o desenvolvimento de soluções que visem reduzir o impacto das emissões de carbono na atmosfera. 
  • Até 2050, entre US$ 119,5 trilhões e US$ 194,2 trilhões devem ser aplicados para alcançar esse objetivo, segundo relatório da BloombergNEF.
  • Cada segmento energético tem um caminho diferente para descarbonizar o planeta. Enquanto 40% da energia nuclear necessária até 2050 já estão instalados, somente 10% da capacidade de produção energética eólica e solar estão disponíveis atualmente. 

Aquecimento global não será revertido, mas pode ser atenuado

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Taxa de aumento da temperatura até 2050 vai depender de esforços para descarbonizar a economia. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Já não é possível alcançar a meta estabelecida pelo Acordo de Paris, de limitar o aquecimento global em até 1,5°C em comparação aos níveis pré-industriais. No entanto, o planeta ainda pode conseguir limitar o aumento de temperaturas até 2°C, o que reduziria o impacto das mudanças climáticas.

“É preciso uma ação muito rápida e imediata”, considerou Natália Rypl, analista para América Latina da BloombergNEF. Para compreender as ações que devem ser realizadas, o relatório da consultoria analisou segmentos de eletricidade, transporte, indústrias e edificações, que são responsáveis por 72% das emissões de combustíveis fósseis.

A análise considerou tanto as tecnologias que estão sendo desenvolvidas quanto aquelas que são conhecidas, mas ainda necessitam de investimentos, além dos setores nos quais é mais difícil reduzir as emissões, como aço, cimento, alumínio, petroquímico, transporte marítimo e aviação.

A partir do estudo, foram projetados dois cenários principais até 2050:

  1. transição energética que diminui o uso de combustíveis fósseis, mas não oselimina da matriz energética mundial;
  2. NetZero, no qual a energia necessária para manter a economia funcionando estaria totalmente livre de emissões de carbono.

“No caso mais otimista, podemos chegar a 1,77°C”, avaliou Rypl. Para tanto, os setores econômicos devem fazer um esforço considerável para zerar as emissões de carbono até 2050 com uma curva de redução acentuada a partir de agora. Do contrário, caso a transição energética aconteça de forma mais suave, o aumento de temperatura ficaria em 2,6°C.

Picos de emissão em diversos setores ainda serão alcançados

A reversão do modelo de combustível fóssil para a descarbonização acontecerá de modo diferente em cada setor. “O ideal é que a gente alcance esses picos de emissão o mais cedo possível”, analisou Rypl.

A analista ainda deu alguns insights sobre o tema.

  • Ao contrário do que se pensa, a Guerra na Ucrânia teve impacto positivo na redução de emissões em 2022 no setor energético. “Foi um estímulo para vários países serem mais independentes e não quererem importar combustíveis fósseis de outros locais”, explicou a analista. 
  • No transporte, o cenário também é positivo, uma vez que as vendas de veículos elétricos no mundo devem dobrar até 2025.
  • O setor industrial, por outro lado, pode enfrentar mais desafios para alcançar o NetZero. Isso se deve tanto à complexidade de inovar dentro dos atuais modelos produtivos quanto ao aumento da demanda por produtos industrializados gerado pelo crescimento populacional mundial. 

O pico de emissões na indústria, no cenário de transição energética, deve ser alcançado apenas em 2044. O setor de eletricidade, o mais adiantado, atingiu o máximo de emissão em 2022, enquanto o segmento de transporte deve chegar apenas em 2028, segundo projeções da BloombergNEF. Contudo, o setor de edificações somente vai atingir o pico em 2050.

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Caminhos para alcançar o cenário de NetZero

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Cada país tem uma meta própria e enfrenta desafios únicos para zerar as emissões de carbono. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

A geração de energia limpa e a eletrificação terão papel fundamental para atingir a meta de emissão zero de carbono até 2050. No entanto, cada país terá a própria realidade em relação à transição energética e deve investir em tecnologias mais adequadas às necessidades apresentadas.

  • A China, por exemplo, tem matriz baseada em combustíveis fósseis e precisa investir pesado em energias renováveis, como eólica e solar, em substituição ao carvão. 
  • Nações com matriz de baixa intensidade de carbono, como a França, devem apostar na eletrificação, sobretudo no transporte, onde o modal apresenta mais eficiência energética.

A construção da transição para o NetZero envolverá também o uso de hidrogênio e a captura de carbono. “O hidrogênio será bastante utilizado na indústria de aço, substituindo o gás natural”, considerou Rypl. Para isso, será necessário reduzir o custo de substituição, principalmente pelo hidrogênio verde, que deve ser o mais usado até 2050.

Mercado de carbono é modelo mais justo para indústria

A negociação de créditos de carbono ainda não foi regulamentada no Brasil, mas já existem iniciativas em desenvolvimento. “O mercado de carbono é o modelo mais justo, mais coerente, que garante mais competitividade para o setor industrial”, defendeu Cenira Nunes, gerente de Meio Ambiente da Gerdau.

Para implementar a solução no Brasil, é necessário considerar experiências mais amadurecidas, como as do mercado europeu, para avaliar os avanços e os desafios enfrentados. Na Europa, o crédito de carbono ficou muito caro, o que pode desestimular o mercado de carbono, mas pode incentivar empresas a adotar soluções próprias de descarbonização.

“O crédito de carbono de florestas é mais efetivo”, afirmou Raquel Montagnoli, gerente de Sustentabilidade da CBA. Os biomas brasileiros são únicos e exigem metodologia própria para garantir a confiabilidade das informações. No ano passado, a empresa realizou a primeira emissão de crédito de carbono do Cerrado.

Inovação para construir soluções de longo prazo

A inovação será fundamental para empresas alcançarem as metas de descarbonização; no entanto, grande parte da tecnologia necessária para atingir essas metas ainda não foi desenvolvida. “Não existe ‘bala de prata’ nessa questão”, ressaltou Guilherme Abreu, gerente-geral de Sustentabilidade da ArcelorMittal Brasil.

A utilização de hidrogênio na siderurgia e na metalurgia para a redução direta das emissões de carbono é promissora, mas a aplicação do combustível na cadeia produtiva ainda requer uma série de adaptações para a disrupção do modelo atual. Isso exige investimentos, tempo e novas soluções de mercado.

Mesmo nos setores em que a transição foi iniciada, o investimento em pesquisa é peça fundamental na estratégia de ESG. “Quanto mais a empresa já tem um produto de baixo carbono, mais ela vai precisar de tecnologia e inovação para reduzir cada vez mais e chegar ao NetZero”, finalizou Montagnoli.

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