Web Summit Rio: as principais tendências e discussões do festival
O Web Summit Rio 2023 marcou a primeira edição do evento — um dos maiores de tecnologia de todo o mundo — em terras brasileiras. Pela primeira vez fora da Europa, o festival contou com ingressos esgotados e nomes como Gabriel Vasquez, Meredith Whittaker e Kelly Burton na programação.
O evento promoveu discussões a respeito das temáticas que estão em alta no setor de tecnologia, com (muito) destaque para a inteligência artificial (IA), além de perspectivas sobre o panorama de investimentos em empresas do segmento e das questões climáticas.
Quer saber quais foram os principais tópicos abordados no Web Summit Rio e como eles reverberam no cenário de tecnologia e inovação? Confira a seguir!
Inteligência artificial
É fato: a IA é a “bola da vez” e isso ficou mais do que nítido durante os três dias de conteúdo do evento. Mesmo nas sessões em que a tecnologia não era o tema principal, visões a seu respeito eram apresentadas.
E as opiniões sobre a IA não são homogêneas. Para Meredith Whittaker, do Signal, por exemplo, o uso de dados, seja para construir as ferramentas, seja para alimentá-las, em conjunto com as informações “enganosas” geradas a partir desses inputs, são nocivos à sociedade.
Meredith Whittaker, do Signal, trouxe suas perspectivas a respeito do uso da inteligência artificial no Web Summit Rio.
Por outro lado, há quem defenda que a tecnologia é útil e pode ajudar as pessoas a serem mais produtivas. É o caso de Ben Goertzel, da SingularityNET, e Itxaso del Palacio, da Notion, que já veem uma entrega de valor para uma grande quantidade de pessoas, inclusive de indicadores para investidores.
Há quem vá ainda mais fundo, como Daniela Braga, da DefinedCrowd, e acredite que a próxima revolução industrial será baseada em IA e todos os setores serão impactados por suas ferramentas e modelos na chamada indústria 5.0.
No meio do caminho, existem entendimentos como o da cientista de dados da Google, Cassie Kozyrkov. Segundo ela, a “revolução” que está acontecendo é, na verdade, de design e experiência do usuário, pois as ferramentas agora estão na mão dele e não por trás de softwares e aplicativos.
Investimentos
Outro ponto muito debatido no evento foi o cenário atual de investimentos em startups, principalmente na modalidade de venture capital (capital de risco, em tradução livre). E, de modo geral, as perspectivas dos investidores estão otimistas.
Apesar do cenário de redução nas rodadas de venture capital do último ano, os investidores mostraram-se otimistas no Web Summit Rio. (Foto: Reprodução/Pixabay)
Sobre a baixa ocorrida no ano passado, é praticamente consenso entre quem trabalha na indústria de que o que aconteceu foi um movimento de reajuste — que segue em curso. Segundo os investidores, o olhar, que antes estava voltado para empresas com crescimento acelerado, agora se vira para negócios sustentáveis financeiramente e perenes.
Algumas previsões compartilhadas no festival:
- A América Latina está e deve se manter no radar dos investimentos por conta do potencial da região em solucionar problemas com tecnologia.
- As fintechs devem continuar com um terreno fértil quando o assunto é captação de recursos.
- Soluções com foco em IA, clima e biotecnologia também estão em alta.
- Prazo de recuperação total do mercado? De um a três anos.
Um mantra ouvido diversas vezes durante o evento: “bons negócios sempre terão investimentos”.
Diversidade e inclusão
As pautas de diversidade e inclusão também tiveram destaque no Web Summit Rio. Logo na abertura, a ativista e cofundadora do Black Lives Matter, Ayo Tometi, já apresentou sua visão a respeito das questões raciais.
Apesar de enxergar um avanço da agenda nos últimos anos, ela acredita que a luta deve ser percebida de uma forma mais ampla, contemplando questões como gênero, educação e saúde. A ativista também falou sobre a importância das redes sociais para ecoar informações relevantes e organizar movimentos.
Já Kelly Burton, da Black Innovation Alliance, trouxe para o Web Summit Rio a perspectiva da superação de estereótipos para o avanço da diversidade e inclusão. Para ela, a desconstrução de conceitos enraizados e reproduzidos é o primeiro passo para criação de uma cultura inclusiva.
Para além da diversidade na contratação, a inclusão e a transformação cultural das corporações devem ser prioridades, segundo especialistas. (Foto: Reprodução/Unsplash)
Burton ainda levantou um ponto interessante sobre o apoio para empreendedores negros realizado por sua organização. Mais do que ajudá-los a crescerem com seus negócios, o trabalho da Black Innovation Alliance é no sentido de construir um ecossistema que permita que eles se desenvolvam, recorrendo a grandes corporações parceiras e mesmo ao governo norte-americano.
Na mesma linha, Paula Englert, da Box 1824, falou sobre como, para além de contratar de forma diversa, as empresas precisam entender o papel da inclusão nos negócios e na sociedade e trabalhar para atrair, reter e desenvolver talentos, buscando reparar a desigualdade presente no cotidiano.
Clima
Não poderia ser diferente, outro assunto presente no Web Summit Rio foi a relação entre tecnologia e clima. A urgência das tratativas para desacelerar os impactos da crise climática foi o tom da pauta, com destaque para temáticas como:
- Descarbonização — uso de soluções tech para apoiar o desenvolvimento da economia de baixo carbono.
- A necessidade de olhar para os povos originários e seus saberes para contribuir com a preservação ambiental e desenvolver tecnologias.
- O cenário favorável para investimentos nas climate techs.
- A demanda pela transição energética e seu impacto na redução da emissão de CO2.
A urgência da transição energética foi uma das pautas do Web Summit Rio. (Foto: Reprodução/Unsplash)
Corporate innovation
A inovação nas corporações também esteve presente nos palcos do evento e a partir de uma posição bem interessante: muito mais do que uma transformação tecnológica, ela deve acontecer a partir de uma transformação cultural.
E a receita para essa cultura inovadora parece ter alguns ingredientes-chave. Para Milton Maluhy, CEO do Itaú Unibanco, o segredo está no foco do cliente. Segundo ele, a partir dessa premissa é possível entender como a transformação deve ocorrer e direcioná-la.
Luiza Trajano, do Magalu, ressaltou um outro componente: a abertura para o erro. Para a empresária, é só assim que se inova de verdade, testando, valorizando e aprendendo com os pequenos erros.
O Web Summit Rio colocou em pauta temáticas importantes para o futuro dos ecossistemas de tecnologia e inovação, além de mostrar o potencial enorme do Brasil e da América Latina no segmento.
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