Corporate Venture Capital (CVC): o que é e como funciona
O Corporate Venture Capital (CVC) é uma estratégia em que grandes empresas investem em startups com foco em inovação e impacto.
Mais do que um cheque, esse tipo de investimento acelera soluções tecnológicas, conecta corporações a talentos empreendedores e amplia a capacidade de transformação dos negócios.
Confira a seguir como esse tipo de investimento funciona, suas principais vantagens e o panorama do CVC no Brasil!
Resumo
Corporate Venture Capital é uma estratégia em que grandes empresas investem em startups com foco em inovação, sinergia e crescimento conjunto.
Mais do que retorno financeiro, o CVC busca acelerar agendas estratégicas como IA, ESG e transformação digital.
Navegue pelo conteúdo
- O que é Corporate Venture Capital?
- Como o Corporate Venture Capital funciona?
- CVC, M&A, aceleradoras e incubadoras: entenda as diferenças
- Qual o objetivo do CVC?
- Vantagens do Corporate Venture Capital
- Inovação aberta e oportunidades
- O papel do CVC em áreas estratégicas: IA, ESG e transformação digital
- Como se preparar para um aporte de CVC
- Por que as empresas investem via CVC?
- O que considerar antes de criar um CVC?
- Como começar a implementar o CVC
- Futuro do Corporate Venture Capital
- O cubo como ponte entre CVCs e startups
O que é Corporate Venture Capital?
O Corporate Venture Capital é uma modalidade de investimento utilizada por corporações para se aproximar de startups e tecnologias de modo geral. É uma maneira de aumentar o acesso à inovação e gerar novas frentes de negócio, incluindo as disruptivas, de acordo com os objetivos da companhia.
Ivan Yoon, head de Investimento & Portfólio da Wayra Brasil e Vivo Ventures, explica que o investimento gera benefícios tanto para as startups quanto para as corporações, permitindo que ambos os lados cresçam e inovem em seus setores.
"Pelo lado da corporação, a inovação ocorre por meio da colaboração com startups, impulsionada pelo modelo de negócio. Já as startups buscam financiamento para crescer. O CVC permite que elas gerem negócios e contem com especialistas de diferentes áreas de grandes empresas. Essa parceria é benéfica para ambas as partes, oferecendo à startup a relevância necessária e à corporação a possibilidade de atuar com inovação através de um investimento estratégico", explica o especialista.
De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), no último ano foram 80 aportes da modalidade realizados no Brasil.
Como o Corporate Venture Capital funciona?
O processo do CVC pode variar de empresa para empresa, mas normalmente ele segue um fluxo com essas 6 etapas, confira-as.
1. Definição da tese de investimento
Tudo começa com uma tese estratégica: a empresa define em quais setores, tecnologias ou estágios de startups quer investir. A ideia é buscar sinergia com seu core business ou com movimentos de transformação futura.
Por exemplo: uma empresa do setor de logística pode buscar startups de IA, automação e transporte sustentável.
2. Estruturação do fundo
A empresa pode:
- Criar um fundo próprio de CVC (ex: Vivo Ventures, Itaú via Kinea)
- Ou co-investir com fundos tradicionais de VC, aproveitando a expertise do mercado.
Essa estrutura define como os investimentos serão feitos, qual o valor disponível e quais critérios serão seguidos.
3. Seleção das startups
As startups são analisadas com base em dois critérios:
- Potencial de crescimento
- Sinergia estratégica com os objetivos da corporação
É comum que, antes do investimento, haja uma prova de conceito (PoC) ou algum tipo de interação com as áreas internas da empresa.
4. Aporte financeiro
O investimento é feito em troca de uma participação minoritária. A startup continua operando de forma independente, mas pode contar com apoio comercial, técnico ou de imagem da empresa investidora.
5. Parceria e acompanhamento
Após o aporte, a empresa acompanha a evolução do negócio e busca oportunidades de gerar valor, seja por meio de mentorias, uso de tecnologia internamente, acesso a clientes, ou outros formatos de colaboração.
6. Saída (exit)
O desfecho pode acontecer de diferentes formas:
- Venda da participação no mercado (quando a startup cresce ou faz um IPO)
- Aquisição da startup pela própria empresa
- Ou mesmo encerramento do investimento, caso não haja sinergia ou retorno
Os contratos de CVC nem sempre têm um prazo de término. No venture capital tradicional, há fundos de dez anos de vida, por exemplo, com contratos divididos em cinco anos de investimento e outros cinco de desinvestimento.
“No Corporate V não tem esse limite de tempo, o investimento é realizado principalmente para poder extrair sinergias. Mas bons exits justificam também a criação de novos fundos dentro da corporação, então, não podemos deixar de olhá-los”, ressalta Yoon.
Leia mais: Estratégia de exit: qual a importância para a sua startup?
CVC, M&A, aceleradoras e incubadoras: entenda as diferenças
Dentro do funil de inovação, o CVC aparece geralmente nas etapas mais avançadas, quando a empresa já validou a tese de inovação aberta, experimentou parcerias com startups e busca agora soluções com fit estratégico e possibilidade de escalabilidade.
Veja como ele se diferencia de outros modelos:
- CVC: investimento em startups com foco em ganho estratégico (como acesso a novas tecnologias, mercados e capacidades).
- Aceleradoras: apoio tático no início da jornada, com mentorias e estrutura em troca de equity.
- Incubadoras: apoio técnico e institucional em estágios pré-mercado, com foco em desenvolvimento tecnológico.
- M&A: aquisição total ou parcial da empresa, com objetivo de integração ao core business.
Resumo prático: enquanto incubadoras e aceleradoras preparam startups e o M&A adquire, o CVC atua no meio, financiando inovação com liberdade operacional e retorno conjunto.
Qual o objetivo do CVC?
O CVC é uma forma das empresas se anteciparem ao futuro e testarem novas frentes com menos risco.
Entre os principais objetivos, estão:
- Acessar inovação fora do radar: muitas startups estão desenvolvendo soluções que ainda não existem dentro da empresa.
- Ganhar velocidade: em vez de criar do zero, é possível acelerar projetos já em andamento no mercado.
- Aprender com a cultura das startups: agilidade, foco no cliente, mentalidade de produto, tudo isso pode inspirar transformações internas.
- Criar novos negócios: muitas empresas usam o CVC como um caminho para construir novos produtos, serviços ou até spin-offs.
- Reduzir riscos de disrupção: investir nas soluções que podem ameaçar seu negócio é uma forma inteligente de se proteger, e também se reinventar.
Leia mais: Funil de inovação: o que é, quais são as etapas e como aplicar
Vantagens do Corporate Venture Capital
Além de apoiar o desenvolvimento e crescimento de soluções de base tecnológica, colaborando com a evolução do ecossistema de empreendedorismo tecnológico, o CVC traz uma série de benefícios diretos para as corporações.
Conheça os principais deles, elencados pela ABVCAP:
- Insights estratégicos sobre tecnologias, mercados e modelos de negócio;
- Acesso a opcionalidade por meio da criação de novos negócios e M&A’s;
- Engajamento comercial;
- Mudança de cultura (fomento à inovação);
- Aprimoramento da marca corporativa com posicionamento em inovação e apoiando a atração de talentos.
Inovação aberta e oportunidades
Ao adotar a inovação aberta, as corporações colaboram com parceiros externos, não apenas startups, mas também universidades, institutos de pesquisa, entre outros, para cocriar soluções inovadoras.
Por meio de CVCs, as empresas vão além do modelo tradicional de inovação, no qual a pesquisa e desenvolvimento são realizados internamente, e se utilizam dessas parcerias para além das fronteiras da corporação para conquistar melhorias em competitividade, otimização de processos e oferta de novos produtos e serviços.
Leia mais: Inovação aberta: o que é, benefícios e dicas para implementar
O papel do CVC em áreas estratégicas: IA, ESG e transformação digital
O CVC se tornou uma ferramenta essencial para acelerar agendas estratégicas como:
- Inteligência Artificial: ao investir em startups de IA, corporações adquirem tecnologias que otimizam processos, personalizam serviços e geram vantagem competitiva.
- ESG: o CVC ajuda a escalar soluções de impacto socioambiental, como energias renováveis, logística reversa e inclusão financeira.
- Digitalização: startups digitais contribuem com eficiência, automação e novos canais de relacionamento, principalmente em setores ainda analógicos.
Essa atuação reforça o alinhamento entre retorno financeiro e responsabilidade social, o que é cada vez mais valorizado por investidores e consumidores.
Leia mais: Transformação digital: o que é, importância e impactos
Como se preparar para um aporte de CVC
Para startups que desejam atrair um CVC, alguns pontos são fundamentais:
- Mostre sinergia com a tese da corporação: o alinhamento estratégico vale tanto quanto a tração de mercado;
- Esteja estruturado em compliance, governança e jurídico: empresas corporativas têm rigor;
- Demonstre potencial de aprendizado e integração com o ecossistema: CVC é sobre construir pontes, não apenas capital.
Já para corporações, o ideal é preparar a tese, organizar o processo e garantir que as ideias investidas realmente avancem no funil de inovação, seja por spin-ins, spin-offs, desenvolvimento conjunto ou licenciamento.
Leia mais: Mercado de startups: cenário no Brasil e na América Latina
Por que as empresas investem via CVC?
A motivação para o investimento corporativo em startups vai além do ROI tradicional. O CVC é uma ferramenta estratégica para:
- Acelerar o pipeline do funil de inovação, com soluções prontas para escalar;
- Explorar novas frentes de negócio, sem comprometer o core;
- Conectar-se a ecossistemas inovadores, fortalecendo sua posição como hub de inovação aberta;
- Antecipar tendências, como IA, ESG ou novos modelos digitais;
- Atrair talentos e cultura empreendedora para dentro da organização.
Leia mais: Ecossistema de inovação: o que é e como funciona
Do ponto de vista dos indicadores de inovação, o CVC é medido não só por múltiplos de retorno, mas também por métricas como: número de PoCs geradas, volume de aprendizado incorporado, sinergias captadas e novos produtos lançados a partir da parceria.
O que considerar antes de criar um CVC?
Empresas que querem investir por meio de CVC devem estar preparados para:
- Definir uma tese conectada à estratégia geral da companhia
- Criar uma estrutura de gestão e governança do fundo
- Alinhar internamente os objetivos com áreas de negócio e inovação
- Ter paciência: o retorno de CVC é de médio a longo prazo
- Estabelecer processos de integração e colaboração com startups
Como começar a implementar o CVC
Para o head de Investimento & Portfólio da Wayra Brasil e Vivo Ventures, a companhia precisa ter uma visão estratégica muito clara do que quer e onde ela quer chegar no futuro, em médio e a longo prazo.
“Isso pode partir de uma experiência da alta administração levando propostas para o Conselho de Administração. E aqui estou falando da estratégia de longo prazo da companhia em relação ao crescimento do core business, negócios adjacentes ou novos negócios, de forma orgânica ou inorgânica. Normalmente, são áreas de planejamento estratégico e Novos Negócios que estão discutindo constantemente o futuro da companhia”, ressalta Yoon.
A corporação pode contar ainda com a ajuda de consultorias estratégicas, para discutir e explorar quais são as possibilidades com mais potencial para a companhia.
“Existem muitas metodologias usadas para que as companhias observem dentro do core business, o que está na adjacência do negócio e o que poderia causar uma ruptura no negócio em que a empresa atua. Tem pontos de curto a longo prazo a serem avaliados”, reforça o head de Investimento & Portfólio.
Isso porque o venture capital também olha para necessidades de curto prazo, além do médio e longo prazo. “São investimentos pequenos que podem ser explorados para horizontes de inovação H1 e H2 (desenvolvimento de novos produtos ou serviços dentro do mercado adjacente) e H3 (criação de novos negócios)”, explica Yoon.
Em paralelo, há ainda o Mergers and Acquisitions (M&A), fusões e aquisições em tradução livre, que também trabalha com soluções próximas do core business ou das adjacências que podem ser compradas e investidas de forma mais agressiva para mudar a companhia.
Futuro do Corporate Venture Capital
O head de Investimento & Portfólio da Vivo e Wayra Brasil percebe um horizonte promissor para o CVC.
“O venture capital se provou como uma classe de ativo bastante rentável, mesmo não sendo aberta ao público. Normalmente são as startups que escolhem quem vai investir nela e não o contrário. No entanto, é uma modalidade que chegou para ficar. Cada vez mais há novos fundos surgindo, o tamanho deles está crescendo. As corporações também estão apostando mais nesse investimento”, pontua.
Para Yoon, o amadurecimento das corporações na estratégia tem beneficiado também as startups. “O que tem mudado bastante, hoje, é que as corporações estão muito mais maduras em relação à autonomia das startups. Muitas das corporates permitem que elas possam trabalhar com competidores, desde que não haja nenhum acordo de exclusividade. Além disso, startups que antes ficavam inseguras em se associarem a empresas mais tradicionais agora estão enxergando cada vez mais valor em CVC”.
As vantagens para as soluções envolvem desde a contribuição com expertise dos investidores para o negócio até a diminuição de custo de aquisição de clientes.
O Cubo como ponte entre CVCs e startups
No Cubo, acompanhamos de perto a jornada de empresas que criam seus próprios CVCs ou se conectam com startups para co-desenvolver soluções de impacto real.
Nosso ecossistema é um espaço privilegiado para:
- Testar parcerias com startups qualificadas
- Acessar novos mercados e tecnologias
- Entenda como estruturar e amadurecer iniciativas de CVC com apoio da comunidade
O CVC não é só uma ferramenta de investimento. É um instrumento estratégico que conecta inovação, cultura, novos negócios e impacto direto.
Antes de seguir, veja as dúvidas mais frequentes sobre Corporate V:
Qual a diferença entre Corporate V (CVC) e Venture Capital tradicional?
O Venture Capital tradicional é feito por fundos independentes que buscam retorno financeiro por meio de apostas em startups com alto potencial de retorno. Já o CVC é feito por corporações que buscam retorno estratégico e financeiro, investindo em startups que tenham sinergia com seus negócios.
CVC é o mesmo que Private Equity?
Não. O CVC investe em startups em crescimento, com foco em inovação. O Private Equity atua em empresas mais maduras, com foco em reestruturação, consolidação de mercado e alto retorno financeiro.
Qual é a diferença entre CVC, M&A, aceleradoras e incubadoras?
- CVC: investimento com foco estratégico e liberdade operacional da startup.
- M&A: aquisição total ou majoritária da empresa, com integração ao core business.
- Aceleradora: suporte inicial com mentorias, estrutura e networking, geralmente em troca de pequena participação.
- Incubadora: apoio técnico em estágios muito iniciais, com foco em P&D.
Como funciona o processo de investimento via CVC?
A empresa define uma tese de investimento, estrutura o fundo, seleciona startups com sinergia, realiza o aporte e acompanha o desenvolvimento do negócio, podendo ter ou não uma estratégia de saída (exit).
Quais áreas estratégicas mais atraem o CVC atualmente?
Inteligência Artificial, ESG e digitalização são os principais focos, por trazerem alto potencial de transformação e alinhamento com as demandas atuais do mercado.
Como startups podem se preparar para receber um aporte de CVC?
É importante mostrar sinergia com a tese da empresa investidora, ter boa estrutura de compliance e governança, e demonstrar maturidade para interagir com grandes corporações.
Toda empresa pode criar um CVC?
Em teoria, sim. Mas na prática, é mais comum em empresas que já possuem estrutura de inovação, planejamento estratégico de longo prazo e recursos para investir com visão de futuro.
O que o CVC traz de diferente para o ecossistema de inovação?
O CVC conecta grandes empresas ao dinamismo das startups, fomenta a inovação aberta e ajuda a escalar soluções com impacto real no mercado